Governo federal estuda seis projetos de trens intercidades para transporte de passageiros

07 julho 2025 às 13h04

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O Ministério dos Transportes está conduzindo estudos para viabilizar seis projetos de trens intercidades voltados ao transporte de passageiros. As novas linhas ferroviárias devem conectar regiões metropolitanas a cidades do interior em três regiões do Brasil. Os trechos em análise são: Brasília (DF) – Luziânia (GO); Londrina (PR) – Maringá (PR); Pelotas (RS) – Rio Grande (RS); Feira de Santana (BA) – Salvador (BA); Fortaleza (CE) – Sobral (CE); e São Luís (MA) – Itapecuru Mirim (MA).
O tão aguardado trem de passageiros que ligará Luziânia (GO) a Brasília (DF) pode, enfim, sair do papel. Segundo o secretário do Entorno, Pábio Mossoró, o projeto ganhou novo fôlego com a previsão de audiências públicas em agosto deste ano. A iniciativa foi discutida em reunião recente no Ministério dos Transportes, com articulação direta do próprio Mossoró.
Ele explicou à reportagem que a região do Entorno do Distrito Federal foi contemplada no plano nacional de investimentos em malhas ferroviárias voltado para grandes centros urbanos, coordenado pela Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário.
“A nossa região, aqui do Entorno, a região metropolitana de Brasília, foi incluída nesse plano, com o trecho que vai de Luziânia e Valparaíso até o Distrito Federal”, afirmou.
De acordo com Mossoró, os primeiros passos já foram dados. “O Ministério dos Transportes já contratou a Infra S.A. para realizar os estudos de viabilidade do projeto. A ideia é fazer esses levantamentos técnicos e apresentar os resultados aos municípios contemplados. No caso de Goiás, são Valparaíso e Luziânia, além do Distrito Federal”, disse.
Segundo a pasta federal, a proposta é aproveitar a malha ferroviária já existente, embora os trechos exatos ainda não estejam definidos. Essa delimitação dependerá da conclusão dos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, que estão sendo conduzidos pela estatal Infra S.A. A empresa é responsável pela contratação, acompanhamento e aprovação dos projetos.
Entre os pontos analisados estão o traçado ideal das linhas, tempo de viagem, número de paradas, velocidade média, capacidade de passageiros e os serviços que poderão ser ofertados a bordo. Ainda não há estimativa para o início da operação, tampouco foi definido o valor das passagens. O Ministério dos Transportes informou que a definição de um preço acessível à população é “um dos pontos essenciais” dos estudos em andamento.
Os investimentos nos projetos serão realizados por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). A pasta esclareceu que as linhas estão incluídas no programa “de forma geral”, mas sem previsão orçamentária específica até o momento. Questionado sobre eventuais parcerias público-privadas (PPPs), o ministério não se pronunciou.
Atualmente, o Brasil conta com apenas duas linhas regulares de longa distância para passageiros: a que liga Cariacica (ES) a Belo Horizonte (MG), com 905 km de extensão, e a que vai de São Luís (MA) a Parauapebas (PA), com 892 km. Ambas são operadas pela mineradora Vale.
Austrália testa trem elétrico com “autonomia infinita”
Enquanto o Brasil estuda ampliar sua malha ferroviária para passageiros, a Austrália avança em inovações no setor. A mineradora Fortescue, por meio de sua divisão Fortescue Zero, está testando um trem de carga totalmente elétrico capaz de recarregar suas baterias durante a viagem, sem a necessidade de infraestrutura externa de recarga.

O chamado “Trem Infinito” está sendo desenvolvido desde 2022 em parceria com a Williams Advanced Engineering, empresa especializada em baterias que foi adquirida pela Fortescue. O sistema se baseia na tecnologia de frenagem regenerativa, que transforma a energia gerada na descida do trem carregado em eletricidade suficiente para o trajeto de volta, vazio.
O modelo é projetado para operar na rota de 1.100 km entre as minas de Pilbara e o porto de Perth, que possui uma inclinação de 600 metros – essencial para o funcionamento do sistema de regeneração. Atualmente, a Fortescue opera com 16 trens e mais de 50 locomotivas a diesel, mas tem o objetivo de substituir toda a frota até 2030, tornando-se uma empresa neutra em emissões de carbono.
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