Não adianta culpar os pais. Não adianta culpar a escola. Não adianta culpar nem o próprio governo. A luta contra os ataques às escolas começa cortando o mal pela raiz.

No caso específico, a raiz de todo o mal está na comunicação entre pessoas com desejos mórbidos e/ou criminosos, facilitada cada vez mais por meio das redes sociais e negligenciada por quem em primeira instância deveria reprimi-la: obviamente, os proprietários das megacorporações que controlam bilhões de usuários.

Então, sim, a morte de cada pessoa por “crimes de contágio” pode ser debitada na conta do Twitter, do Google, da Meta (que controla Instagram, Facebook e WhatsApp), Tik Tok etc.

Se a ligação entre uma coisa e outra parece um tanto distante, o exemplo dado nesta semana por uma advogada do Twitter vai torná-la muito mais tangível.

Em reunião proposta pelo Ministério da Justiça com representantes das redes sociais na terça-feira, 11, para debater ações contra ataques a escolas, a representante legal da empresa de Elon Musk chegou a dizer que um perfil com foto de assassinos de crianças não faria apologia ao crime.

A posição da advogada teria causado até mesmo nos representantes das outras redes sociais. E a defensora do Twitter foi ainda além: alegou que o uso da foto não contraria os termos de uso da rede.

Ou seja, aparentemente o Twitter é uma rede social aberta a cultuar homicidas. O problema é que talvez seja apenas a rede mais descarada ao expor a falta de escrúpulos.

Liberdade de expressão não pode ser liberdade para cometimento de crimes nem para formação de quadrilhas digitais. E o Estado constituído – não apenas o governo, ressalte-se – precisa tomar as devidas providências contra os conglomerados bilionários que se portam assim.