Euler de França Belém e Italo Wolff

Com índice de aprovação próximo a 90%, o prefeito de Jaraguá, Paulo Vitor Avelar (União Brasil), pode ser considerado um case de sucesso. O forte candidato à reeleição em 2024 já foi chefe de gabinete de Ronaldo Caiado (UB) e, mais do que um homem de confiança, é um amigo do governador e da primeira-dama Gracinha Caiado (UB). 

Paulo Vitor Avelar foi superintendente e secretário de Cultura em Jaraguá, na gestão do ex-prefeito Lineu Olímpio (PTB). Foi Secretário de Gestão do ex-prefeito Ival Avelar e a partir de 2015 passou a ser o chefe de gabinete do então deputado Renato de Castro (MDB), na Assembleia Legislativa. Quando Renato de Castro venceu a eleição para Prefeito de Goianésia, ele assumiu a chefia de gabinete na prefeitura.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, o prefeito revela bastidores da vida política em Goiás e detalha como se tornou praticamente uma unanimidade em Jaraguá. Paulo Vitor Avelar detalha ainda as articulações para as eleições municipais de 2024. 

Euler de França Belém — Jaraguá tem a fama de ser a cidade do Brasil que não tem desemprego. Essa fama é verdadeira ou foi um mito criado?

Hoje, se você buscar as nossas redes sociais, nós temos entre 200 e 300 vagas diárias de emprego no polo de confecções. Para o Estado de Goiás e para o Centro-Oeste, muitas vezes Jaraguá é uma prestadora de serviços. Desde 2020, quando fui eleito, abrimos mais de 1.000 empresas, isso só entre MEIs registrados. Estamos tentando fazer um programa com o Sebrae, com a sala do empreendedor, com o Colégio Tecnológico do Estado de Goiás (Cotec), com tudo, para mostrar a importância de as pessoas se regularizarem. Temos muitos funcionários sem cadastro, então precisamos mostrar para eles que a regularização é importante para se protegerem. 

É uma cidade onde a maioria das pessoas é de classe média, onde o dinheiro circula, mas, as empresas são Microempreendedores Individuais (MEIs), não temos arrecadação o suficiente. Hoje, é uma prioridade para Jaraguá acompanhar o crescimento da população e viabilizar grandes indústrias, que gerem Imposto Sobre Serviços (ISS). Nós não temos uma grande arrecadação, pois MEIs são isentos do imposto municipal. Mas a cidade não tem desemprego e passou por grande crescimento econômico de 2010 até 2014. Depois, as roupas da China invadiram o mercado brasileiro e tivemos uma queda, muita gente teve dificuldade financeira. Agora, as vendas da Região da Rua 44 estão subindo e pegamos carona nesse momento.

Euler de França Belém — Porque o produto chinês é mais barato, a produção é de qualidade duvidosa?

Sim. As pessoas estão percebendo isso. O barato às vezes sai mais caro. O governador, por exemplo, só usa calças e camisas de Jaraguá — das marcas Mazzoty e Palatino. Ele posta nas redes sociais, tem vídeos no Instagram falando sobre a marca de calça e a camisa. Isso dá credibilidade para as confecções de Jaraguá.

Paulo Vitor Avelar: “Todos os senadores e quase todos os deputados levaram recursos para Jaraguá.” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — Mas como as confecções contribuem de forma direta ou indireta para os cofres públicos?

As confecções movimentam todo o comércio, geram uma circulação financeira indireta. Mesmo que a arrecadação dos MEIs seja mais baixa, em Jaraguá, praticamente todo mundo tem uma moto ou um carro, e isso gera impostos. Nosso trânsito é tão intenso que tivemos de transformar nosso hospital em um centro de ortopedia — por causa de pequenos acidentes. 

Nosso grande projeto, em parceria com o Sebrae e o Cotec, foi iniciado em 2005 com Lineu Olímpio (MDB): é a Passarela da Moda. Temos seis quilômetros de rodovia federal que passam ao lado da cidade e que não aproveitávamos. Por meio do projeto Passarela da Moda, fizemos a urbanização de quatro quilômetros da BR, com jardins iluminados e a obrigatoriedade de que os lotes adjacentes sejam comerciais. Transformamos um antigo galpão antigo da Companhia de Armazéns e Silos do Estado Goiás (Casego) e vamos transformar em um outlet das marcas de Jaraguá. Os ônibus que passam pela BR trarão pessoas para comprar as roupas que a cidade já produz para fora. São 78 lotes, quatro restaurantes — está 70% pronto. 

