Ponto de ônibus que matou jovem estava em risco há 2 anos em Aparecida, diz perícia
22 março 2023 às 17h01
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O laudo da Polícia Científica concluiu que o abrigo da parada de ônibus que ruiu no último dia 8 matando o servente de pedreiro Wellignton Oliveira, de 27 anos, em Aparecida de Goiânia, estava com “falha estrutural por perda de resistência”. O documento pontua que a base da estrutura de sustentava da laje de concreto, que pensa mais de uma tonelada, estava condenada desde 2021.
A última análise sobre a situação dos pontos de ônibus teria sido feita em 2022. Quando a Defesa Civil do município entregou um relatório completo sobre a precariedade das estruturas para 11 órgãos ligados ao transporte coletivo. Um dos endereços foi o gabinete do prefeito Vilmar Mariano (Patriota). A assinatura dando ciência do recebimento aconteceu em outubro do ano passado, ou seja, cinco meses antes da fatalidade com o jovem.
O laudo foi assinado pelo perito Celso Faria. De acordo com ele, o pilar principal do ponto estava totalmente comprometido. O profissional citou que até pela internet, via Google Street View, acessado em 2021, foi possível ver que um dos dois pilares já estava ruindo.
Após a negligência que vitimou Wellignton Oliveira, esmagado pela laje de concreto, a Secretaria de Infraestrutura e Obras de Aparecida (Seinfra) resolveu agir. Interditou alguns pontos com fita zebrada e retirou outros com risco de desabamento. Por outro lado, por enquanto, nenhum órgão quer se responsabilizar pela tragédia pré-anunciada.
Por meio de nota, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia transferiu a culpabilidade para o Consórcio Rede Mob, que é fiscalizado pela Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC). A gestão acrescentou que “esse tipo de abrigo de concreto não foi instalado pela prefeitura”. Mas não respondeu se poderia ou não vetar a instalação de uma estrutura de concreto ou fiscalizar a segurança da mesma.
Por sua vez, a CMTC citou que a manutenção, recolocação e instalação dos pontos de ônibus são de responsabilidade das prefeituras. “Cabe à CMTC, como órgão gestor, planejar a marcação de pontos e coordenar a instalação desses equipamentos, em atendimento à Política Nacional de Mobilidade Urbana”. Nenhum órgão mencionou o alerta da Defesa Civil sobre os riscos de queda dos pontos de ônibus.
Negligência
Enquanto não há responsabilização acerca dos pontos de ônibus, a Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia convidou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano Aldivo Araújo para esclarecimentos na sessão desta quinta-feira, 22. Os vereadores pretendem cobrar uma resposta sobre o caso dos pontos de ônibus, mas, a infraestrutura do município é de outra pasta, comandada pelo secretário Mário Vilela. O mais viável teria sido convidar o próprio prefeito Vilmar Mariano.