Rogério Cruz reconhece que a eleição e a forma com que ele assumiu o Paço mexeu com as peças do tabuleiro político em Goiás e os reflexos serão sentidos em 2022

Há mais de 100 dias à frente da gestão de Goiânia, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) diz sentir orgulho de ser o primeiro homem negro a comandar o Paço, fato que, por si só, já o coloca na história política da capital e do Estado. No entanto, ele demonstra foco em imprimir ritmo e marcas na gestão da Prefeitura.
Apesar do rompimento com a ala do MDB ligada a Daniel Vilela, o prefeito reafirma que seguirá o plano de governo que elegeu a chapa que era encabeçada por Maguito Vilela — que morreu em janeiro deste ano em decorrência da Covid-19.

Natural de Duque de Caxias (RJ), Rogério Oliveira da Cruz é torcedor do Fluminense, radialista e pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Dono de uma fala simples e direta, é quase imperceptível o sotaque carioca. Antes de se tornar prefeito de Goiânia, Rogério Cruz morou na África por 16 anos, onde participou de ações humanitárias e sociais. Também foi vereador em Goiânia por dois mandatos. Estas são as experiências que ele demonstra que vão ditar os rumos de sua gestão à frente do Paço. O prefeito afirma conhecer bem Goiânia e suas demandas e tem nas políticas sociais sua prioridade. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, concedida na sexta-feira, 16, o gestor municipal traçou o perfil que deseja para sua administração.

Patrícia Moraes Machado:  Prefeito, qual seu sentimento por ser o primeiro homem negro a ocupar o cargo de prefeito  de Goiânia? Isso te traz mais responsabilidade?
Isso eu falo com prazer. Ser o primeiro negro a assumir a Prefeitura de Goiânia é muito importante. É uma valorização. Não vejo nenhuma diferença, se for branco, negro, claro ou escuro, assumir uma gestão como essa. Qualquer um pode fazer isso. Eu acho que é uma questão de tempo ou determinação. Sinto sim responsável a partir do momento que fui eleito para isso, como vice, mas acontecendo o que aconteceu com o prefeito Maguito, automaticamente, assumi a Prefeitura. Isso foi automático. Fui eleito a vice-prefeito e logo em seguida aconteceu isso (a morte do Maguito) e eu assumi a Prefeitura de Goiânia. Isso me da responsabilidades não por causa de ser negro, ou careca, ou barrigudo. Isso não faz diferença. Mas acho que é dever de todo gestor mostrar trabalho e respeito a toda sociedade.

Patrícia Moraes Machado:  O senhor considera que o Brasil, mesmo com toda sua herança histórica, o cidadão negro ainda sofre as consequências de sua cor?
Eu tive a oportunidade de morar fora do Brasil por 16 anos. Morei na África por 16 anos. Morei em Angola, Moçambique e África do Sul. E percebi uma coisa muito importante: na verdade o grande preconceito não vem só dos brancos com os negros. O preconceito também vem de alguns próprios negros –  poucos mais vem. É a questão da auto-inferioridade. Essa é uma questão ruim. infelizmente no Brasil, após retornar da África, começamos a perceber que tinha isso também.

Essa questão de auto-inferioridade do negro tem que acabar. O negro é negro. O branco é branco. O pardo é pardo. O loiro é loiro. Todos têm a mesma condição e mesma capacidade. O que precisamos entender é que cor e raça não leva ninguém a lugar algum. É a pessoa que vai. Não é a cor da pessoa. É o sentimento, a alma, o coração da pessoa e o conhecimento que ela busca que leva ela onde ela deseja ir.

