Há 10 meses à frente da prefeitura de Goiânia, Rogério Cruz, faz uma análise de quais as principais demandas que a cidade de 88 anos ainda tem e que precisam ser atendidas

Elder Dias, Patrícia Moraes e Marcos Aurélio Silva

Com seus 88 anos, Goiânia ainda é uma cidade considerada nova. A capital goiana acumula muitos avanços registrados em sua história, mas também há demandas por soluções de problemas crônicos, como a falta de um plano de drenagem e a inovação na gestão. Essas são situações reconhecidas pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e que, segundo ele, há um trabalho focado em fazer com que a cidade avance de forma estruturada. 

Em entrevista exclusiva aos editores do Jornal Opção, Rogério Cruz, apontou quais as prioridades que foram adotadas nos primeiros 10 meses de sua gestão frente à prefeitura, como é o caso da execução do projeto Cidade Inteligente. O prefeito ainda tratou de política e de como tem atuado para garantir as parcerias com o Legislativo Municipal, com Governo do Estado e na busca por recursos junto ao governo federal. Para 2022, chefe do Executivo aponta seu a reeleição de Ronaldo Caiado para o governo de Goiás, e que seu partido terá a meta de fazer um senador e três deputados federais.

Marcos Aurélio Silva – Goiânia completou 88 anos. Quais pontos o senhor avalia que precisam evoluir para que a cidade esteja à altura do que os goianienses merecem?
Goiânia tem um atraso tecnológico. A tecnologia abrange muitas coisas, por exemplo, uma boa educação, atração de boas empresas e condições de qualidade de vida para o cidadão. Temos essa como uma questão importante para a cidade.

Goiânia ficou atrasada quando se fala em tecnologia. Uma cidade com 88 anos é nova comparada a outras grandes cidades. Hoje trabalhamos para tornar Goiânia uma cidade inteligente de fato. Falo de ter inovação na saúde, na educação, no social, na geração de emprego e na oferta de serviço do poder público. A tecnologia deve estar em toda parte da  cidade, seja no centro ou nos bairros afastados.

É importante que o cidadão vá onde tenha wi-fi da prefeitura, tenha iluminação de LED, tenha câmeras de segurança, os sistemas não sejam burocráticos e os serviços acessíveis de forma ágil. Tudo isso faz parte do desenvolvimento em qualquer cidade. 

O transporte é outro ponto que é muito discutido em Goiânia e que precisa evoluir. Sempre falo deste assunto, pois desde que era vereador era um tema que procurava me envolver. Hoje o transporte público provoca uma grande injustiça com o cidadão goianiense. Exemplo: a pessoa que sai da Praça do Trabalhador para ir ao Terminal Isidória paga R$4,30. Outro cidadão que pega o transporte no mesmo ponto e vai para cidade de Bela Vista paga o mesmo valor. Isso é injustiça. Não estou dizendo que a justiça seja aumentar o preço da passagem para quem vá para outra cidade, mas reduzir para quem usa em Goiânia.

Estamos fazendo um estudo sobre o transporte desde o início do mandato. É um trabalho que não posso fazer sozinho, embora Goiânia seja a capital e, consequentemente, a mais afetada. Eu tenho que pensar nas cidades no entorno e juntamente com meus colegas prefeitos. No final de tudo também vamos envolver o governo do Estado, que tem uma participação neste processo. Isso nós estamos fazendo. Já há conversas com o governador Ronaldo Caiado e com o presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), Carlão da Fox. Neste momento o que estamos fazendo é montar e formatar esse planejamento. Em seguida vamos apresentar aos prefeitos para ouvir o que pode melhorar e ter um debate. 

Esses dois pontos são primordiais e precisam avançar em nossa capital para que fique a altura do que os goianienses merecem e demandam.

Patrícia Moraes – Mas qual a expectativa do senhor em colocar esses trabalhos em prática?
A Cidade Inteligente é um projeto que já está todo montado e concluído. Ele envolve todos os pontos da cidade. Teremos um evento para o lançamento deste programa. Além disso, temos alguns projetos já em execução nos ministérios, em Brasília. 

Cidade Inteligente é um projeto de R$ 2 bilhões. Esses recursos não sairão exclusivamente da prefeitura. Neste montante entre 35 e 40% sairão dos cofres municipais. O restante vem do governo federal por meio do MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional), Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), Ministério de Ciência e Tecnologia e do Ministério da Saúde. São projetos que estão encaminhados e que temos esse apoio do governo federal. 