Os empresários começaram a investir de um lado e do outro da BR, em função da sua duplicação. Queremos criar um ponto de comércio nessa estrada, porque o tráfego é de cerca de 13 mil veículos por dia. Se mil desses carros pararem em Jaraguá — e quem compra uma roupa também compra um pastel e um refrigerante, ou faz uma parada para dormir — isso vai tornar a cidade como um dos maiores destinos do turismo no Estado.

Italo Wolff — Sobre o turismo: qual papel o turismo ecológico e de aventura desempenha na cidade?

A Serra de Jaraguá se tornou um dos maiores pontos de parapente do Brasil. Tivemos um campeonato de parapente no ano passado em que recebemos inscritos de 22 países.  Hospedamos gente da Palestina até o Afeganistão (inclusive, fui um atleta do Afeganistão que venceu o campeonato). Esse turismo de aventura está ganhando muito potencial na cidade. São turistas que têm mais dinheiro, que podem ficar mais tempo na cidade, que trazem suas contribuições. 

E temos um grande trecho do Caminho de Cora também. No trajeto, restauramos a igreja, os pontos históricos, concluímos a construção de dois museus. O governador Ronaldo Caiado (UB) assinou recentemente a restauração da Igreja do Rosário, lindíssima. Lá, há uma fonte de água de 200 anos. Recuperamos e renovamos a arborização, que é mais um ponto turístico na área histórica. Também restaurei o prédio da Câmara dos Vereadores, que tinha caído há 20 anos e está sendo praticamente reconstruído, porque é do início do século XIX. 

Estamos buscando várias outras ações da área cultural para prender a atenção do turista em Jaraguá. Com o Sebrae, capacitamos fazendas para criar pousos no Caminho de Cora, da mesma forma que já existe na Serra da Canastra, por exemplo, onde se aprende a fazer queijo, doce de leite. Jaraguá tem muito potencial. O problema é que a cidade perdeu muito tempo brigando politicamente.

Euler de França Belém — Jaraguá vende mais para Goiás, ou vende em um nível nacional?

No Brasil e no mundo, temos exportações de roupas de qualidade. São vários países;  América do Norte, América do Sul e Europa. Nós temos jaraguense que moram fora e têm loja de roupas brasileiras com esse intercâmbio.

Paulo Vitor Avelar em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Jaraguá é alto. Qual a razão?

Novamente, isso se deve ao fato de Jaraguá ser uma cidade cuja maioria da população pertence à classe média. Goianésia, uma cidade próxima, tem gente muito rica mas também tem gente muito pobre. Nós não temos esses milionários das usinas, mas não temos uma desigualdade tão grande, pois é uma cidade onde o dinheiro circula. É claro que temos pobreza, mas não temos aquela vasta pobreza extrema. Nossa assistência social consegue ajudar os necessitados com programas muito bacanas. 

Usamos o cadastro único geral do estado e trabalhamos com a Fundação Grace Machado, que foi criada em 1982 pela esposa do prefeito Orlando, o primeiro a dar uma função institucional para a primeira-dama na cidade. Até então, as primeiras-damas em Jaraguá não tinham tarefas. Provavelmente, Orlando copiou de outras grandes primeiras damas, como a Sarah Kubitschek, que começou essa luta social. A Fundação Grace Machado tinha muita entrega na porta, de pão, leite e afins. Tiramos essa entrega de alimentos na porta e colocamos uma equipe de assistência social para atender na casa das pessoas. Partindo do cadastro estadual, fazemos um laudo técnico para verificar quem realmente precisa e repassamos doações de instituições de caridade. Acompanhamos quem já recebeu o benefício para conferir quem conseguiu melhorar sua situação. 

Euler de França Belém — As UTIs que foram colocadas por causa da Covid-19 continuam lá?

Sim. É uma cidade onde as pessoas têm acesso à saúde. O hospital estadual melhorou muito a situação. Tínhamos o sonho, há mais de 20 anos, de ter uma UTI. Na pandemia, o governador colocou dez unidades de UTI que salvaram inúmeras vidas. Depois que saiu a vacina para Covid, o compromisso do governador era de manter as UTIs, e ele manteve sua palavra. O último secretário de saúde, Sérgio Vencio, autorizou o estudo para a ampliação de mais 20 leitos de UTI e 60 leitos gerais para a especialidade de ortopedia. Jaraguá é uma cidade cortada por duas rodovias federais e duas rodovias estaduais, então, temos um número de acidentes muito alto. 