“A primeira marca será a transparência. Em segundo será a marca do social”

Eu nasci e cresci em lugares pobres. Meus pais nunca tiveram a condição, como muitos tem. Meu pai era um trabalhador e minha mãe era doméstica. Minha mãe passava roupa para marinheiros no Rio de Janeiro. Meu pai era carpinteiro. Eu cresci e estudei – meu pai, graças a Deus conseguiu pagar estudos para mim. Estudei uma parte em escola particular e outra parte em escola estadual, no Rio de Janeiro. Em seguida fui para São Paulo, fiquei por 15 anos. Depois fui para Bahia, onde fiz vários cursos. Depois fui para Fortaleza, onde iniciei curso de Administração, em seguida fui para África, onde concluí Administração. Voltei para o Brasil, fiz Gestão Pública e entrei para política. Então, eu acho que a pessoa tem que buscar o conhecimento que ela deseja. A pessoa, a partir do momento que ela tem o foco do que ela quer ser ou do que ela deseja fazer, ela busca a direção e o caminho certo. Eu acredito que busquei o caminho certo, por isso estamos aqui hoje na Prefeitura de Goiânia, sendo o gestor de uma cidade com quase 1,6 milhões de habitantes. Independente da cor. 

Patrícia Moraes Machado:  Maguito Vilela sempre teve um perfil mais social e de equilíbrio. O senhor também tem esse perfil que busca mais a conversa e menos o conflito?
Sempre foi. Continuará sendo. A política não muda o homem. A política não muda a pessoa. Temos condições de trabalhar de forma diferente, na maneira de agir, na maneira de pensar, na maneira de dialogar… Eu nem gosto muito de usar a palavra “discutir” porque parece que já é uma questão de briga. Mas acredito que a palavra dialogar é mais correta para homens públicos, na verdade, para qualquer pessoa que deseja o bem de outras. 

Marcos Aurélio: Por esse ponto de vista, daqui a quatro anos, quando o senhor olhar para trás, o senhor pretende ver que marca que foi deixada pela sua gestão?
A primeira marca será a transparência. Em segundo a marca do social. Eu gosto muito do social. Gosto muito de estar com pessoas. Eu gosto de estar ao lado daqueles que precisam. Eu fico feliz de poder ajudar aos que mais precisam. Eu gosto de colaborar com aqueles que não tem muito para si próprio. Enquanto estiver ao meu alcance eu estarei fazendo isso, independente de quem seja a pessoa, independente do crédulo, independente da raça, independente da etnia da pessoa. Ajudar é algo que marca muito a mim e a minha esposa. Sempre trabalhamos nisso, desde muito tempo, mas quando fomos à África isso nos marcou ainda mais. Mesmo no Brasil já fazíamos trabalhos sociais, mas chegando na África a visão mudou. O direcionamento de como pensar no todo das pessoas, de uma forma geral, mudou muito a visão. Começamos a ver de perto a verdadeira necessidade e o que é a necessidade verdadeira. Nós trouxemos isso conosco. Trouxemos dentro de nós. Hoje estamos fazendo o que mais gostamos, que é cuidar de pessoas. 

Patrícia Moraes Machado:  O senhor acha que as políticas sociais empregadas pelo PT no Brasil são o caminho? Ou é preciso modificar o pensamento em relação à política social?
Cada partido tem uma linha a seguir. Cada partido tem a sua característica. O Republicanos traz também essa característica de trazer o cuidado para as pessoas e se preocupar com a saúde e educação, e se preocupar, acima de tudo, com o cuidado da vida das pessoas. Hoje vivemos isso em todo mundo que é a questão da pandemia.

Desde quando assumi a Prefeitura, em janeiro, mesmo estando como interino, eu demonstrei essa preocupação. Quando o nosso secretário de Saúde tomou posse, a primeira coisa que eu falei para ele foi foi para ver a situação da saúde das pessoas. Ele, imediatamente, se propôs a seguir comigo no mesmo pensamento. Até hoje ele é um dos secretários que eu falo de manhã quando acordo, no meio do dia e antes de dormir. Sempre pergunto: como estamos? Para saber como está a questão da saúde e o cuidado com a Covid na cidade de Goiânia. Isso nos traz segurança porque tratamos a questão da saúde de uma forma diferente.

O nosso partido carrega essa marca do social, outros carregam mais a marca da economia, outros a marca de um país que deve crescer e desenvolver. Mas acho que se começa pelo social e cuidando das pessoas, levando as pessoas a terem uma qualidade de vida, se leva também a elas entenderem que onde elas vivem também é qualidade de vida. Elas poderão junto com o poder público cuidar melhor da cidade.