A União tem muito dinheiro. E nós temos muitos projetos. É o que estamos fazendo. Toda semana eu vou a Brasília. Quando não estou lá, tem um secretário levando os projetos. Acho que estamos avançando e com garantias de que, a partir do ano que vem, muitas coisas boas desses projetos estarão em execução.

Um dos exemplos é que já iniciamos alterações dentro da prefeitura. O sistema que usamos atualmente é atrasado. Vamos implantar o SEI (Sistema Eletrônico de Informações). Esse é um modelo já usado pelo governo federal e liberado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Devo assinar o termo de responsabilidade e em seguida os técnicos virão à prefeitura para implantar. O governo de Goiás, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas já usam esse sistema. É algo simbólico para nós. Vamos iniciar uma mudança dentro da própria prefeitura. Será maior comodidade, modernidade e economia.

Estamos falando em organização. Vamos conseguir avançar nos processos que estão atrasados. Estamos falando em documentos que dizem respeito à população –  são requerimentos e pedidos que demoram a fluir dentro do sistema da prefeitura.

Se queremos uma cidade que se desenvolva, temos que trabalhar em conjunto com a população. É importante que a população faça parte do governo. Goiânia precisa avançar e vamos fazer isso juntos com o cidadão. Não fico chateado quando um cidadão envia mensagem dizendo que estou deixando a desejar em algum ponto. É uma forma de dialogar e apontar como podemos melhorar. Eu gosto de interagir com o goianiense. É a melhor forma de governar. As pessoas te orientam sobre aquilo que é preciso no bairro ou nas ruas que elas moram.

Marcos Aurélio Silva – Dentro deste projeto de Cidade Inteligente, o que dá para destacar?
A Muralha Digital. Trata-se de um projeto importante que está bem encaminhado. Consiste na instalação de câmeras de vigilância em todas as entradas da cidade de Goiânia. Esses equipamentos têm condições de fazer o reconhecimento facial e das placas dos veículos que por ali passam. Ou seja, se um carro foi roubado em outro estado, ao passar aqui vai ser alertado na central de monitoramento.

“A União tem muito dinheiro. E nós temos muitos projetos”

É um sistema integrado nacionalmente. Da mesma forma ocorre com o reconhecimento facial. As câmeras tem condições de identificar até quem está dentro do carro. 

Elder Dias –  De alguma forma o uso dessa tecnologia e o programa Cidade Inteligente vai impactar em ações estruturantes para Goiânia?
Sim. Esse é outro ponto que considero importante.  São as pontes desenvolvidas pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Elas são pré-moldadas, montadas rapidamente e de forma econômica. 

Temos 62 pedidos, e 12 já foram autorizadas. Esses equipamentos serão montados em vias para ligar bairros de Goiânia. Hoje temos questões sérias relacionadas à mobilidade. O goianiense precisa dar voltas quilométricas pois há um córrego no caminho e não há uma passagem estruturada. Vamos abrir esses acessos e colocar essas pontes.

São ações tecnológicas, pois são trabalhos simples com grandes impactos. O custo é baixo, e a prefeitura terá contrapartida de aproximadamente 20%. Para exemplificar: se uma ponte custaria R$1 milhão, com a Codevasf sai por R$ 300 mil. Implantada de forma rápida, com uma estrutura diferenciada. 

Patrícia Moraes – As parcerias e projetos aprovados junto a ministérios estão entre os motivos para o senhor reprogramar as licitações da pavimentação em Goiânia? Cito como exemplo o empréstimo feito junto a Caixa Econômica e que o senhor optou por suspender.
Ainda como vereador eu ajudei a aprovar o projeto que envolvia esse empréstimo para financiar o recapeamento asfáltico nas vias de Goiânia. Estamos agora próximos a concluir esse programa. Neste momento as obras ocorrem nos bairros Shangri-lá I, II e Expansão –  loteamento que foi abandonado pela imobiliária e a prefeitura assumiu. 

Para essa obra, a gestão passada fez um cronograma. Eu fiz questão de seguir. Não entrei na prefeitura para fazer trocas porquê foi outro partido que iniciou. O respeito pelo dinheiro público faz parte desta gestão e isso tem sido transparente para todos os goianienses. Não vamos deixar obras paradas porquê foi iniciada em outra gestão. Foi uma promessa de campanha que daria sequência às obras iniciadas. É o que estamos fazendo.

Entretanto, ao fazer reuniões com o pessoal da Caixa Econômica, observamos que os juros do empréstimo estavam além daquilo que imaginamos. Foram muitas conversas e resolvemos então cancelar o contrato. Mantivemos o restante que ainda estava nas contas da prefeitura, que foi de R$ 145 milhões, usamos esse recurso para concluir o cronograma Algumas obras que vão vir agora vamos assumir com recursos próprios.  Estamos fazendo visitas e tá claro que há  vias que necessitam mais do que asfalto. Precisam de obras de drenagem e de galerias pluviais.

