A numeração que os candidatos a vereador escolhem em uma eleição não representa apenas um ornamento para o santinho eleitoral. Cada aspirante segue uma estratégia aliada a uma comunicação criativa para que o próprio número seja fácil de memorizar. Assim o eleitor não se esquecerá em quem deseja votar no momento que for para a urna.

Lembrando que a numeração para vereador é composta por cinco dígitos, com os dois primeiros sendo do partido em que concorre. Já os últimos três números são escolhidos pelo próprio candidato, conforme as regras da legenda para a chapa de vereadores. Cada sigla possui uma série de critérios próprios para que essa decisão não resulte em conflitos.

Por exemplo, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) estabeleceu que os candidatos de eleições anteriores poderiam manter a própria numeração. Ao mesmo tempo, os novos candidatos decidiram os dígitos por “ordem de chegada”. Ou seja, com base no tempo de filiação na sigla, uma fila foi montada para que os concorrentes escolhessem os números.

A mesma regra do MDB ainda foi adotada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), segundo a presidente estadual Kátia Maria. O líder estadual do Avante, Thialu Guiotti, contou que a sigla também seguiu a ordem de filiação. Já outros partidos como o Solidariedade e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) também buscaram utilizar o consenso entre os nomes.

O número ideal

Cada candidato segue uma estratégia própria para definir qual número pretende utilizar nas eleições. Por exemplo, a candidata Ludmila Rosa (PSB) optou pelo formato clássico sequencial “123” no “40.123” e ressaltou a importância da escolha da numeração. “Uma parte da minha negociação para ingressar ao PSB incluiu receber um bom número”, conta.

Além dos números sequências e da numeração repetida, seja o “000” ou “555”, o candidatos também possuem estratégia de repetir o número do partido nos dígitos finais. Esse foi o caso de Kátia Maria e Welton Lemos, os dois colocaram um “0” e depois repetiram o número da legenda. Respectivamente os números foram “13.013” e “77.077”.

“Eu acho que é um número fácil de trabalho, um que cria identidade com o meu eleitorado também, já que utilizei essa numeração nas últimas eleições”, explica Kátia. Já Lemos considera que é um número que pode encaixar bem uma campanha: “É um número fácil de gravar e pode encaixar com o nosso projeto e com dingos relacionados, por exemplo”.

Ainda há quem escolhe o número na casa das centenas, como Guiotti, que optou pelo “70.300”, uma decisão que também foi influenciada pela história de Gideão. “Tem uma conotação bíblica sobre um líder que juntou 300 valentes para ganhar uma guerra contra milhares. Isso possui um simbolismo porque eu sou do segmento evangélico”, justifica.

Há também candidatos que optarem pelo número “062” porque é o código de área de Goiânia e de outras cidades goianas. Também há candidatos que são policiais, bombeiros e paramédicos que colocam o telefone dos serviços de emergência como o número final. Por exemplo, o “190”, o número da Polícia Militar (PM), foi um dos mais disputados.

Ainda há escolhas de número que homenageiam nomes importantes da política goiana. Por exemplo, Henrique Alves (MDB) pediu permissão ao vice-governador Daniel Vilela (MDB) para utilizar o “15.010”, o número que ele utiliza nas eleições. “Pela amizade e boa relação com o Daniel, o número também é bem votado e tem dado sorte até então”, relata.

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