Vou dar um exemplo muito prático. Como gostamos de qualidade de vida, as pessoas não gostam de ter lixo perto de casa. Hoje inauguramos mais um ecoponto no Jardim São José, região oeste da cidade. As pessoas daquela região terão o direito de ter o local apropriado para descartar o lixo. Então tem o descarte de entulho, descarte de produtos de borracha e vidro. Tudo separado. Essa é uma maneira de fazer com que a pessoa compreenda como ela precisa viver. Se o poder público faz isso em algum local, automaticamente a pessoa começa a fazer isso dentro de casa. 

Patrícia Moraes Machado: O senhor é a favor das bolsas, como Bolsa Família e Bolsa Universitária?
A partir do momento que há uma necessidade justificada e que o governo tenha condições de fazer isso, eu acho muito válido. Porém, é importante lembrar que temos agora o Renda Família em Goiânia, mas tem um limite. É por seis meses. Quem recebeu primeiro, que começou em março, tem seis meses para receber. Enquanto ele está recebendo isso é uma forma dele se preparar para o que vem depois de seis meses. Ele (beneficiado) sabe que serão somente seis meses. 

Patrícia Moraes Machado: O senhor acha que as pessoas se preparam ou tem que ter o poder público para ajudar nessa transformação do pensamento?
É isso que eu sempre digo. Mas por exemplo, aqui, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Economia, estamos preparando cursos para estas pessoas. Aliás, quem recebe o Renda Família hoje tem a condição de participar de cursos gratuitos por meio de um convênio que fizemos com o Sesc. Esse é um apoio. Estamos dando a vara, dando a linha, dando o anzol e a isca, mas ao mesmo tempo ensinando a pessoa a pescar. Esse é um trabalho importante que temos feito no setor social em Goiânia. É importante que as pessoas estejam recebendo o apoio do governo, mas ao mesmo tempo esteja se preparando para que ao findar desses apoio ela esteja preparada para seguir neste caminho.

Marcos Aurélio: Estamos falando de Goiânia, uma capital cercada por outras cidades grandes, e com demandas sociais. O senhor consegue atuar de forma coordenada e cooperada com os prefeitos da região metropolitana? Tem esse canal aberto?
Gostaria muito que fosse assim. Mas cada cidade tem seu modelo de trabalho e tem sua gestão. Cada um tem seu plano de governo individual, e além disso, cada governo tem suas condições financeiras. Hoje a condição financeira da Prefeitura de Goiânia é positiva. Aliás, já vinha previsto no plano de governo apresentado. Fizemos o Renda Família no início porque tínhamos condições, foi feito o estudo de viabilidade, e da mesma forma foi o IPTU Social. Tínhamos condições de não receber o IPTU dessas pessoas mais vulneráveis. Então vai de cada Prefeitura, cada cidade e gestor. Infelizmente não há possibilidade de fazer com que Goiânia e Região Metropolitana pudesse acompanhar esse modelo de apoio social para as pessoas. 

Patrícia Moraes Machado: A eleição do governador e principalmente a do senhor para Prefeitura de Goiânia, muda o contexto político de nosso Estado. O senhor pretende seguir junto com ele no projeto de reeleição e como o senhor vê essa mudança para o futuro de nossa politica estadual? As peças no xadrez político mudaram?
Primeiro que a decisão de seguir o governador é do partido. Não parte de mim. Esse é um acordo de partido, como todos já sabemos. Existem os acordos partidários e eles vão conversar. 

“Pode estar surgindo novas peças. Talvez um peão que saiu, esteja voltando para o tabuleiro do xadrez, mas eu acho que podemos formar sim novos grupos políticos”

Quanto às novas peças do xadrez político, eu acho que existem peões, cavalos, reis, torres e rainhas. Mas acho que as peças começaram a se movimentar. Uma vez que perdemos um de nossos líderes no Estado, que era o Maguito Vilela, o outro líder que, segundo ele, até o momento se aposentou da política – que é Iris Rezende. São dois nomes muito fortes no Estado de Goiás que estão fora o cenário. 

