Extração de gás, tratamento de chorume e lixo zero: veja propostas de Mabel para aterro sanitário

08 julho 2025 às 12h20

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Em colaboração com Fabrício Vera
Representantes da Prefeitura de Goiânia devem reunir novamente nesta próxima quinta-feira, 9, para trabalhar em um planos de recuperação do Aterro Sanitário de Goiânia em conjunto com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), do Governo de Goiás. O encontro segue uma reunião desta última segunda-feira, 7, em que o prefeito Sandro Mabel (UB) e a Andréa Vulcanis, titular da Semad, se debruçaram sobre o tema para encontrar uma solução em três vertentes: o atendimento de demandas urgentes e recuperação do aterro, a viabilização do licenciamento ambiental e o futuro funcionamento da região.
Em entrevista ao Jornal Opção, Sandro Mabel afirmou que a meta para a administração para o aterro é de uma gestão que consiga reaproveitar quase todos os materiais e os resíduos que são encaminhados para a região, uma política de “Lixo Zero”, como afirmou durante a reunião com os representantes. Além disso, reiterou em entrevista nesta terça-feira, 8, que possui um prazo de até o final de 2025 para modernizar a estrutura da região, seguindo a Lei Complementar Nº 196, de 2024 que dispõem de prazos finais para os municípios regularizarem dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Para isso, disse que desde o início do mandato investe em melhorias e readequações que já foram apontadas pela Semad como demandas para a gestão. “Eu tenho ido ao aterro e tenho levado o meu pessoal junto. O aterro não tem cheiro, ele está bem coberto e não tem mosca. O aterro está bem arrumado”, disse.
Por causa das divergências, os órgãos concordaram em fazer uma nova vistoria técnica para atestar os investimentos da Prefeitura no local. O Paço diz que a última vistoria feita pela Semad, no início de 2025, está defasada e que uma nova visita poderia render uma discussão mais produtiva do aterro.
A Prefeitura usa como base para a segurança do projeto um estudo técnico promovido pelo Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), entidade responsável por conceder consultoria técnica e levantamento de dados. O documento aponta que a manutenção em conjunto com as melhorias propostas pelo Paço podem viabilizar o funcionamento do local dentro das regulações da Semad.
Modernizações do Aterro
Para além da manutenção, Sandro Mabel afirma que já têm um plano para iniciar a modernização do local pela compra de um equipamento que deve tratar o chorume produzido pelos resíduos. “Nós compramos um equipamento que trata 300 mil litros de chorume por dia, que é o dobro do que se necessita. [Esse equipamento] pega o chorume e transforma em água desmineralizada.”
O chorume é um subproduto da decomposição orgânica junto com outros materiais tóxicos, o contato constante com o solo pode levar a poluição e a contaminação dos lençois freáticos. Esse risco é apontado como existente pelo relatório da Semad acerca do Aterro de Goiânia. Sobre isso, a Prefeitura articula que o aterro já é impermeabilizado e o chorume coletado é processado na Estação de Tratamento de Água da Saneago seguindo uma parceria com a empresa. “Nós colocamos o chorume atual na estação de tratamento da Saneago por causa de um uma uma substância que a gente não consegue tirar do nosso tratamento.”
Outro risco apontado pela pasta é o vazamento de gás butano que tem alto potencial inflamável. De acordo com o último relatório da pasta, as chaminés de coleta do gás não estariam funcionando, o que representaria um risco para a população que mora nos arredores. Em resposta, Mabel afirmou que as chaminés funcionam desde que entrou na gestão e planejam a coleta do gás para produzir combustíveis naturais. “A secretária Vulcanis me deu autorização para negociar a entrada de uma empresa para fazer a extração do gás comercialmente. Hoje eu queimo esse gás; queimamos o dinheiro lá. Então, eu vou colocar uma empresa para extrair o produto e nos pagar de volta.”
Investimentos nas melhorias
Em conjunto com a equipe de Mabel, o vereador Lucas Kitão (UB) integrou a roda de conversa para representar a Câmara Municipal nas tratativas. Segundo o parlamentar afirmou ao Jornal Opção, a gestão consegue apresentar as mudanças e fazer as melhorias no aterro seguindo um plano de trabalho.
Além disso, confirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) compõem um estudo para investir nas chamadas Microrregiões de Saneamento Básico — instituída por Lei Estadual em 2023 e regulamentada em setembro de 2024. “A gente tá falando de projetos futuros que demandam uns quatro a cinco anos de estruturação, de estudo, de investimento, de custo caro. Precisamos buscar parcerias e a secretária [Andréa] detalhou que o BNDES está fazendo um estudo para investir nas rotas tecnológicas dos resíduos.”
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