Elder Dias – A drenagem urbana é algo que preocupa cada vez mais. Hoje se  percebe que chuvas que não são intensas causam estragos e pontos de alagamento em Goiânia. Como o senhor tem avaliado essa situação e o que é feito?
Goiânia nunca teve um plano de drenagem. Estamos agora iniciando um estudo para isso. Na última semana tivemos reuniões com um grupo de pessoas e representantes que vai formatar junto esse estudo para o plano de drenagem de Goiânia.

Quando assumi, em janeiro deste ano, a primeira chuva já me deu muita dor de cabeça. Foi feito um levantamento pela Defesa Civil e chegamos ao número de 102 pontos de alagamentos. Alguns casos já foram resolvidos. Atualmente temos 90 pontos. É claro que para resolver é preciso que se faça obras de drenagem. No decorrer do mandato queremos fazer com que haja essa estrutura e não ocorra mais alagamentos.

Goiânia tem muitos córregos. Não há porquê a cidade não ter um plano de drenagem. É algo que já deveria existir. Todos os pontos de alagamentos que hoje existem em Goiânia estão mapeados e muitos já com as soluções apontadas. 

É importante apontar que nem sempre o problema é a falta de drenagem. Em muitos casos ocorre a sujeira da boca-de-lobo. Ou seja, a falta de uma manutenção. Temos focado e trabalhando nisso. 

Elder Dias –  O senhor gosta da ideia dos jardins de chuva, que foram implantados na gestão de Iris Rezende (MDB)? É algo que deve se manter ou ampliar?
Vamos manter e ampliar. Podemos observar que os canteiros e rotatórias estão recebendo a jardinagem de forma a absorver as chuvas. As rotatórias conseguem segurar bem as enxurradas. É uma forma de tornar nossa cidade permeável. Esse é um modelo da gestão de Iris que é interessante e estamos seguindo. 

Temos um projeto de eliminar grande parte das rotatórias, mas naquelas que existem e os estudos apontam que devem permanecer, elas seguiram como jardins de chuva. 

Elder Dias –  O cidadão também tem sua parcela de responsabilidade em relação à drenagem na cidade. Como estimular para que o goianiense faça sua parte?
É preciso encontrar maneiras de chegar até o cidadão. Isso pode ser feito por meio de campanhas. Estamos trabalhando para isso. Temos que apelar à consciência das pessoas. A pessoa precisa entender que no local que ela mora precisa ter um espaço que seja permeável. É necessário que as casas tenham um percentual de espaço que não esteja cimentado. 

“É importante que a população faça parte do nosso governo”

A prefeitura tem trabalhado de forma a provocar essa consciência. Não adianta fazer todo o trabalho de drenagem nas ruas, se dentro das residências a água não tem para onde ir ou ser absorvida. E aí entra também o plano de drenagem. É o cidadão cuidando de seu terreno e a prefeitura cuidando dos espaços públicos. Tem que ser algo em consonância.

Marcos Aurélio Silva – Goiânia é uma cidade que tem indústrias, mas não é industrializada. Na perspectiva de sua gestão será criado um polo ou um distrito industrial?
Sim. Faz parte de nosso plano de governo. Por meio do novo Código Tributário estamos dando muito incentivo para que indústrias, principalmente as de tecnologia, venham para Goiânia. Esse tipo de empresa precisa de pouco espaço, emprega muito e tem um amplo volume de trabalho. Não precisa de muito espaço. 

A partir de 2022, com o novo Código Tributário, muitas empresas e indústrias serão atraídas. Quando falo de tornar Goiânia uma cidade inteligente é sabendo que vamos atrair a indústria 4.0. São empresas que não geram prejuízos ao meio ambiente. Estamos trabalhando isso de forma ágil. Esses incentivos nos darão condições de receber essas empresas. 

Marcos Aurélio Silva – A industrialização sempre vem à tona quando se fala em  Plano Diretor. O senhor já tem uma previsão para que o projeto seja enviado para Câmara Municipal?
Até o fim deste mês a nossa equipe vai enviar o Plano Diretor para a avaliação dos vereadores. Já está bem analisado pelo nosso setor jurídico. Muitos pontos do Plano Diretor dependiam do Código Tributário e agora conseguimos avançar sobre isso.

