Os recentes acordos de apoio nos últimos dias aos dois candidatos à Presidência em disputa no segundo turno das eleições criou expectativas quanto à composição dos futuros ministérios e reposicionou jogadores relevantes na competição política e eleitoral.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não seu sinais de que antecipará nomes de sua equipe, caso vença o pleito, mas a terceira colocada na disputa presidencial, Simone Tebet (MDB), o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (União Brasil) e a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), são citados nos bastidores para eventual ministério lulista. Além deles, o petista indica que almeja uma composição não só com integrantes do PT ou de partidos aliados, mas também com “gente de fora”.

Já o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) aposta na ininterrupção, com um quadro majoritário de técnicos, encabeçado pelo ministro Paulo Guedes, porém não descarta a hipótese de abrir espaço para novos aliados.

Ministérios de Lula

Lula sugeriu a Tebet, ainda que sutilmente, que gostaria de tê-la como ministra em um futuro governo. Apesar disso, ela tem se desviado do assunto e preferiu não se alongar na questão. Lula procurou triunfar a recém-apoiadora destacando o seu potencial e afirmando que a emedebista é superior aos 4% de votação verificado pelas urnas. Segundo interlocutores da emedebista, Simone Tebet pode até virar ministra, mas esta é uma conversa para depois da eleição.

Henrique Meirelles (União Brasil) anunciou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) já no primeiro turno das eleições 2022. A presença do ex-ministro da Fazenda em eventos promovidos pelo Partido dos Trabalhadores animou o mercado financeiro e se criou uma expectativa para que ele faça parte de algum ministério de um eventual governo do ex-presidente.

Principal aliado do PT no plano nacional, o PSB – partido do candidato a vice Geraldo Alckmin – pode ser prestigiado com dois ministérios. Além do espaço reservado ao partido, o ex-governador Flávio Dino (PSB), senador eleito pelo Maranhão, deve figurar na Esplanada na cota pessoal de Lula, de acordo com fontes ligadas ao petista.

Interlocutores das duas siglas indicam que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, pode ser indicado para a pasta de Ciência e Tecnologia, em caso de vitória do petista – um espaço sempre ocupado pelo PSB em gestões petistas.

Após acordo com o PT para colocar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) na cabeça da chapa ao Governo de SP, o ex-governador Márcio França (PSB) também é cotado para eventual ministério lulista. A derrota na disputa pelo Senado em São Paulo não estava na conta.

Ministérios de Bolsonaro

Se reeleito, os interlocutores apontam que Bolsonaro pretende manter o formato de um governo composto majoritariamente por quadros técnicos, até porque é um dos discursos que vem renovando na campanha. Nos bastidores, fontes ligadas ao presidente Bolsonaro comentam que ele não abriu espaços para partidos aliados no primeiro escalão, embora omita que loteou os cargos de segundo escalão para acomodá-los.

Contudo, há expectativa de que, na hipótese de reeleição, o presidente abra espaços para, pelo menos, dois partidos. Em primeiro lugar, sua própria legenda, o PL: titular das maiores bancadas da Câmara e do Senado, dificilmente Bolsonaro deixará de indicar um quadro da sigla para o ministério.

O outro partido seria o União Brasil, que deverá integrar a base de sustentação de seu eventual segundo mandato, caso se concretize a federação com o Progressistas (PP) do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Nesse sentido, o União Brasil como aliado do bolsonarismo lança o nome de Rodrigo Garcia. Nos bastidores, costura-se um retorno do tucano para a sua antiga legenda, o Democratas (DEM), inserida ao União após a fusão com o PSL.

Já o apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que se reelegeu no primeiro turno, tem como pano de fundo a ambição eleitoral do mineiro. De olho na sucessão em 2026, Zema se coloca desde já como potencial candidato da direita à sucessão de Bolsonaro, e mira num eventual apoio do chefe do Executivo, caso ele consiga se reeleger.