Marcus Vinicius: “Valparaíso deixou de ser uma das cidades mais perigosas do mundo e entrou no ranking das melhores para se viver em Goiás”

27 outubro 2024 às 00h00

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Aposta (bem-sucedida) da base caiadista e do prefeito Pábio Mossoró, o advogado Marcus Vinicius, de 36 anos, foi eleito, no início de outubro, o novo prefeito de Valparaíso de Goiás, com 41,2 mil votos (o equivalente a quase 62% dos válidos) – uma das maiores votações da história da cidade do Entorno do Distrito Federal. Marcus derrotou Zé Antônio, do PL, candidato escolhido pelo grupo da deputada Lêda Borges para disputar a eleição. Apesar de jovem, o prefeito eleito, que é casado e pai e três filhos, tem trajetória de respeito tanto política quanto técnica. Foi vereador entre 2013 e 2016, e secretário de Governo e de Infraestutura na gestão de Mossoró, além de chamar atenção por outros feitos: foi um dos vereadores mais jovens já eleitos em Valparaíso, aos 23 anos, em 2012, e também um dos advogados mais jovens a adquirir registro na Ordem (conquista que ocorreu aos 20 anos).
Nesta entrevista, Marcus Vinicius, que disputou o pleito com amplo apoio e projeção de Pábio Mossoró, destaca os avanços do atual governo – estadual e municipal – e adianta qual será o tom de sua gestão, além do papel do atual prefeito nela. O gestor eleito diz querer fazer um governo de unificação, focado em continuidade e correção de falhas e lacunas hoje existentes na cidade.
Ton Paulo – O senhor foi eleito com um pouco mais de 40 mil votos, 61%. No que focou a sua campanha e ao que o senhor atribui a sua vitória em Valparaíso de Goiás?
Tivemos duas situações que eu acho que influenciaram diretamente no resultado da eleição. O primeiro foi um governo bem avaliado, de um prefeito que trabalhou muito para resolver problemas crônicos da cidade. A gente chegou na eleição de um governo que estava muito bem avaliado sob a tutela do nosso prefeito Pábio Mossoró. O segundo foi, eu acredito muito, na forma que a gente conduziu a campanha. Fizemos uma campanha propositiva, não atacamos ninguém. Falamos realmente do que influencia no cotidiano do morador, na vida do morador, e deixamos o adversário de lado, os adversários.
Enquanto eles se preocuparam em atacar a gestão, atacar a mim, ao prefeito, a gente estava preocupado em levar propostas para o morador, e a gente viu o reflexo disso do próprio morador, que falou ‘Olha, continua a campanha assim, apresenta suas propostas, apresenta os projetos’. E o melhor de tudo é que a gente conseguiu apresentar projetos sólidos, sem enganar o morador, sem apresentar projeções fantasiosas para que a gente não chegasse na gestão sem conseguir cumprir o que foi falado, o que foi conversado com o morador na época da campanha política.
Então, o morador apostou no que seria uma gestão de solidez, de responsabilidade, e claro que influenciou diretamente também. Acho que foi o que mais influenciou, uma gestão que já havia sido testada, um grupo que já havia sido testado e que já havia apresentado resultados.
Italo Wolff – O senhor mencionou o Mossoró, que te apoiou, mas também recebeu o apoio de Daniel Vilela. Qual foi a importância do apoio dele, do partido nessa eleição?
O MDB me acolheu e assim, não só na figura do Daniel, na figura do Célio [Silveira] também, que é o nosso deputado federal. A deputada federal Marussa [Boldrin] esteve lá também conosco. O governo do Estado, o Caiado participou efetivamente da eleição, indo nos movimentos de campanha, indo na carreata. Ele esteve na convenção, gravou em alguns momentos conosco para que a gente pudesse fazer, replicar isso nas redes sociais. As pesquisas que a gente fazia apontavam o governador Caiado com mais de 80% de aprovação.
O governador Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, que também é do MDB, também esteve conosco e tem obras que estão impactando diretamente na vida do morador do Entorno. Eu acho que esse conjunto de lideranças fez com que a gente tivesse um grupo forte. Claro que além do grupo que veio de cima, do Estado, do Governo do Distrito Federal, a gente tinha um grupo local também que fez toda a diferença. Nós tínhamos em Valparaíso 260 candidatos a vereadores. Desses 260, 140 eram candidatos da nossa base. Dos 13 vereadores eleitos, nós tivemos 11 que estavam dentro da nossa coligação.
