Goiânia recebe líderes de movimentos da luta pela democracia

20 junho 2023 às 19h51

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A capital de Goiás recebe neste início de semana lideranças de movimentos sociais que têm em comum a luta pela democracia. A ideia é construir novos caminhos democráticos por meio de um desenvolvimento justo e sustentável de uma forma pluripartidária. “Ver isso acontecer aqui em Goiânia renova a confiança de que retomar essa trilha é possível no Brasil”, avaliou o fundador e diretor do Instituto Sou da Paz, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e do Instituto Overmundo, José Marcelo Zacchi.
Além dele, estão em Goiânia para a reunião do Núcleo Ypykuéra de Cidadania e Políticas Públicas, o líder da Coalizão Negra por Direitos, do Movimento Negro Unificado (MNU) e da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Wesley Teixeira; e o pastor Ariovaldo Ramos, líder da Comunidade Cristã Renovada e fundador e coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito que foi conselheiro de Luís Inácio Lula da Silva durante a campanha para presidente.
Quem recepcionou na capital as lideranças nacionais foi a vereadora Aava Santiago (PSDB). E José Marcelo se mostrou satisfeito tanto com os diálogos quanto pelos testemunhos. “Não só o Estado de Goiás, mas todo o Centro-Oeste, se tornou nos últimos anos um bastião conservador. Não só aqui, mas em todo o país, uma parcela grande da população tem se deixado atrair por outros valores”, afirmou o diretor do Instituto Sou da Paz. Para ele, é importante fortalecer os atores e forças vivas que criam projetos e propões soluções para os problemas sociais.
Para José Marcelo, a iniciativa visa “recuperar algo cuja a perda custou muito caro para o Brasil”. “Se a gente ler a Constituição brasileira de 88, ali se anuncia um país que tem como um dos objetivos principais enfrentar a pobreza e as desigualdades sociais, proteger e valorizar o meio ambiente e garantir democracia e direitos humanos para toda a população. Esses são os objetivos comuns de toda a nação brasileira”, destacou.
Movimento pluripartidarista
No Núcleo Ypykuéra, a diversidade é bem-vinda. “Aqui as pessoas não precisam ser iguais entre si, mas compartilham os valores democráticos”, avisou José Marcelo. Segundo ele, a ideia é “reunir, no sentido etimológico, reconectar pessoas e forças políticas e sociais que compartilham desses valores democráticos é fundamental”. E a importância disso aumenta porque existes forças políticas antidemocráticas, incapaz de conviver na diferença, na visão do diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
E ao dialogar com os diferentes setores, o pluripartidarismo é fundamental. “Desde os partidos mais à esquerda até os partidos de centro que estão comprometidos com uma agenda democrática, constitucional e progressista”, detalhou Wesley Teixeira. E segundo o do Movimento Negro Unificado, a escolha de Goiânia – na visão dele, uma das capitais mais conservadores do país – para o pontapé inicial das reuniões do Núcleo foi para sinalizar de que a ideia é dialogar com todos.

As reunião tem o objetivo de impulsionar candidaturas de líderes que compartilham ideais democráticos já para as próximas eleições. “A gente precisa aumentar a visibilidade, trocar metodologia e financiamento”, comentou Wesley. Para ele, os partidos políticos precisam também assumir o compromisso de ter pessoas influentes que conversam e trocam experiências.
Estrategicamente, as eleições municipais serão um termômetro capaz de apontar para que o rumo o Brasil está seguindo. “O jogo está começando. A gente ganhou a presidência, mas tem um dos piores Congressos possíveis”, disse o líder da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
Inclusão dos evangélicos
Já o pastor Ariovaldo acredita que Lula precisa dialogar com a comunidade evangélica para conquistar esse público. “O Brasil é um Estado laico, mas uma nação religiosa. E os evangélicos são hoje a religião mais bem organizada e difundida no país com a probabilidade de se tornar a maioria da população a partir de 2025”, alertou.

Para o líder religioso, se qualquer governo deixa de conversar com os evangélicos, para de falar com metade dos brasileiros. E isso torna inviável, segundo ele, qualquer projeto político que busque ser vitorioso nas eleições. “Todo o trabalho que a gente fez desde 2016 foi tentar dizer para os políticos de esquerda que o grupo evangélico é fragmentado e que o diálogo era possível”, explicou.
A vereadora Aava Santiago concordou com o pastor e destacou que por muitos anos os evangélicos foram menosprezados no debate político. “Quando você diz que o crente é alienado, você está dizendo que a mulher periférica não sabe escolher o Deus que ela quer seguir. Quando você diz que o crente é burro, você está dizendo que falta estudo, falta leitura. É um problema de classe, de raça e de território”, criticou a parlamentar, se referindo ao elitismo esquerdista.