Pelé é o quarto melhor jogador da história? Papo furado. Sua genialidade é incomparável
12 outubro 2022 às 13h38
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A revista inglesa “Fourfourtwo” listou os 100 “melhores” jogadores de futebol da história na segunda-feira, 10.
A lista dividiu opiniões em todo o mundo, sobretudo porque coloca o brasileiro Pelé, o Rei do Futebol, em quarto lugar e o argentino Lionel Messi em primeiro. O argentino Maradona e o português Cristiano Ronaldo estão em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Por que não mencionaram o grande jogador moçambicano-português Euzébio entre os cinco melhores? Ah, sim, como Pelé, ele é negro…
A versão 2022 da lista é uma revisão da que foi publicada pela revista em 2017, na qual outro argentino, Maradona, ficou em primeiro lugar e Pelé em terceiro. Portanto, o craque do Santos e da Seleção Brasileira caiu uma posição. A lista atual mostra que Messi e Maradona trocaram de lugar. No top 10 de 2022 ainda aparece o brasileiro Ronaldo Fenômeno na décima posição, a mesma de cinco anos atrás.
Logo em seguida vem três craques brasileiros: na 14ª posição está Zico, o gênio do Flamengo; em 15º está Garrincha (brilhou no Botafogo e na Seleção), o craque das pernas tortas e autor de dribles desconcertantes (consta que os deuses do Olimpo, como Ajax, “moravam” em suas pernas); e em 18º lugar figura Romário. Depois de Pelé, são os brasileiros mais bem colocados. Há muitos outros nomes de brasileiros, no entanto. Neymar, o melhor jogador brasileiro há pelo menos duas copas, não aparece na lista. Nem Messi, se ouvido, concordaria com isto.
Como na edição de 2017, que trouxe Maradona em primeiro e Pelé em terceiro, a polêmica se reacende novamente. Pelé foi realmente inferior aos dois argentinos? Messi é melhor que o Rei? Urge fazer algumas comparações.
Messi, jogador de clube e não de seleção?
Messi começou a jogar profissionalmente aos 16 anos de idade, somando no momento 19 anos de carreira, quase todos pelo mesmo clube, o Barcelona da Espanha. Nesse período, o camisa 10 já jogou quatro Copas do Mundo; no entanto, nunca ganhou um mundial e, sobretudo, não brilhou em nenhuma deles. O craque, que marcou quase 800 gols, levantou o troféu da liga dos campeões por cinco vezes.
Ao todo são 35 títulos pelo Barcelona. Sua primeira participação em Copa do Mundo foi em 2006, aos 19 anos de idade. A Copa do Catar será a quinta participação do craque. Pela Seleção Argentina, Messi já marcou 90 gols em 165 partidas e pelo Barcelona foram 778 jogos, com 672 gols. Em 989 partidas, Messi marcou 781 gols. Permanece jogando, até bem, mas está quase no fim da carreira.
Com quase 36 anos de idade, Messi terá, no Catar, a última chance de mostrar ao mundo que é mesmo um jogador de seleção, e não apenas de clube. Há exatamente um ano, o argentino de Rosário, de 1,70m, defende o Paris Saint-Germain. No clube francês entrou em campo 47 vezes e marcou 19 gols. O jogador coleciona sete bolas de ouro, ou seja, foi eleito o melhor do mundo. Sendo a última em 2021
Pelé, jogador de clube e seleção?
Pelé, mais conhecido como Rei Pelé, encantou o mundo com seus dribles, passes, milhares de golaços e sua inteligência privilegiada (tinha uma visão excepcional do jogo, como se estivesse não no e, sim, fora do campo). Já foi designado Embaixador Mundial do Futebol e foi eleito o atleta do século. Levou o Santos Futebol Clube, pelo qual jogou por mais de duas décadas, a conquistar mais de quarenta títulos. No seu tempo, o Santos era “o” time, e não “um” time.