E os outros dois vereadores que foram eleitos, por mais que estivessem em outros partidos que não estavam na nossa coligação, provavelmente eles fizeram parte do governo, estiveram conosco durante, pelo menos, os últimos quatro anos de gestão do prefeito Pábio. Eles também tiveram algum proveito da boa avaliação do governo, porque estiveram lá, porque participaram da gestão, saíram para disputar eleição em outros partidos, mas foram pra rua, levando, claro, a projeção que o governo levou pra cidade.
A gente entende, na nossa avaliação, que os 13 vereadores acabaram colhendo os frutos de uma gestão bem avaliada. Política, pelo aprendi nos últimos anos, se faz com o grupo. E, indiscutivelmente, o nosso grupo, além de ser o grupo mais forte politicamente, era um grupo que tinha um projeto sólido pela cidade. E Caiado, Ibaneis, Daniel Vilela indiscutivelmente estiveram conosco. A gente tem a força muito grande de um governo que está bem avaliado. O Daniel Vilela que se posicionou de forma muito incisiva na eleição.
Mas a ponderação que eu tenho é que a grande estrela da eleição, no que diz respeito aos apoios, foi o prefeito Pábio Mossoró.

A nossa ideia é unificar a cidade do ponto de vista político. Agora, isso depende, é óbvio, do interesse de cada um dos players. Eu quero acreditar, de verdade, que a deputada Lêda possa ser não uma parceira da nossa gestão, mas uma parceira da cidade
Ton Paulo – Prefeito, o senhor foi o nome lançado para disputar diretamente contra o candidato do grupo da deputada Leda Borges, o Zé Antônio, do PL. Como foi a articulação para ser lançado o seu nome?
Eu fui vereador entre 2013 e 2016, junto com o Zé Antônio, que foi nosso adversário, e com o Pábio, que na época era vereador conosco. O Pábio disputou a eleição para prefeito em 2016 e logrou êxito. Na época, o Zé Antônio disputou a eleição para vereador também e foi reeleito vereador em 2016. Já no início da nova trajetória do Pábio como prefeito, ele começou a trabalhar para poder fazer com que a gente tivesse um governo que desse certo. Por isso que ele foi reeleito com a margem expressiva de votos, que foi também em 2020.
Quando iniciou o governo de 2020, eu finalizei a gestão do prefeito Pábio como secretário de Governo, e o prefeito me chamou e falou ‘Olha, eu gostaria muito que você assumisse a secretaria de Infraestrutura, acho que é uma secretaria que pode te dar projeção’. Então, o prefeito que desde, imagina só, do primeiro dia do governo de reeleição dele, já pensava em como seria a sequência disso. Nós começamos a trabalhar na Secretaria de Instrutura e aí, em dezembro de 2023, o prefeito chamou, eram dez pré-candidatos a prefeito, dez nomes que faziam parte do grupo do prefeito Pábio. Esses nomes foram afunilando e no final restaram três nomes, que eram o meu, o da secretária de Educação e o do próprio Zé Antônio. Acho que é um direito que cabe a todos, procurar um espaço político para poder disputar eleição. E o Zé Antônio acabou deixando o grupo de forma prematura, antes da visão do prefeito, porque havia uma interlocução com a deputada Lêda. E aí acabou sendo candidato com o grupo de oposição.
Do nosso lado, foram feitas algumas pesquisas, conversando com o grupo e foi definido o meu nome pra poder disputar a eleição. Tudo foi feito de forma muito transparente com o grupo, por isso que o grupo permaneceu unido, à exceção, é claro, do candidato Zé Antônio, que acabou indo pro grupo da deputada dele. Todo mundo desempenhou, foi pra rua, trabalhou e acabou saindo com essa vitória, que foi uma vitória muito expressiva.
Desde o começo, quando a gente começou a monitorar, fazer pesquisa, a gente via que o meu nome acabava se destacando. Quando o prefeito Pábio determinou que a candidatura, a sucessão seria a minha, aí houve um crescimento e foi um crescimento definidor para que a gente saísse com a vitória na finalização.
Italo Wolff – E ao que o senhor atribui esse destaque do seu nome nas pesquisas? A pasta da Infraestrutura?