Então eu acho que sim. Pode estar surgindo novas peças. Talvez um peão que saiu, esteja voltando para o tabuleiro do xadrez, mas eu acho que podemos formar sim novos grupos políticos e novos nomes no nosso Estado, uma vez que tudo isso que nos aconteceu tirou dois grandes líderes da nossa política do Estado.

Patrícia Moraes Machado: Assim que os emedebistas ligados a Daniel Vilela decidiram sair da sua gestão, o senhor imediatamente insistiu que iria seguir com o projeto de campanha, que foi construído junto com eles. Se o senhor seguir com esse projeto, o senhor continua com uma imagem de gestor despachante do MDB. Agora que o senhor constituiu um novo governo, com seu secretariado e características próprias, o senhor deseja imprimir algum novo projeto além daqueles apresentados na campanha?
Na verdade, imprimir as marcas do plano de governo é obrigação minha. Não podemos esquecer que o plano de governo foi apresentado em nome dos sete partidos que estavam aliançados. Era o MDB, Republicanos, PMB, PTC, PC do B e PL. Uma vez aliançados, o programa pertence aos sete partidos. Não pertence apenas ao MDB. A partir do momento que é apresentado e registrado, eu como prefeito de fato e em posse, tenho obrigação de cumprir todo o plano de governo, independente de quem apresentou –  lembrando que foi uma aliança com sete partidos.

Patrícia Moraes Machado: Agora com integrantes que o senhor nomeou e tirando esse grupo ligado ao Daniel, o senhor tem algum projeto que vai agregar?
O grupo que faz parte da nossa gestão é um grupo de trabalho, porém nós mesmo com grupo novo precisamos cumprir o plano de governo. Talvez com metas diferenciadas. Quando eu digo isso, estou falando em escolher o que vem primeiro e o que vem depois. Talvez a diferença seja essa. Mas todo o plano de governo precisa ser cumprido dentro do mandato.

Patrícia Moraes Machado: E o que vai vir primeiro?
Iniciamos o plano de governo com o IPTU Social, já iniciamos o programa Renda Família, estamos em andamento e com conversas adiantadas sobre as 15 mil casas populares. Temos a questão da educação que estamos já preparando para que dentro dos próximos 90 dias 2.600 vagas sejam abertas e Cmeis. Ontem inauguramos mais quatro salas no Cmei do Vale dos Sonhos, iniciou a implantação de um novo Cmei com salas moduladas no Parque Atheneu. Outras inaugurações virão e a cada semana teremos novas salas de aulas de Cmeis entregues dentro da cidade de Goiânia.

Marcos Aurélio: Durante a campanha se falava muito de Cidade Inteligente. Seu planejamento contempla esse projeto?
Sim. Exato. Faz parte do plano de governo. Como eu disse, somos obrigados a cumprir. Isso está registrado. Precisamos cumprir. São metas que precisamos colocar. Tem ações que podemos fazer agora e outras depois. Estamos verificando, inclusive com uma reunião neste final de semana (17 e 18 de abril) para definir as metas dos próximos 90 dias. Essas metas elas vêm do plano de governo e vamos executando. 

Patrícia Moraes Machado: Ao sair da Prefeitura o Daniel e o grupo o qualificou com adjetivos nada positivos para um gestor e muito menos para um indivíduo. O homem público se acostuma com esses ataques quando há brigas políticas. O MDB quando o escolheu não o conhecia?
Quem me convidou foi o Maguito Vilela, apoiado então pelo MDB. Agora o que falaram pra mim não importa. Acho que o que importa é o que estamos mostrando para população de Goiânia que é o que viemos fazer. 

