Trindade celebra 102 anos de trajetória marcada pela fé e progresso
31 agosto 2022 às 12h26
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A cidade de Trindade comemora 102 anos – nesta quarta-feira, 31 – de uma trajetória marcada pela devoção e progresso. Nesse período, o município totaliza 17.334 empresas ativas. Desde 2021 até julho deste ano os cursos de qualificação profissional calculam 7.241 vagas preenchidas.
Segundo informações do prefeito Marden Júnior (Patriota), a cidade conta com 25 novas empresas em funcionamento nos polos industriais, e 41 em construção. Os investimentos previstos são de R$ 192 milhões e a prefeitura planeja a criação de 3 mil oportunidades de trabalho em três anos.
No total, só na área da Saúde, os repasses da gestão do governador Ronaldo Caiado (UB) superaram R$ 21 milhões para o município. Parte destes recursos foram aplicados no Hospital Estadual de Trindade Walda Ferreira Santos (Hetrin), que passou a contar com leitos de UTI, e Vila São José Bento Cottolengo, esta última por meio de convênio.
E para celebrar todas essas conquistas, a Prefeitura de Trindade organizou programação especial para festejar com os trindadenses. Os eventos, entre missas e desfiles, iniciaram às 8 da manhã. A programação iniciou com Missa em Ação de Graças na Igreja Matriz, na Praça do Santuário, no centro da cidade. Ás 9h, aconteceu o desfile cívico-militar no Santuário Basílica do Divino Pai Eterno.
O desfile teve a participação do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar (PM) e Civil (PC), pelotões da cultura, assistência social e infra-estrutura. Além das entidades, estudantes de escolas municipais e colégios militares também participaram do evento.
O desfile seguiu pela cidade, passando pela Avenida Irani Ferreira, parando na Igreja Matriz, onde será montado um palco com autoridades, para o tradicional parabéns em homenagem à cidade. O ponto final do desfile ocorreu na Praça da Cadeia.
A cidade comemora seus 102 anos, oficializados no dia 31 de agosto, data em que o município de Trindade foi desmembrado do município de Campinas.
Devoção ao Divino Pai Eterno
No início do século XIX, com o declínio do ouro em Goiás, a população local precisou se voltar a outros meios de sobrevivência, dentre os quais se destacaram a agricultura e pecuária. À época, Trindade pertencia ao Distrito de Santa Cruz e passou a ter certa importância socioeconômica para Goiás. Isso porque a região se tornou ponto de intercâmbio de tropeiros, carreiros e boiadeiros. Entre as diversas pessoas que passaram pela região, a figura de um casal foi determinante para o surgimento e reconhecimento da cidade como capital da fé.
A tradição conta que, por volta de 1830, Seu Constantino Xavier e dona Ana Rosa, lavradores mineiros, saíram do Estado de origem rumo ao povoado de Barro Alto. O casal, então, passou a viver em uma região onde havia um córrego de água salobra e barro escuro nas margens.
Foi neste córrego que, cerca de 10 anos depois, que os agricultores mineiros encontraram um pequeno medalhão com a imagem da Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria.
A partir de então, amigos, familiares de amigos e vizinhos passaram a se reunir para rezar o terço em louvor e devoção ao Divino Pai Eterno. Inicialmente, os encontros eram realizados na casa de Constantino e Ana Rosa. No entanto, a fé atraiu um número cada vez maior de pessoas e a residência do casal passou a não suportar tantos devotos.
Assim, por volta de 1848, os mineiros resolveram construir uma pequena capela. O quantitativo de pessoas continuou crescendo espantosamente. A procura à Santíssima Trindade foi tanta que Constantino decidiu retocar a imagem. Conforme conta a tradição, o homem encomendou uma réplica maior da imagem do medalhão encontrado.
O responsável pela obra esculpida em madeira foi o artista renomado José Joaquim Veiga Valle, residente em Pirenópolis. Constantino foi o indicado para buscar a obra e pagar o autor. O que ele não esperava, porém, é que o dinheiro levado não fosse suficiente para pagar pelo serviço. A saída foi deixar o cavalo como complemento do pagamento. Com a obra, o homem saiu de Pirenópolis a pé e caminhou até Barro Alto, onde fora recebido por moradores do local. E assim surgiu também o motivo da peregrinação anual ao Santuário.
Cada vez mais a fé e devoção cresceram e atraíram novas pessoas, pequenos comércios, novos moradores e novos turistas. Assim, ao longo dos anos, o povoado foi se desenvolvendo física e economicamente até se tornar Trindade, a cidade do Divino Pai Eterno, em 1920.
Emancipação
Em 1901, Dom Eduardo determinou a transferência da romaria do Barro Preto para Campininhas. Naquele mesmo ano, a Festa passou do primeiro domingo de julho, para o dia 15 de agosto, permitindo, assim, que a data coincidisse com a inauguração da Igreja Matriz de Campinas. Praticamente só os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Conceição participaram da Festa. A maior parte do povo e as autoridades civis e eclesiásticas não viram com bons olhos a mudança proposta por Dom Eduardo.
As dificuldades enfrentadas nas romarias que se sucederam sem a presença dos religiosos fizeram com que os fiéis percebessem a necessidade da presença da Igreja. Com o pedido de perdão dos revoltosos e a garantia de que tudo seguiria de forma ordeira, o bispo de Goiás voltou em 1904 a realizar o evento com a presença dos redentoristas em Trindade. Ligado diretamente a Campinas, que é elevada à categoria de município em 1907, o arraial de Barro Preto – por força da Lei Municipal nº 5, de 12 de março de 1909 – passa a se chamar Trindade. Somente em 1927, por meio da Lei Estadual nº 825, de 20 de junho, sua sede é elevada à categoria de cidade.