A pasta da infraestrutura, com certeza. A gente saiu de uma cidade com 18% de cobertura de captação de água da chuva, de drenagem, e até o final do ano agora a gente vai entrar com 31%. Ou seja, a gente vai quase dobrar o que sempre existiu em toda a história da cidade. Então, foi um avanço muito grande. Vamos realizar, na verdade, até o final do ano agora, 1 milhão e 200 mil metros quadrados de pavimentação. O viaduto da BR-040, que vai impactar diretamente nos horários de pico, entre seis e oito da manhã, e entre dezoito e vinte horas, quase cem mil pessoas. Então, isso foi o reflexo de um trabalho, de uma gestão que deu certo.
Quando assumimos a Secretaria de Infraestrutura, tinha duas máquinas, uma de 1987 e uma de 1992. Os maquinários eram todos alugados. Hoje, quando eu entro no pátio da Secretaria de Infraestrutura, você tem mais de 20 caminhões, seis pás-carregadeiras, patrolas, seis tratores, tratores para roçagem. A gente conseguiu desenvolver uma infraestrutura muito robusta, tanto no que diz respeito à manutenção da cidade, quanto no que diz respeito às obras também, que impactaram diretamente na vida do morador.
Italo Wolff – A questão dos alugamentos que o senhor mencionou foi resolvida?
A cidade dobrou de tamanho em dez anos. Então é natural que, assim como em todas as metrópoles do país, em todas as grandes cidades do país que cresceram de forma rápida, que os problemas de infraestrutura cheguem. Eu costumava dizer na eleição que a gente precisava fazer uma avaliação histórica desse crescimento da cidade. Imagine só que em 2006 a cidade tinha em torno de 400 e poucas unidades imobiliárias no bairro Anhanguera. O bairro Anhanguera é o maior adensamento demográfico de Valparaíso de Goiás. Seis anos depois, em dezembro de 2012, o setor de Chácaras Anhanguera passou a ter 14 mil unidades imobiliárias. Se você multiplicar por uma média de três pessoas em cada unidade imobiliária, o bairro saiu de aproximadamente 2 mil pessoas para 42 mil pessoas em seis anos.
Esse crescimento aconteceu de forma muito irresponsável por parte da gestão, que autorizou construir os condomínios, mas não exigiu, como contrapartida dessas construtoras, que fossem feitos investimentos em estrutura. Tanto em saneamento, esgoto, drenagem, asfalto, mobilidade com calçadas, abrigos de ônibus, educação. Você não tem uma área para construir uma escola, uma creche, você não tem um posto de saúde. Na verdade, você tem dois postos de saúde lá e, imagina, o que estou te apresentando agora tem aproximadamente 50 mil pessoas morando e você não tem mais área, você tem que ter um posto de saúde em área alugada. Esse crescimento, de forma irresponsável, acabou gerando diversos planos de infraestrutura.
Nós estamos agora resolvendo isso, não é com paliativo, é resolvendo de fato. Primeiro com a obra, a gente está levando drenagem para grande parte das ruas, das principais ruas, asfalto. A gente sabe que agora chega o período chuvoso, os problemas acontecem, a chuva acaba testando essas obras. E o que é mais importante é que a gente tem muita responsabilidade, no sentido de que os locais onde hoje têm eventuais problemas em razão da obra, a empresa está indo, corrigindo e fazendo com que essa obra seja entregue da maneira certa. E nós temos 85 milhões de reais que estão em licitação, que nós vamos iniciar a partir do ano que vem e será a maior obra de saneamento da região. E aí sim, vamos levar pontos de esgoto, vamos concluir as obras de drenagem nas outras ruas, asfalto, vai mudar completamente a cara do Anhanguera.
O outro ponto que acaba sendo noticiado todos os anos no período chuvoso é a marginal da BR-040, que compreende do bairro de São Bernardo até a entrada do Valparaízo 2. Nós já estamos com o projeto pronto, um investimento de aproximadamente 50 milhões de reais, e agora nós vamos iniciar uma busca muito forte para que a gente consiga captar esse recurso e durante os próximos quatro anos a gente consiga fazer a entrega dessa importante obra, que além da drenagem de toda a marginal da BR-040, a gente consiga fazer também o recapeamento asfáltico, a duplicação de um trecho importante que vai do Hotel Park até o Hotel Locatelli. E aí sim, Valparaíso vai deixar de ser notícia no período chuvoso em relação aos problemas que a chuva acaba levando para a cidade.