Quando assumi a prefeitura, já fazia seis anos que não nascia um jaraguense, pois a cidade não fazia partos. Desde então, já nasceram mais de 350 crianças no hospital com um índice de mortes baixíssimo. Temos ortopedia 24 horas, pequenas cirurgias; a saúde de Jaraguá está bem avaliada. É claro que ainda temos problemas, alguns exames não são feitos na cidade porque precisamos da regulação e isso gera um atraso. A oncologia hoje é um problema geral. Estamos fazendo um convênio com o filantrópico Hospital Maternidade para ampliar o sistema e cuidar da mãe, da criança e do idoso. 

Euler de França Belém — Jaraguá tem 13 vereadores, como é a sua relação com a Câmara?

Um grande feito da minha gestão é a parceria com os vereadores. Eu nunca chamei apenas um parlamentar para conversar, chamo todos e trabalho com os 13. Eu ganhei a eleição com cinco vereadores; hoje, há apenas um que é declaradamente de oposição, mas de forma muito respeitosa. 

Quando assumi, disse que era missão de todos arrumar recursos com seus deputados federais, e todos conseguiram recursos para a cidade, incluindo o de oposição. Eu faço assim: se a Prefeitura tem um projeto, chamo todos os vereadores, apresento, e depois discutimos o assunto. O projeto só vai para a Câmara se estiver autorizado pelo Legislativo. Essa discussão é feita de forma interna, para não ter politicagem em cima da situação.

Euler de França Belém — E quais são os deputados federais e estaduais que mais apoiam Jaraguá?

Jaraguá tem um deputado estadual, o Lineu Olímpio. Já fui chefe de gabinete dele por oito anos. É um grande professor, uma pessoa que me ensinou muita coisa. Hoje ele é um dos grandes destaques da Assembléia Legislativa de Goiás, tem uma das melhores relações em Goiás e em Brasília, e tem sido um parceiro fantástico. O Lineu tem me ajudado muito desde o primeiro dia, assim que ganhei a eleição, antes até da posse. Ele me levou para Brasília para conseguir recursos. E dos 17 deputados federais, nós conseguimos recursos de 14. O deputado federal da cidade é o José Nelto (PP), ele nos deu mais de R$15 milhões em emendas, nos ajudou tremendamente. 

Euler de França Belém — E os senadores?

Todos os senadores ajudaram. Luiz do Carmo (Podemos), Vanderlan Cardoso (PSD), Kajuru (PSB), Wilder Morais (PL). Não posso reclamar de nada em relação aos senadores. 

Paulo Vitor Avelar: “Eu apoiaria Gracinha até para presidente da ONU!” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — A zona rural de Jaraguá tem quase sete mil habitantes, como é Jaraguá na agropecuária?

Um dos grandes gargalos da prefeitura é a estrada rural. Jaraguá, em área, é maior do que o município de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Existem povoados a 40 quilômetros da cidade. Tenho quatro equipes responsáveis pela estrada rural, então, não conseguimos fazer a manutenção agora, na época das chuvas. 

Jaraguá é a capital do abacaxi, que ainda é o nosso forte apesar do fato de que a soja está tomando conta do campo. Os grandes produtores estão aderindo à soja no lugar do abacaxi, mas temos um dos melhores produtos, enviamos para o Brasil todo. A produção de frutas é forte, maracujá, mamão, banana. 

Euler de França Belém — E como é a relação com as cidades vizinhas?

Eu sou suspeito para falar, primeiro porque estive nos bastidores, eu nunca tinha sido candidato a nada, eu só fazia campanha. Fui chefe de gabinete de Ronaldo Caiado e coordenador de sua campanha. Nesse processo, fiquei amigo de todos os prefeitos. Por mais que alguns sejam meus adversários políticos, tenho bom relacionamento com todos. Somos parceiros, emprestamos máquinas, transporte escolar, patrola de lixo quando há necessidade. Não tenho essa relação com Goianésia, porque o meu parceiro é o Renato de Castro (UB) e não o atual prefeito Leonardo Silva Menezes, mas é uma cidade que, no que eu puder ajudar, estou junto. Todos os prefeitos de cidades com que Jaraguá faz divisa têm esse bom relacionamento. 

Euler de França Belém — Em Goianésia, como estão as chances do Renato de Castro ser reeleito?

Ele fez uma gestão maravilhosa, é muito bem avaliado, se elegeu deputado com uma votação muito expressiva e tem conseguido inúmeros recursos e parcerias. Eu acredito que o Renato vai disputar essa eleição com grande chance para corrigir o erro da eleição passada. Ele é uma das pessoas mais inteligentes com quem você pode conversar, um poliglota formado pela Fundação Getúlio Vargas, tem todo um preparo. Como presidente da comissão de finanças da Assembleia, tem tido uma dinâmica muito importante.