Marcos Aurélio: E qual a relação que o senhor tinha com o Maguito Vilela? O senhor o conheceu no início da campanha?
O Maguito Vilela eu conheci mesmo antes de estar vereador em Goiânia. Eu cheguei aqui e na época, em 2011, ele era prefeito de Aparecida de Goiânia e eu era diretor de grupos de rádios, estive com ele e o conheci. Logo em seguida começamos uma amizade e depois me candidatei a vereador, ganhei a eleição, foi minha primeira em 2012 e ele ganhou a segunda eleição dele em Aparecida de Goiânia. Já tínhamos esse contato e mantivemos. A amizade vem de longos tempos. Não foi somente de campanha ou no momento de escolha para ser vice na chapa dele.  

Patrícia Moraes Machado: Se daqui quatro anos, esperemos que não, a gestão do senhor não terminar consagrada, a responsabilidade também será do MDB?
Não. A responsabilidade é minha. Isso é fato. MDB não tem responsabilidade alguma. Se for boa a responsabilidade é minha, se for ruim também é minha. 

Patrícia Moraes Machado: : Mas lá atrás a escolha de colocá-lo na vice foi do MDB?
Foi lá atrás. Mas como passou o “lá atrás”, vamos para frente. Para trás ninguém olha, só serve para retrovisor de carro. 

Patrícia Moraes Machado: O Gustavo Mendanha é muito ligado ao Daniel Vilela. Como está sua relação pós-rompimento?
São pessoas completamente diferentes, mesmo sendo do mesmo partido. O Gustavo é uma pessoa que eu tenho como amigo. Tenho uma amizade muito grande. Tudo que aconteceu com ele recentemente eu tive oportunidade de enviar mensagem em razão da morte de seu pai. Ainda hoje eu liguei para ele, mas como era horário do almoço eu não consegui falar com ele. Tem sido muito corrido aqui, mas hoje (Sexta-feira, 16) que tive a oportunidade de ligar, embora ainda não tenha conseguido tenho certeza de que ele irá retornar a ligação. 

O Gustavo, embora do mesmo partido, ele como homem público e hoje sendo prefeito da segunda maior cidade do estado, ele tem contato normal como homem público. Isso não deixará de existir. Sempre existirá. 

Patrícia Moraes Machado: : Como o senhor avalia quando as críticas chegam assim: Goiânia agora é cidade Universal do Reino de Deus, ou que Goiânia é o novo Rio de Janeiro (Fazendo um comparativo com o prefeito Marcelo Crivella)?
Quando a isso acho que as pessoas devem avaliar bem. Não podemos misturar as coisas. Religião, política, igreja e Prefeitura são coisas totalmente diferentes. Instituições religiosas e instituições políticas. Isso está separado pela a nossa Constituição. Isso deve ser respeitado. Não tem essa questão de Igreja Universal em Prefeitura ou Prefeitura em Igreja Universal.

Quanto ao Rio de Janeiro acho que é uma cidade muito longe da nossa capital Goiânia. Marcelo Crivella foi um membro de nosso partido que fez seu trabalho e infelizmente aconteceu o que aconteceu, fizeram o que fizeram. Mas ele foi o Marcelo Crivella, do Republicanos do Rio, e eu sou o Rogério Cruz, do Republicanos de Goiânia. Não tem nada a ver essa questão de Rio de Janeiro e Goiânia.

Patrícia Moraes Machado: : O candidato Vanderlan Cardoso (PSD) o convocou em várias ocasiões para o debate. O senhor nunca participou. Inclusive fala-se que Goiânia não foi debatida durante a eleição. Quem participava das entrevistas era o Agenor Mariano ou o Daniel Vilela. O MDB tentou lhe esconder?
Na verdade, nós tivemos uma campanha difícil. Logo no início o Maguito ficou doente com a Covid e se internou, cinco dias depois eu também fui acometido pela doença. Fiquei 14 dias em casa e longe da campanha. Quando retornei a campanha tínhamos apenas um candidato. Eu tive que assumir a campanha porque o representante da chapa não estava presente, era o Maguito. Eu era o segundo representante da chapa como vice. Eu tinha que estar na rua, eu tinha que estar à frente da campanha. Não tínhamos outro representante e que pudesse estar à frente da campanha. Eu me senti na obrigação de seguir com a campanha até o fim. Foi o que nós fizemos e por isso ganhamos.