Ton Paulo – Sua gestão, que vai começar no início do próximo ano, já é vista como uma gestão de continuidade. O prefeito Pábio projetou muito a imagem dele no senhor. Quais os principais pontos vão ser trabalhados na sua gestão ,que merecem mais atenção hoje, que precisam de soluções rápidas?
Como eu disse, a gente sabe que o crescimento da cidade da forma que aconteceu traz problemas de infraestrutura, traz diversos problemas que a gente precisa ir saneando. O prefeito Pábio conta com uma boa avaliação, na minha visão, pelo fato de que ele iniciou um processo de resolver esses problemas. Valparaíso tem 29 anos, é uma cidade que é a terceira menor cidade do estado de Goiás em extensão territorial e a sétima maior população. Então, tem um adensamento demográfico muito grande, uma cobrança muito grande da comunidade [para resolução de problemas]. Mas a boa avaliação do prefeito se deve ao fato de que ele tem enfrentado esses problemas.
Agora, o fato de enfrentar esses problemas não quer dizer que esses problemas já estão resolvidos. Então, a gente tem muitas coisas ainda para poder combater na cidade.
A nossa votação expressiva em Valparaíso vai de acordo também com o fato da perspectiva da comunidade agora não só enfrentar os problemas, agora em resolver de fato esses problemas. Eu sei da responsabilidade que eu carrego, eu sei que nós vamos passar por uma série de problemas, mas também, se a gente não conseguir resolver esses problemas, não der continuidade a esse trabalho, a gente pode ter uma relação desastrosa com a comunidade.

A cidade dobrou de tamanho em dez anos. Então é natural que, assim como em todas as metrópoles do país, em todas as grandes cidades do país que cresceram de forma rápida, que os problemas de infraestrutura cheguem
Então, a nossa ideia é fazer com que, a partir do primeiro dia de gestão, a gente consiga fazer com que os problemas que a comunidade enfrenta hoje já comecem a ter uma destinação. A ideia é que nos primeiros 100 dias de governo, por exemplo, a gente já tenha um novo transporte público rodando. É a maior cobrança que a gente tem em Valparaíso hoje. E nós vamos colocar o transporte para funcionar. O morador pode ter certeza, não foi um compromisso de campanha. Esse é um compromisso moral que eu tenho com a nossa cidade, que nos primeiros 100 dias o morador pode ter certeza, o ônibus vai estar passando na porta dele para que ele consiga se deslocar dentro da cidade.
O outro compromisso é fazer com que a gente consiga, de fato, resolver os problemas de setores como Anhanguera, Céu Azul, Vila Guaíra, principalmente em relação ao saneamento. Já estamos conversando com o governador Caiado, nós estamos discutindo a renovação do contrato com a Saneago e essa renovação vai passar pelo fato de que os investimentos têm que chegar para que Valparaíso consiga ter uma boa cobertura de captação de esgoto, e entregue mais saúde, mais saneamento para o nosso morador.
O morador também pode ter certeza que a mobilidade vai estar dentro do nosso projeto, não só no sentido de criar mais calçadas, espaço para que o morador consiga se locomover a pé, mas também dando uma nova dinâmica para o trânsito da cidade, que já é caótico. A ideia é que a gente consiga ainda esse ano inaugurar os viadutos que ligam a marginal de um lado da cidade e compreende, desde São Bernardo até o Jóquei Clube. E do outro lado, o nosso projeto é que a gente consiga fazer também os dois viadutos para poder ligar do Esplanada 5 até o Esplanada 1, fazendo com que o morador saia, por exemplo, de Cidade Ocidental e chegue até o Esplanada 1 sem ter também que acessar a BR.
Inaugurar o viaduto da BR-040 vai fazer com que a BR deixe de ser um problema para a cidade e seja como foi quando a cidade surgiu, um ponto de expansão, de alavancar o comércio, um ponto que traz um movimento que também ajuda a cidade. Só que hoje, o que a gente vê é que a BR acabou com o crescimento da cidade, se tornando um grande problema para o morador.
Nós vamos fazer também com que consigamos ter uma saúde de qualidade, expandindo ainda mais a oferta do que a gente chama de atenção secundária, médicos e especialistas.