Elder Dias –  A industrialização tem uma grande barreira que é a crise hídrica. As empresas precisam de água e energia. Existe algo que a prefeitura pense para poder conciliar a atração de investimentos e garantias de fornecimento?
Todas empresas que dependem muito de energia e água, elas trazem consigo, no seu projeto de instalação, as soluções para geração. E geralmente não depende da parte hídrica. Tem fórmulas, como por exemplo a energia fotovoltaica.

Há um custo benefício grande para a cidade e para as indústrias e empresas. Então, os empreendimentos vão chegar em Goiânia e não vão precisar de um sistema que seja 100% hídrico. Essas soluções que elas trazem já reduz bastante essa dependência. Temos grandes empreendedores criando sistemas fotovoltaicos apenas para alimentar indústrias. 

Patrícia Moraes – Uma das metas do senhor é a recuperação do Rio Meia Ponte?
Essa é uma informação que vou passar para vocês em primeira mão. Há um projeto da Comurg e Amma para recuperar o Rio Meia Ponte. Estamos concluindo o projeto. O Alex Gama (presidente da Comurg) é ambientalista e tem grande interesse na recuperação do rio. Essa é uma das nossas metas. Faz bem para a cidade e queremos executar essa ação. De preferência já entregar algum resultado neste mandato.

Patrícia Moraes –  Como o senhor vai se comportar politicamente em 2022.  Vai seguir a orientação do Republicanos?
Claro. Sobre as decisões para as eleições de 2022 vou seguir todas orientações do meu partido..

Patrícia Moraes –  A posição do partido estará atrelada à disputa de João Campos ao Senado?
Esse é um dos pontos. O Republicanos quer e precisa ter um senador. A meta para Goiás é um senador, três deputados federais e no mínimo quatro estaduais. Se temos essa meta da direção estadual, precisamos ir em busca de cumpri-la. Temos que seguir um planejamento e uma direção para não errar. Entretanto, isso é algo que precisa partir da direção estadual. 

Patrícia Moraes – Atualmente como está a relação do partido junto ao governador Ronaldo Caiado?
Hoje, como gestor, tenho uma parceria grande com o governo do Estado. Ronaldo Caiado vem demonstrando profundo apreço com a capital do nosso estado. Ele está interessado em resolver os problemas da nossa cidade. Jamais ficarei distante de alguém que tenha compromisso com os goianienses. Hoje, não tenho dúvidas, Ronaldo Caiado é o melhor nome para ser governador no próximo mandato.

Patrícia Moraes –  O senhor ainda não completou um ano de mandato, mas já conseguiu um feito que é ter a maioria absoluta dos vereadores te apoiando, ou seja, uma base que te deixa confortável no Legislativo. Ao que o senhor credita esse feito?
Eu creio que todo homem público deveria passar pela Câmara Municipal. Quem quer ser prefeito, deputado ou governador deveria antes ser vereador. A Câmara é uma escola onde se aprende muito. O Legislativo Municipal é um local onde o político se envolve com as leis que vão beneficiar o cidadão e também diretamente com os moradores da cidade. 

Em dois mandatos de vereador eu aprendi muito. Aprendi a lidar com os colegas e com os prefeitos que trabalhei –  Paulo Garcia e Iris Rezende. Isso me ensinou muito. Hoje estando sentado na cadeira de Executivo e sendo gestor da cidade, eu sei que dependo de uma Casa por onde já passei. Eu entendo bem os trâmites que tem na Câmara. 

Para ter os vereadores próximos a gestão, não precisa de muito. Atendendo o vereador com as questões que eles trazem em benefício à população, já é um bom começo. Um exemplo: eu já apresentei projetos a prefeitos do passado, mostrando que se a prefeitura fizesse determinada ação seria bom para o vereador e para o prefeito. O projeto foi assinado, mas não foi feito. Isso fica ruim para o vereador e para o prefeito. 

Se observarem nas minhas redes sociais vão perceber que sempre estou nos bairros com os vereadores. É uma questão de definir o que é útil e agradável. Se é útil à população, pode ser um benefício para o vereador. Assim, todos ganham. Esse tipo de trabalho tem dado certo e por isso hoje na Câmara os vereadores nos apoiam. Eu não tenho apoio de todos, mas tenho o primordial para poder votar os projetos. Exemplo disso é o Código Tributário. Muitos falam que o prefeito mandou e forçou goela abaixo. Não foi. Pelo contrário. Apresentamos dentro do prazo de tramitação da Casa. Fizemos todos os cálculos junto com todos os envolvidos. 