Euler de França Belém — Não vai fechar com o MDB?

Acredito que nós vamos repetir a chapa do estado em vários municípios, em Jaraguá e Goianésia não vai ser diferente. Meu próprio vice é presidente do MDB no município.

Euler de França Belém — E ele vai continuar do seu lado?

Acredito que sim, o cargo não está vago. É igual igreja, a gente troca quando tem sede vacante. O meu vice-prefeito é o Leomar Abadia, um contador com mais de 30 anos de experiência e meu secretário de finanças, uma pessoa respeitada na cidade. Nos últimos três anos, não se ouve falar em desordem financeira nem em corrupção; os salários são pagos em dia. É uma pessoa que trouxe uma estabilidade muito boa para a gestão. 

Euler de França Belém — E seus adversários, quem são? O Artur de Freitas (PMB) deve ser seu oponente?

Até hoje ninguém se manifestou. Artur de Freitas é um dos nomes que está sendo cogitado. Não falamos nisso — ele teve um filho recentemente e eu mandei os meus parabéns, mas não falei de política. A família dele é amiga da minha, nós não temos nenhuma rixa ou briga. A eleição em Jaraguá mudou muito nessa questão da respeitabilidade. Apesar do fato de que no fim da última eleição a turma do então prefeito (não ele pessoalmente, mas seu grupo) foi muito grosseira. Levaram a eleição para a vida pessoal e disseram algumas baixarias. Mas eu acho que a população não entende política dessa maneira. Eu mesmo não guardo rancor, pois, depois das cinco horas da tarde do dia da apuração dos votos, se você não esquecer a eleição, você não administra. Zerou o jogo, esqueça tudo o que passou e comece de novo. Hoje tenho boas relações com os políticos da cidade. 

Italo Wolff — Dizem até que você pode ser candidato único, porque tem aprovação de quase 90%.

Não posso aceitar sozinho essa aprovação. É claro que eu tenho muito orgulho, juntamente com o Lineu Olímpio, os vereadores, os secretários, as equipes, que vestiram a camisa e não descansaram um minuto. Eu me doei para isso. O apoio do governo estadual foi imprescindível. Jaraguá não sobrevive financeiramente com a arrecadação do município — seríamos capazes apenas de acertar a folha de pagamento e limpar a cidade, mas não faríamos investimentos. Quase todos os recursos das obras vêm do governo federal ou estadual.

Então, eu tive um pai e uma mãe no governo do Estado. Tive prazer em trabalhar com o governador, uma das pessoas mais educadas e gentis que conheci. Ronaldo Caiado tem fama de bravo, mas eu nunca o vi destratar qualquer pessoa. É um gentleman. Muitíssimo disciplinado. Às vezes, às onze horas da noite, e ele queria trabalhar e eu falava: “Governador, não tem nem jeito, as pessoas já estão dormindo.”

E, para falar de dona Gracinha, eu sou suspeito. Eu acredito que seja uma das primeiras-damas mais preparadas intelectualmente. É advogada, fala quatro idiomas, extremamente culta. Como outros políticos e governadores vêm conversar com Ronaldo Caiado sobre a segurança pública, vários governos buscam e copiam os programas sociais de Gracinha. 

Paulo Vitor Avelar: “Ronaldo Caiado tem acesso à direita, pois a representa historicamente, desde a UDR” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — E você apoia Gracinha Caiado para o Senado?

Eu apoiaria Gracinha até para presidente da ONU! [risos]. É uma questão pessoal. Eu tive o prazer de trabalhar com ambos e hoje tenho a honra de fazer parte de seu círculo de amizades. Tenho a grande alegria de visitar a casa, tomar um café, conviver com suas famílias. Aprendo muito com Gracinha e, como disse, eu sou suspeito para falar, mas acredito que se Goiás tivesse uma senadora do nível de dona Gracinha, o Estado estaria muito bem representado. Não sabemos bem como são os planos de Deus, mas se tudo der certo, Gracinha estará ao lado de Ronaldo Caiado na chapa federal como candidato à Presidência da República e ambos serão eleitos. 

Euler de França Belém — Você acha que ele se candidata?

Ele está trabalhando para isso. Tem cacife e estrutura, trajetória política, ética, tudo.

Euler de França Belém — O bolsonarismo pode apoiá-lo?