Hoje, o prefeito Pábio criou o Centro de Especialidade Médica, só que a gente sabe que o tamanho da cidade de hoje não comporta o Centro da forma como ele está funcionando. Já foi uma inovação muito grande porque nenhuma cidade na região tinha um Centro de Especialidade Médica. Conversei muito com o Daniel Vilela sobre a nossa policlínica, e ele vai ser uma das grandes lideranças em nível de Estado, que vai impulsionar, fazendo com que a gente consiga ter essa obra o quanto antes na cidade, transformando o que a gente tem hoje no CAIS, que é uma das unidades médicas de referência do Valparaíso, numa policlínica que consiga atender não só o morador de Valparaíso, mas os moradores de toda a região, com pediatra, ortopedista, neurologista, com geriatra, com os médicos especialistas fazendo com que o morador deixe de se deslocar para Brasília, ou mesmo para Goiânia, para poder ter acesso a esse tipo de serviço médio.
Ton Paulo – Sobre seu secretariado, ele já está formado? Em quais pastas o senhor deve mexer, e quais nomes o senhor deve manter?
Esses primeiros dias eu tirei para poder agradecer a comunidade, andar nas ruas, apertar a mão do morador, mostrar para o morador que a gente terá uma gestão que vai estar na rua junto com ele para poder ajudar a resolver os problemas da cidade. Depois a gente já iniciou a transição. Nesse momento, agora, a gente está fazendo avaliação da forma como está o governo, das prioridades que a gente precisa definir para que a gente possa, a partir da primeira semana, do primeiro dia de governo, dar soluções aos problemas do morador. E aí, transição caminhando nos próximos 15 dias, um mês, a gente vai começar a pensar em composição de governo.
Acho que o mais importante que temos que destacar é o fato de que não fatiamos o governo para ganhar a eleição. Nós temos compromisso de composição com o nosso grupo político, mas a gente não fatiou o governo, não fez promessa de secretaria com nenhum partido ou com nenhuma liderança política. Eu posso destacar que, inclusive, o prefeito Pábio, que poderia ser o primeiro a fatiar o governo para poder indicar as pessoas que compõem o grupo, também não fez isso.
A gente tem hoje uma condição extremamente favorável de poder fazer um secretariado que esteja realmente comprometido com os avanços que a cidade precisa, um secretariado que consiga desenvolver um bom trabalho, que dê retorno à expectativa que o morador depositou na nossa chapa na eleição. Vamos começar a pensar em composição certamente a partir do meio de novembro pra frente.
Ton Paulo – Qual vai ser o tamanho do papel do prefeito Pábio nessa composição?
O papel do prefeito hoje, e é o que ele tem destacado de forma muito veemente, é um papel de conselheiro. Ele tem dito que não quer ter influência sobre essa composição. Mas num critério de lealdade, de compromisso que eu tenho com ele, de fidelidade ao nosso grupo, eu tenho certeza que ele vai estar na mesa nesse papel de conselheiro para ajudar a montar um governo, porque o compromisso principal do grupo, que hoje é liderado pelo prefeito Pábio e que continuará sendo liderado por ele, é de que a gente tenha um grupo que possa verdadeiramente servir a cidade e não servir a um grupo político ou a uma pessoa política. E nesse compromisso moral que o prefeito tem com o Valparaíso, ele certamente vai estar sentado na mesa ajudando a definir as pessoas que vão compor o governo a título de aconselhamento. É uma grande liderança, eu tenho muito orgulho de fazer parte do grupo do prefeito e muito orgulho também da postura dele, essa posição em que ele se encontra hoje.
Ele vai estar somente a título consultivo para que possa ajudar a ter um governo que dê certo.
Italo Wolff – O senhor mencionou que Valparaíso teve um crescimento explosivo nesses últimos anos, mas é a cidade com mais empresas do Entorno, abriu 3 mil empresas no ano passado. Qual que é a vocação da cidade? O que ela tem de especial?
Valparaíso foi, agora este ano, a quinta cidade que mais abriu CNPJ per capita, ou pessoas, no estado de Goiás, e foi a terceira que mais gerou empregos. A vocação da cidade é serviço. Nós, por estarmos na cidade que é a terceira menor do estado de Goiás em área territorial, não temos espaço para fazenda, para agrícola, pecuária, para indústrias. Então, você acaba dependendo do comércio, porque a cidade é muito pequena. Você tem uma cidade 100% urbana.
