Produtores rurais lançam movimento em apoio a Lula em Goiás

26 outubro 2022 às 16h00

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No segundo turno das eleições presidenciais, o apoio do agronegócio aos presidenciáveis mostra as diferentes facetas e interesses defendidos pelo setor. Enquanto Jair Bolsonaro (PL) angariou o apoio da bancada ruralista da Câmara dos Deputados, em Goiás surgiu um movimento denominado “Agro pela Democracia” em apoio a Lula (PT). Com 200 assinaturas, ele foi lançado na manhã desta quarta-feira, 26, em um hotel da Capital.
O evento contou com a presença da senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO) e do deputado federal Neri Geller (Progressistas-MT), ex-ministros da Agricultura durante os mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Também reuniu políticos do PT, PSB, PV, PCdoB e PSDB, entre eles Jalles Fontoura, que é um dos coordenadores.
Apesar do apoio majoritário do setor à campanha de Bolsonaro, Jalles destaca que o agronegócio brasileiro não tem identidade partidária. Ele frisa que esse movimento nasceu na necessidade de reafirmar valores de defesa da liberdade de expressão.
“A democracia foi conquistada a duras penas pela sociedade. O agronegócio é um robusto ativo do Brasil nas relações comerciais com o mundo e precisamos garantir uma conjuntura política que não coloque em xeque os valores democráticos que permitiram que alcançássemos este patamar de solidez. Precisamos de um posicionamento da democracia que esse governo não tem”, afirmou
Outro fator de destaque foi a questão do meio ambiente. Para ele, o cerrado precisa de “socorro”. “A inclusão desse tema para fortalecer o agro é crucial. Com diálogo e números, precisamos retomar a razão e equilíbrio. O agro precisa de paz e o ex-presidente assumiu o compromisso com o setor no Estado. Lula passa mais confiança”, frisa Jalles.
Para Rodrigo Zanni, presidente do Sindicato Rural de Nerópolis, a democracia é fundamental para o desenvolvimento da sociedade brasileira. “Sem democracia acabou tudo. Nós lançamos a ideia e recebemos adesões de diversas pessoas. E hoje se consolida um movimento que luta pela democracia, do pequeno ao grande produtor. Toda a cadeia econômica do agro demonstrando que o setor não é cadeia de facção política. Agro não tem partido. É do Brasil. É produção de alimentos. Queremos pacificar esse país, por meio do diálogo”.
Para ele, o setor agronegócio viu o Plano Safra ser respeitado e multiplicado com recursos cada vez maiores destinados aos produtores. “Vivenciamos programas importantes que permitiram a mecanização do agro. A transformação da ordem mundial impõem desafios ao agronegócio e o escanteio do Brasil no cenário internacional coloca o produtor rural em posição precária e desconfortável”, lamenta.
Pragmatismo
A senadora ruralista Kátia Abreu afirmou que a escolha pelo candidato petista nas urnas no próximo dia 30 de novembro tem caráter pragmático. “A nossa perda de credibilidade na comunidade internacional chegou ao limite. Somos considerados um país irresponsável no que diz respeito às mudanças climáticas. Peço a você que leia o que está escrito lá fora sobre o governo Bolsonaro e o Brasil. Votar no Lula não é uma ameaça às nossas fazendas e aos nossos negócios. Nesse momento, só ele pode conseguir reverter essa situação caótica junto à União Europeia”, afirmou Kátia, que atualmente preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.
De acordo com a parlamentar, os principais alvos são a soja e a carne bovina. “Nossos dois principais produtos de exportação. Essa iniciativa da União Europeia, segundo maior comprador dos nossos produtos agropecuários, foi motivada pelos desmatamento ilegal na Amazônia desde 2019”, afirmou a parlamentar. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Sou produtora rural há 35 anos e representante do agro há 27 anos”, disse. Algumas entidades do setor produtivo, contudo, romperam com ela quando se posicionou contrária ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A senadora, embora apontada como aliada de Lula, não declarou publicamente seu apoio ao candidato petista no primeiro turno, mas vem fazendo demonstrações de alinhamento neste segundo turno.
O deputado federal Neri Geller salienta a importância da democracia no setor do agronegócio. “Estou muito feliz por estar aqui ao lado de grandes lideranças rurais, que prezam pela liberdade, pela democracia e pela volta do diálogo pacífico com o nosso setor produtivo. Estamos discutindo propostas como, por exemplo, taxas mais baixas de juros para investimento e custeio da produção”, afirmou.