Sua primeira participação como jogador profissional no Santos foi aos 15 anos de idade e na Seleção Brasileira aos 16 anos, justamente em um jogo contra a Argentina de Messi (que, claro, ainda não havia nascido), na Copa Rocca, onde marcou seu primeiro gol pela seleção.
Sua carreira durou 21 anos. No Santos foram 18 anos e mais três anos pelo Cosmos, time americano. No time paulista Pelé jogou 1116 partidas e fez 1091 gols, já pelo Cosmos foram 65 tentos em 108 jogos. O mineiro Edson Arantes do Nascimento, com quase 82 anos (completa no dia 23 de outubro), marcou 95 vezes pela seleção em 114 partidas. No total, é autor de 1282 gols, em 1366 partidas oficiais.
O craque disputou quatro copas consecutivas, entre 1958 e 1970, e só não foi campeão em 1966. São três títulos mundiais e, até hoje, é o único a conseguir o feito. Ele ainda é o jogador mais novo — com 17 anos — a vencer uma Copa do Mundo, em 1958 na Suécia e, de quebra, foi o artilheiro do Brasil, com seis gols. Ocasião em que os franceses lhe deram o apelido de “o Rei do Futebol”. Curvaram-se ante seu imenso talento. Como curvam-se até hoje todos que realmente entendem de futebol e pensaram para além do momento, do presente.
Muitos perguntam: por que Pelé nunca ganhou uma bola de ouro? A explicação é que o prêmio, criado no fim da década de 50 pela revista francesa “France Football”, só era concedido a jogadores europeus ou naturalizados. A revista era eurocêntrica.
Como era brasileiro nato, Pelé foi preterido, mesmo encantando o mundo com seu futebol. Entretanto, em 2016, a “France Football” lança uma lista revisada. A revista diz corrigir um erro do passado em relação ao Rei do Futebol. Ela declara que, até aquele momento, o maior vencedor da bola de ouro seria Pelé. De acordo com a publicação, o Rei teria vencido por sete vezes, em 1958, 1959,1960, 1961,1963, 1964 e 1970. Portanto, empatado com Messi.
Para o ex-meia Lindomar, que brilhou com a camisa do Atlético Goianiense em 2007 e 2008, a lista é absurda. “Pelé foi e ainda é o melhor de todos os tempos. Se jogasse hoje, faria no mínimo uns 2 mil gols e ganharia todas as Champions League que disputasse”, afirma. Baltazar, ex-jogador goiano com passagens por vários clubes brasileiros e europeus (foi artilheiro no Barcelona), é enfático: “Não concordo, pois eles analisam apenas o presente, não levam em consideração o que cada um fez em sua época — em sua equipe e pela seleção. É claro que Pelé fez mais”.
Abordado sobre o assunto no programa SBT Arena, o técnico da Seleção Brasileira, Tite, fez duras críticas à revista inglesa: “Absurdo, absurdo, não analisaram historicamente toda a excepcionalidade física e técnica. Ele batia com as duas pernas, era bom de cabeça, é só olhar os vídeos de Pelé. Pelé é incomparável. Qualquer comparação que se faça a Pelé, é de um nível de inteligência muito baixo, muito raso”.
Messi treme na seleção; Pelé não tremia
Há duas diferenças básicas entre Pelé e Messi. Primeiro, Pelé jogava com excelência nos clubes e na Seleção Brasileira. Messi joga bem, com excelência, apenas em clubes, como o Barcelona, onde parece se sentir acolhido. Segundo, mesmo acossado por beques e zagueiros, que eram extremamente violentos, o brasileiro nunca tremeu. Messi, pelo contrário, parece tremer, ao menos em jogos da Copa do Mundo.
Messi é um grande jogador, não há dúvida. Mas não chega perto da genialidade de Pelé. Por isso, o brasileiro é Rei e o argentino é, no máximo, duque.
E a revista “Fourfourtwo”? Ora, que vá se “Catar” ou “Qatar”!…
*Cilas Gontijo é estagiário do Jornal Opção em convênio com a UniAraguaia, sob a supervisão do editor PH Mota.