Precisamos muito fortalecer a economia da cidade, fazendo com que o morador consiga comprar em Valparaíso, ele consiga fortalecer as empresas que estão em Valparaíso, porque é através dessas empresas que a gente gera renda, gera o emprego e faz com que a cidade siga aquecida. Hoje, Valparaíso se tornou referência no comércio noturno, restaurante, grandes atacadistas, concessionárias. Então, a gente está vendo um processo inverso do que acontecia de forma histórica na cidade: as pessoas saindo de Valparaíso pra ir comprar em Brasília. Hoje vemos acontecer o contrário, as pessoas saindo de Brasília pra ir comprar em Valparaíso.
Isso é um fato que chama muita atenção e faz com que a nossa gestão tenha que se empenhar pra fazer com que sigamos com a economia fortalecida e sigamos dando apoio também às empresas da cidade, fazendo com que a gente consiga ter um comércio forte e que esse comércio forte gere um retorno para a Prefeitura continuar fazendo os investimentos que a cidade precisa.
Italo Wolff – Como é a situação financeira da cidade hoje?
Valparaíso, hoje, tem uma força muito grande, como eu disse, na parte de comércio, na construção civil também, que gera uma renda muito importante para a cidade. Valparaíso foi a cidade, dentro do estado de Goiás, mais contemplada pelos benefícios da Agehab. Então, os benefícios para aquisição da casa própria, com subsídio do governo federal e subsídio do governo do Estado, construíram muito. Isso é um ponto importante, porque a construção civil, como eu disse no começo, gera emprego, gera renda, mas esse crescimento também traz alguns problemas de estrutura.
A gente também tem uma economia que acaba dependendo muito também dos impostos municipais como o IPTU, o FPM também é uma renda que faz uma diferença muito grande para a manutenção da cidade. O que é mais importante hoje é que, imagina só, o prefeito Pábio assumiu a cidade em 2017 com quase 70 milhões de reais em dívidas. E agora, a gente vai conseguir assumir a cidade, pelos levantamentos que a gente está fazendo, numa condição muito melhor do que a que o prefeito Pábio assumiu. É claro que a gente precisa fazer alguns ajustes e nós vamos fazer esses ajustes, mas a condição que a gente assumiu a cidade hoje é propícia para que a gente possa continuar fazendo investimentos.
Não só investimentos em estrutura, mas também no plano de carreira do servidor que precisa passar por uma reformulação esse ano, para que a gente faça um concurso público. E sabemos que tudo isso tem impacto financeiro, e a condição hoje que a gente consegue ver é que vamos assumir uma prefeitura que vai permitir que consigamos fazer esses investimentos, e é claro, chamando o servidor, dialogando com ele sobre um plano de carreira que vai contemplar os seguidores públicos de Valparaíso.
Ton Paulo – Passado esse clima de eleição, já houve alguma tentativa de diálogo com a deputada Lêda, com o grupo dela?

Naturalmente, com o encerramento do processo político municipal, a gente já começa a vislumbrar o que vai acontecer para 2026. Eu disse para o próprio governador que estou no projeto dele
A primeira coisa que eu fiz quando terminei a eleição foi ligar para todos os candidatos. Liguei para todos eles, é claro. Um não atendeu, o Zé Antônio, não consegui falar com ele, mas enfim. Fiz questão de ligar pra todos justamente pra passar a informação de que eleição acabou e que a nossa ideia é trabalhar para a cidade. A gente não vai governar para os 62% dos eleitores que acreditaram no nosso projeto. A gente vai governar pra 100% da cidade. E é importante também que as lideranças políticas consigam estar envolvidas nesse processo de gestão. Às vezes não ocupando um cargo, mas vai ser envolvida apresentando projetos que podem, de verdade, melhorar a cidade.
A nossa ideia é unificar a cidade do ponto de vista político. Agora, isso depende, é óbvio, do interesse de cada um dos players. Eu quero acreditar, de verdade, que a deputada Lêda possa ser não uma parceira da nossa gestão, mas uma parceira da cidade. E a cidade está ansiosa para poder receber os investimentos de uma deputada federal que foi a primeira deputada federal eleita por Valparaíso. Eu quero acreditar que ela vai cumprir os compromissos de destinar 80 milhões em emendas. É ela mesmo quem faz essa afirmação em vídeo, em um comício que teve na cidade por parte do grupo político que ela defendeu na eleição, e eu acredito muito que esses 80 milhões vão chegar. Até porque ela é uma grande liderança da região, eu quero acreditar que ela vai cumprir com a palavra dela.