Quanto a questão de debater Goiânia, eu acho que ficou bem claro que eu conhecia a cidade. Eu fui vereador por dois mandatos. Antes de estar vereador eu fui diretor executivo de um grupo de rádios, e obrigatoriamente eu conhecia Goiânia. Posso até falar um pouco mais, sem querer me gabar muito, mas eu sempre conheci Goiânia antes de tudo, antes de estar vereador, antes de estar político. A questão de dizer que eu conhecia ou não conhecia é passado. Já foi provado. Mas na campanha não existia esse tempo de perdemos tempo para ir a debate que não seria um debate. Seria um tipo de discussão. Como não gosto de discussão… Eu gosto de diálogo. Se fosse um diálogo mais direto, nós teríamos, mas para discussão eu nunca entro nesta linha, nunca entrei e jamais entrarei. 

Patrícia Moraes Machado: O senhor não acredita então que foi tirado da população o direito de ouvir e participar do debate?
A população tanto conheceu que nos elegeu através de nosso trabalho na rua. Dentro de nossa campanha foi apresentado o nosso plano de governo e o povo conheceu, entendeu e por isso votou em Maguito Vilela e Rogério Cruz.

Marcos Aurélio: O grupo do MDB ligado ao Daniel Vilela afirma que sua gestão é teleguiada por líderes do partido em Brasília. O que o senhor diz sobre isso?
O Republicanos é um partido nacional como qualquer outro, mais do que justo e legítimo é o partido que recebe uma cidade como Goiânia para administrar ter o apoio do comando nacional. Eu não vejo nenhum problema. Pelo contrário, isso até fortalece o partido, vindo de pessoas conhecedoras como são nossos presidente nacional e estadual. Não vejo problema em o gestor municipal ter o apoio do presidente nacional ou do seu partido nacional. 

Marcos Aurélio: Prefeito, qual sua relação administrativa e pessoal com o governador Ronaldo Caiado?
Tenho uma relação muito boa. Somos homens públicos. A diferença é que ele cuida do Estado e eu cuido da cidade. Somos homens públicos e temos harmonia positiva e trabalho conjunto. Todas as vezes que necessitei falar com o governador ele me recebeu. Todas as vezes que ele precisou falar comigo eu também o atendi. Acho que sendo prefeito de uma capital, e tendo um governador muito atuante no Estado, é mais do que justo estar alinhado com o governador. Não queria ser o prefeito de uma cidade e estar separado ou desalinhado ao governador. Afinal de contas os municípios também dependem do governo do Estado. Goiânia também depende. Estamos muito alinhados desde o início do nosso trabalho em Goiânia, desde a nossa posse. Tive o prazer e honra de tê-lo em minha posse como prefeito, tive o prazer dele vir por três vezes aqui no Paço e tratarmos de nossos decretos. Tive também o prazer de ser recebido por ele no Palácio também para discutirmos assuntos sobre decretos. Esse relacionamento é muito importante como qualquer relacionamento bem construído é importante para vida de qualquer pessoa. 

“Acho que Ronaldo Caiado está no caminho certo, tem acertado muito na questão do enfrentamento a Covid-19”

Patrícia Moraes Machado: Como o senhor avalia o governador Ronaldo Caiado como gestor e político?
Com o governador eu tive oportunidade de conhecê-lo quando na sua campanha para senador. Tive prazer de votar nele como senador. O conheci pessoalmente ainda como senador, numa visita que ele fez em uma instituição e estávamos juntos no local. Depois em outros eventos estivemos juntos, ele como senador e eu como vereador. Quando governador e eu vereador tivemos alguns contatos e conversas. Hoje como prefeito as conversas são mais assíduas. Mas o governador é um político, homem público renomado no Estado. É um representante forte em nosso Estado. Sempre demonstrou seu caráter e transparência como homem público desde que era deputado federal, senador e hoje como governador do Estado. Acho que Ronaldo Caiado está no caminho certo, tem acertado muito na questão do enfrentamento a Covid-19, por vezes muitos não querem entender, mas sempre tem sido certo tanto é que hoje depois de seguir o decreto 14 x 14, funcionou bem, com resultado positivo e por isso estamos hoje mantendo o comércio aberto. 

