Durante a última semana, a nadadora artística italiana Linda Cerruti sofreu inúmeros ataques sexistas depois de postar uma foto com as suas medalhas no Instagram. Comentários ofensivos como “A medalha mais importante é aquela entre as pernas” e “Venha, eu vou te mostrar a sala de medalhas” foram frequentes na foto que circulou na internet. A situação chegou em um ponto no qual a atleta de 28 anos fez um outro post para expor as mensagens e falar sobre a situação.

“Há dois dias compartilhei uma fotografia tirada na praia onde sempre fui, onde cultivei os meus primeiros sonhos e que para mim também tem um forte valor simbólico. A foto me mostra em uma pose artística, típica do meu esporte, de cabeça para baixo e dividida, com as oito medalhas conquistadas naquele que é o melhor campeonato europeu da minha carreira”, disse Cerruti, que já participou de duas Olimpíadas, no Rio-2016 e Tóquio-2020, nas categorias em dupla e por equipes. “Depois de mais de 20 anos de treino e sacrifício, acho nada menos que vergonha e dói muito no meu coração ler essa horda de pessoas fazendo piadas que sexualizam meu corpo”, completou a nadadora.

As oito medalhas conquistadas por Cerruti, sendo seis de prata e duas de bronze, vieram do Campeonato Europeu de Esportes Aquáticos, realizado em Roma neste mês. No qual ela considerou como a sua melhor performance em um campeonato desde que iniciou a sua carreira em 2000.

Nadadora desde criança, ela também contou que a sua entrada no esporte foi por acaso, em uma entrevista para a Federação Internacional de Natação (Fina). “Aconteceu por acidente. Depois de aprender a nadar aos seis anos, começou um curso de nado sincronizado. A ideia de dançar na água era uma emoção para mim”, explicou Linda.

Apesar de ter uma carreira com 27 medalhas em competições de alto nível e participações em Jogos Olímpicos, a atleta também passou por momentos ruins na carreira e quase desistiu na adolescência. “Aos 14 anos, todos os meus amigos foram convocados para os campos de treinamento nacionais, mas eu não. Treinei todas aquelas horas, mas não fui com meus amigos. Pensei comigo mesma: ‘Por que eu faço isso?”, conta. Apesar dos percalços, ela não desistiu e aos 16 anos começou a competir em torneios internacionais.

Mesmo sem ter conquistado o lugar mais alto do pódio, a italiana possui duas medalhas de prata e duas de bronze em Mundiais; além de nove pratas e quinze bronzes em campeonatos europeus. Fora que ficou duas vezes em sexto lugar nas duplas femininas e conseguiu a quinta colocação em duas ocasiões na categoria por equipes durante os Jogos Olímpicos.