A eleição acabou dia 6 de outubro. E ela sabe bem também quais são os problemas da cidade. Eu quero acreditar que ela possa destinar os recursos, para que a gente possa resolver esses problemas. Porque um gestor ou um player político que só sabe falar de problema, ele não consegue apresentar soluções. E eu quero acreditar que ela também possa ter boas soluções para a cidade e que ela também possa fazer parte da resolução desses problemas. E a ideia é que a gente tenha uma gestão de diálogo com as pessoas que estão interessadas em fazer com que a cidade avance.
Italo Wolff – Em Goiânia, a boa aprovação do governador está muito relacionada com a segurança pública. E em Valparaíso, qual a situação da segurança?
Em 2012, quando eu fui candidato a vereador, um grande problema que a gente tinha era a segurança pública. Valparaíso foi matéria de jornais em nível nacional, dizendo que era uma das cidades mais perigosas do mundo. A cidade passava por um processo muito difícil, o comerciante vivia atrás das grades. Era o processo inverso: ele tinha que colocar a grade na porta do comércio pra não passar por algum tipo de violência.
Hoje, Valparaíso deixou de ser a cidade mais perigosa do mundo pra ser a terceira melhor cidade pra se viver no estado de Goiás, para ser a oitava no ranking de segurança pública no Centro-Oeste. E é claro que isso passa pela mão diretamente do governador Ronaldo Caiado, mas também passa pela avaliação positiva do prefeito Pábio, que conseguiu fazer com que a gente tivesse uma iluminação melhor, conseguiu fazer com que o serviço de manutenção da cidade funcionasse de fato, retirando o lixo da rua, roçando, tapando buraco, fazendo com que as escolas funcionassem de verdade.
Então, a boa avaliação do governador Caiado foi uma obra conjunta também da boa avaliação do prefeito Pábio. E isso passa diretamente pela segurança pública, com certeza.

A gente tem hoje uma condição extremamente favorável de poder fazer um secretariado que esteja realmente comprometido com os avanços que a cidade precisa, um secretariado que consiga desenvolver um bom trabalho
Ton Paulo – Como o senhor avalia as movimentações já em curso do governador, e o nome dele na corrida eleitoral de 2026?
Naturalmente, com o encerramento do processo político municipal, a gente já começa a vislumbrar o que vai acontecer para 2026. Eu disse para o próprio governador que estou no projeto dele. O que ele definir, nós estaremos juntos e eu acho que não tem nenhuma pessoa mais capacitada para resolver os problemas que o país enfrenta, seja na segurança pública em outros estados, seja de ordem econômica e financeira, seja na questão da geração de emprego no país como um todo, na educação que precisa fazer com que outros estados avancem como o Goiás avançou.
E onde eu tiver a oportunidade de andar, seja em qual lugar for, eu vou apresentar essas informações para que o morador de todo o país saiba que Goiás tem um governador responsável, um governador trabalhador, um governador honesto, um governador que sabe olhar com carinho para o morador. Que sabe também a forma certa de resolver os problemas que o estado de Goiás sempre passou, e que hoje a gente vê que, não apenas pelo fato de ter olhado para esses problemas e ter dado solução, mas também pelo carinho que ele tem com o morador, que ele é o governador mais bem avaliado do país.
Então, eu tenho convicção que o governador Caiado, se for da vontade de Deus, do povo brasileiro, ele será o melhor presidente da história do país.
Ton Paulo – Há, às vezes, uma confusão quanto às competências dos governos em municípios do Entorno do DF, como Valparaíso. Como isso vai ser trabalhado na sua gestão?
O que eu disse muito durante o período do processo político é que Valparaíso sempre teve esse apelido de ‘nem Goiás, nem DF’ que, pra mim, é um apelido muito pejorativo pra cidade. Mais do que defender as obras, e nós vamos defender as obras, o avanço da infraestrutura na cidade, da educação, da saúde, a gente tem que defender um legado. O morador de Valparaíso precisa criar raiz, precisa entender que Valparaíso é a cidade que está dando oportunidade de moradia, de emprego, de estudo, Valparaíso é a cidade que está acolhendo esse morador. E olha, é uma cidade que tem gente de todos os lugares do Brasil.