Patrícia Moraes Machado: Como senhor avalia a vinda de importantes nomes da política, como o deputado Virmondes Cruvinel, a Dra Cristina como secretária, outros deputados vindo aqui  declarar apoio, assim como a Câmara de Vereadores. Isso não aconteceu antes do rompimento com o Daniel. Porque?
Como você bem disse, é apoio. Eles vieram dar seu apoio. 

Patrícia Moraes Machado: Mas por que esse apoio não aconteceu antes?
Acredito eu, posso estar equivocado, que eles se sentiam representados. Três integrantes do MDB saíram da administração. Não foi o MDB que saiu. Os vereadores estão comigo. Seis vereadores, suplentes, deputados, enfim. Tem outras pessoas do MDB que estão aqui no Paço. Então independente disso, o MDB continua na gestão. 

Esse apoio acho que é normal. É o reconhecimento pelo nosso trabalho. O trabalho já vinha sendo feito e deve permanecer esse apoio. Eu acredito que se os deputados vieram dar esse apoio, eu acho que eles tomaram seus caminhos. Foi decisão dos deputados.

Patrícia Moraes Machado: Mas o senhor chegou a avaliar porque vieram depois do rompimento com o grupo de Daniel?
Eu acredito que os deputados reconhecendo a situação, eles, por si próprio, viram que o MDB está com a gente. São pessoas que vieram pelo MDB. Quem é Rogério Cruz perto do deputado estadual, deputado federal? Recebemos aqui vários deputados apoiando o nosso trabalho. Acredito que eles sentiam até então representados na Prefeitura. O Daniel é o presidente do MDB. Os representantes de outros partidos que estão coligados conosco, como o PL, onde a deputado Magda Mofatto esteve aqui conosco. Outros representantes de partidos estiveram aqui conosco, como deputados, como o Elias Vaz (PSB). Esse apoio eu vejo que é o apoio dos homens públicos que reconhecem o projeto nosso que eles estiveram dentro. Projeto este que foi apresentado em nome do partido deles. 

Marcos Aurélio: Em relação a esse processo que foi movido pelo PMN em relação a como foi a posse do Maguito, que agora tem o PSD no circuito. O senhor se sente de alguma forma ameaçado por esse processo?
De forma alguma. Não vejo nenhuma ameaça. Quem foi eleito foi a chapa de Maguito Vilela e Rogério Cruz como vice. Maguito Vilela morreu, automaticamente quem assume é o vice. Isso é automático. Eu tive votos junto com Maguito Vilela. Esse voto me dá o direito de manter a minha cadeira no Paço fazendo a gestão de Goiânia. 

Patrícia Moraes Machado: Mas as pessoas argumentam que o Maguito não tinha condições de saúde para disputar a eleição já no primeiro turno e então o partido deveria ter colocado outro candidato
Quem disse isso que prove.

Patrícia Moraes Machado: Qual a expectativa do senhor em relação a vacinação em massa dos goianienses?
A vacinação em massa seria excelente, se nós gestores municipais pudéssemos comprar diretamente. Infelizmente não estamos ainda nesta condição. Os laboratórios não estão distribuindo de forma ampla nem para os países, imagina para os estados e municípios. Infelizmente não existe essa possibilidade ainda. Está liberado pelo STF.

Inclusive foi uma briga minha e uma busca jurídica minha para ter a garantia de que se eu comprar as vacinas com erário público de Goiânia, que as vacinas sejam usadas somente em Goiânia. Tivemos esse assunto enviado para consulta no STF. Infelizmente os laboratórios não estão em condições de entregar nem para União, imagine para os municípios.

Estamos vacinando com a segunda dose idosos de 73 anos e a primeira dose com idosos para 63 anos. Eu acredito que estamos no rumo. Quando chegarmos aos 60 anos vamos seguir para as pessoas com comorbidades. Vamos começar o segundo semestre vacinando abaixo de 60 anos. A perspectiva é essa.