Eu não posso falar em nome do bolsonarismo, mas sei que Ronaldo Caiado tem acesso à essa direita, porque ele representa uma direita histórica, desde a União Democrática Ruralista (UDR). Quando eu nasci, Caiado defendia as Diretas Já, a democracia, os direitos, a propriedade — valores pelos quais a direita preza. 

Euler de França Belém — E Daniel Vilela (MDB) para o governo estadual, você apoia?

É o nosso candidato. Daniel nasceu no meio da política, seu pai já tinha sido deputado, vereador, prefeito, a mãe foi uma das primeiras-damas que ficaram na história de Goiás com a criação de vários programas sociais. Maguito Vilela transformou Aparecida de Goiânia, que ainda vive benefícios de muitos projetos da época, que foram posteriormente tocados por Gustavo Mendanha. Maguito também ganhou a eleição em Goiânia, que teve um grande desvio do destino durante a pandemia de Covid-19. Acredito que, se Goiânia estivesse hoje sob a administração de Maguito, seria uma cidade totalmente diferente.

Daniel Vilela é um amigo pessoal. Acredito que Ronaldo Caiado tem sorte por tê-lo como vice, porque vemos muitas rixas e brigas entre mandatário e vice, mas, em Goiás, tanto Daniel quanto Lincoln Tejota (UB) foram muito diplomáticos, parceiros e de grande fineza. 

Euler de França Belém — Bruno Peixoto é do seu partido, União Brasil, e ele começou a fazer um trabalho de pré-candidato a prefeito de Goiânia, então deu uma recuada. Na sua opinião, ainda tem chance dele sair como candidato?

Bruno foi uma grande surpresa. Sua postura como presidente da Assembleia foi a maior união de lideranças políticas da Casa até hoje. Foi uma gestão de calmaria e estabilidade politica. Ele tem sido um parceiro exemplar da gestão do Ronaldo Caiado. A manifestação de interesse pela Prefeitura por parte do Bruno, por ser goianiense e gostar da cidade, é saúdavel para a democracia. Mas ele é parceiro do governador e eu tenho certeza de que esse recuo é estudado e de que ele vai acompanhar a base nessa decisão.

Falar se ele é ou não é candidato já não é uma decisão minha, é do partido, do diretório, do governador, e vai ser tomada juntamente com o MDB e com as lideranças através de pesquisas qualitativas e quantitativas. No final, tenho certeza de que Bruno Peixoto será o primeiro soldado a acatar essa ordem, de que vai para a rua defender os interesses do governador. 

Italo Wolff — Até agora, nós temos a Adriana Accorsi pelo PT, Vanderlan Cardoso pelo PSD, Gustavo Gayer pelo PL e Jânio Darrot pelo PMDB; considerando esses quatro nomes, o Bruno seria um candidato forte para enfrentar qualquer um deles?

Pesquisas feitas agora são pouco indicativas. Elas apontam o calor da eleição presidencial, o reconhecimento por quem tem mais visibilidade. Gayer vem com a associação do PL de Bolsonaro; Adriana, com o saldo de Lula da Silva (PT). Vanderlan Cardoso foi um prefeito muito bem avaliado em Senador Canedo, é senador da República por quem eu tenho admiração e respeito pelo que ele tem feito por Jaraguá. Jânio também foi um prefeito bem avaliado, que fez um sucessor e que o MDB apresentou como candidato. São nomes muito bons. Eu acho que esse é o caminho do diálogo, eu vejo ele visitando e conversando. Agora ainda é muito cedo, ainda tem muita água para rolar, acho que tudo pode acontecer.

Euler de França Belém — Fala-se por aí que para o governador Ronaldo Caiado é mais importante o Bruno na assembleia, por causa da tranquilidade que ele deu para o governo. Você concorda?

Bruno, Ronaldo e Gracinha são amigos pessoais. É visível que a tranquilidade politica que o Bruno Peixoto ofereceu é valiosa. Então, Ronaldo Caiado tem um parceiro na Assembleia, tanto com Bruno na liderança quanto com a vice-liderança de Talles Barreto (UB). Bruno Peixoto sabe tratar com os deputados, apaga incêndios, sabe ponderar os interesses do governador com os da população. Há ainda a austeridade da Assembleia com a devolução do duodécimo — só neste ano, foi uma economia de mais de R$ 100 milhões. Eu peço que Deus ilumine para que aconteça o que for melhor para o Bruno, para o grupo, para o governador e para a população. Que seja a pessoa mais preparada para administrar Goiânia, porque é uma cidade linda, que hoje é avaliada em vários sites como uma das cidades com a maior qualidade de vida no Brasil.