As pessoas, elas vêm ou vieram em busca da capital, do surgimento de Brasília, para poder buscar trabalho, buscar um estudo, e pela dificuldade, por conta da situação econômica, acabaram migrando para Valparaíso. Nada mais justo do que esses moradores que foram acolhidos pela cidade agora devolverem com amor, com respeito à cidade, com apego, dizendo que quem mora em Valparaíso não tem nada do Distrito Federal, quem mora em Valparaíso é goiano.
Eu dizia na época da eleição que quem mora em Valparaíso é goiano, e quem não come pequi vai ter que aprender a comer pequi, vai ter que aprender a comer gueroba, porque a gente precisa dessa valorização cultural das pessoas. E a gente consegue ver, no olho do morador, quando a gente estava andando na campanha, conversando, que hoje existe um sentimento de pertencimento. O morador já não quer mais o problema do buraco na porta, o morador não quer mais o lixo sendo jogado pelo vizinho na rua, não quer mais chegar e ter um serviço público ineficiente. Ele está cobrando, mesmo que não use o serviço público, cobrando porque ele tem um vizinho, tem um parente, tem alguém que usa. Ele quer uma cidade que consiga avançar de forma ordenada, então a gente está vendo que isso é muito positivo, porque isso é engajamento.
Italo Wolff – Falamos sobre saúde, segurança, infraestrutura. E como está a educação no município?
Nós vamos finalizar o ano agora com um Ideb de 5.8, acima da média nacional e do estado. Em 2017, o Ideb era de 3. Mas nós tivemos um problema em nível nacional. Com a pandemia, os pais não conseguiam mais pagar a escola, os filhos estudaram em casa. O que eles fizeram? Migraram os filhos para as escolas públicas. Lá em Valparaíso, quando os pais migraram os filhos para a escola pública e viram que o sistema de ensino público da cidade funciona, eles acabaram deixando os filhos na escola pública.
Valparaíso saiu de 17 mil alunos em 2017 para 31 mil alunos, quase 31 mil alunos agora em 2024. Quase dobrou a quantidade de alunos em sala de aula, justamente porque os pais migraram os alunos da escola particular para a escola pública. E também, é claro, devido ao avanço da cidade, ao crescimento da cidade. Mas poucas cidades tiveram um avanço tão grande no número de alunos em sala de aula como teve Valparaíso.
Se fosse um serviço que não funcionasse, o pai naturalmente iria retirar o filho da escola pública e iria migrar de novo para a escola particular. Mas o pai consegue ver que hoje, das, se eu não me engano, 31 escolas que a gente tem no município, quase 100% delas foram reformadas, tiveram alguma ação de infraestrutura, troca de telhado, ampliação de pintura, expansão de sala de aula, construção de escola do zero, que não existia, finalização de obras de escola, que estavam há 12 anos paradas.
Nós tínhamos seis prédios que estavam há 12 anos parados. E conseguimos, agora, nesse último mandato, entregar todos os seis prédios, fazendo com que aqueles espaços, que eram um elefante branco, espaço que era usado por morador de rua, assalto, usuário de droga, imagina, equipamento público subutilizado, se tornou um espaço de vida. Onde o pai, que às vezes tinha medo de passar ali na frente, hoje ele tem o orgulho de ter o filho matriculado e fazendo parte dessa educação, desse sistema de ensino do município.
Eu quero dizer ao morador de Valparaíso que ele pode confiar que a gente vai se empenhar muito para fazer com que o resultado da eleição seja convertido em ações práticas para fazer com que a cidade se desenvolva. Eu carrego uma responsabilidade muito grande de estar como o prefeito mais bem votado da história da cidade. Primeira vez na história da cidade que um candidato vence em todas as urnas. Isso é muito representativo, isso mostra a expectativa do morador sobre a nossa gestão. O morador pode ter certeza que essa expectativa não será frustrada. Nós vamos trabalhar, nós vamos nos empenhar.
O morador vai ver que vai ter um prefeito que vai estar de verdade andando na cidade, buscando soluções práticas para que a vida do morador melhore.