Patrícia Moraes – O fato do senhor ter antecipado a eleição da presidência da Câmara Municipal ajudou na aprovação do Código Tributário? Afinal, Romário Policarpo é o vice do senhor.
Não. Essa questão não passou por mim. Ele é vice, mas é presidente da Câmara. Eu não me envolvi. Na primeira tentativa de antecipar essa eleição eu simplesmente achei que não era o momento. Eu apenas opinei, porque achei que não era viável em um momento crítico da pandemia ter aquela preocupação. Nesta segunda vez o presidente da Câmara me procurou, conversou e perguntou o que eu achava. Eu disse que se estivesse dentro da lei, era um direito.

Patrícia Moraes –  O senhor pediu para que Romário Policarpo não dispute o mandato de deputado estadual?
Não. Acho que cada um tem o seu mandato e que aposta naquilo que achar que vai dar certo. O Romário já tinha intenções de ser candidato a deputado e se ele alterar esse pensamento seria por desejo próprio. Assim como ele, tem vários vereadores que eu já sei que são pré-candidatos a deputado – estadual ou federal. Esse é o desejo deles e o trabalho deles é que vai levar eles para essa disputa.

Patrícia Moraes – O senhor já fez as contas e o levantamento sobre esses vereadores que vão sair candidatos a deputado e quais os suplentes que vão assumir? O senhor já imagina como ficará a sua base na Câmara após as eleições de 2022?
Não. Ainda não tenho essa preocupação. O vereador quando assume a cadeira ele tem a responsabilidade de fazer acontecer para cidade e para o povo. Quando um vereador chega aqui e faz um pedido ele está fazendo para população. Como prefeito da cidade eu também atendo os goianienses. Não considero que um vereador seja da região x ou y. Eles todos representam Goiânia. Desta maneira que tenho trabalhado. É daí que vem a parceria entre o Legislativo e o Executivo.

Patrícia Moraes –  A prefeitura fez mudanças no cálculo do IPTU recentemente, mas será algo que vai mexer no bolso do contribuinte no ano que vem. O senhor teme que isso possa gerar um desgaste?
No Código Tributário colocamos que todos os imóveis com valor venal de até R$ 120 mil serão isentos. Então, 51% dos imóveis de Goiânia terão redução ou estarão isentos do IPTU. A maioria está ganhando.

Na época do prefeito Paulo Garcia, tentou-se fazer um modelo de cobrança por meio de imagem de satélites, mas havia muitos problemas. Houve casos em que eu, como vereador, vi que a pessoa tinha colocado uma tenda para servir como garagem e o sistema estava cobrando um novo valor de imposto ao apontar que havia sido construído algo no imóvel. 

Hoje é diferente. Será via projeto. A pessoa apresenta o projeto, o fiscal vai ao local, analisa e confirma. As casas que já existem estão sofrendo a correção também. Se o cidadão tiver alguma dúvida na cobrança, ele vai provocar a prefeitura, ou seja, recorrer do valor cobrado, e assim o fiscal vai lá confirmar se houve mudanças na estrutura da casa ou se foi ampliado.

Hoje, dos 49% que vão ter algum aumento, grande parte o reajuste será de R$ 100, outra, será R$ 200. A minoria, cerca de 195 imóveis, são os que vão ter os maiores aumentos que serão de R$ 3 ou R$ 4 mil. São aqueles imóveis que são de valores milionários. 

“51% dos imóveis de Goiânia terão redução ou estarão isentos do IPTU”

Não é só questão de alterar o valor venal do imóvel. O que altera é que antes tinha o tipo de zona fiscal que dava direito a um valor de IPTU, ou seja, se o valor sobe, não é em razão dos imóveis aumentarem o valor venal. O motivo é que saiu da zona fiscal e passou a ser visto de outro ponto. O exemplo que sempre demos é do Condomínio Aldeia do Vale e do Aldeia dos Sonhos. A pessoa tem um imóvel de alto padrão pagando o mesmo valor que um cidadão que possui uma casa pequena. Isso em razão da zona fiscal.

Elder Dias – E no caso de uma pessoa que tem um imóvel mais antigo, vai ser prejudicada? Porque embora tenha o mesmo tamanho de outra residência, por ser construída há mais tempo não teria o mesmo valor.
A  gente não pode comparar o valor venal do imóvel que está sendo construído hoje com o valor de um construído há 30 anos. Por isso que ao se falar de casa antiga ela tem o valor venal, já pela planta de valores. Mas quem constrói uma casa nova, que pode estar ao lado de uma antiga, o valor venal será diferente. É uma casa nova. 

Vamos detectar isso pelos projetos novos que chegam. Se a casa é nova o valor a ser cobrado será outro. Essa será uma cobrança que será feita de forma automática.