Pesquisa revela que Bolsonaro tem 51% entre evangélicos, enquanto Lula 27%
31 agosto 2022 às 17h19
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Pesquisa Genial/Quaest para as eleições presidenciais de 2022, divulgada nesta quarta-feira, 31, revela que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está com 51% das intenções de voto entre os eleitores evangélicos. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 27%. Ambos oscilaram um ponto percentual para baixo na comparação com o levantamento anterior da Quaest, publicado em 17 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Enquanto isso, o Datafolha mostra que o candidato Lula está ligeiramente na frente de Jair Bolsonaro entre os evangélicos que ganham até dois salários mínimos. O levantamento aponta que o petista tem 41% das intenções de voto no primeiro turno neste público – que soma 53% dos fiéis entrevistados –, contra 38% de Bolsonaro.
De acordo com cientista político Lehninger Mota, a pobreza é um escudo do ex-presidente Lula para angariar votos dos evangélicos. “Em qualquer segmento social, o candidato do PT tem uma ampla vantagem entre as pessoas mais pobres. Bolsonaro consegue dominar o meio evangélico muito forte devido à ideologia. Os líderes transmitem a ideia de que o público precisa ter representantes, por isso faz uma Câmara dos Deputados, por exemplo, ter uma bancada forte”, disse.
Segundo Mota, a ala ideológica das igrejas constrói a ideia de que Lula pode fechar igrejas e defender o aborto em algum momento. “Essas pautas conservadoras permitem que Bolsonaro faça essa conexão mais rápida e fácil com esse público. Nesse quesito o que salva o Lula são as pessoas mais pobres, porque elas pensam que o petista vai melhorar a vida econômica delas”. Para alcançar o grupo religioso, Mota sugere que Lula comunique melhor o cumprimento da legislação e garanta que não vai fechar nenhuma igreja.
Movimento religioso novo no Brasil, a igreja evangélica começa no país na virada do século 19 para o século 20, no início do Brasil moderno, da industrialização. “E tem crescido exponencialmente nos últimos 40 anos. Nos anos 1980 chegavam a 3% a 4% da população e na última pesquisa Datafolha estão em 31%”, afirma o professor e sociólogo Rafael Rodrigues. “Qualquer observador que tenta entender o Brasil contemporâneo, precisa enfrentar o tema dos evangélicos”.
O professor Rafael explica que o crescimento dos evangélicos na cena pública brasileira não foi somente demográfico, mas qualitativo. E lembra que a segunda maior emissora de TV do país é de um dos líderes da igreja, a Record. Assim como o maior jornal do Brasil em tiragem é a Folha Universal e o gênero gospel já é o segundo mais tocado nas plataformas de música. E, claro, a bancada evangélica.
“Comparando o voto por recorte religioso, fica evidente a influência na eleição de Jair Bolsonaro: 70% para Bolsonaro, 30% para Haddad. Quase 10 milhões de votos a mais. Isso é uma novidade no campo político brasileiro: o protagonismo dos evangélicos. É dessa força que a gente está tratando.”
Bolsonarista, o candidato a governador de Goiás Major Vitor Hugo (PL) frisa que todas as religiões são importantes. “Eles [evangélicos] defendem os mesmos valores que eu defendo. Sou católico e Wilder também da nossa chapa é católico, mas nós fizemos questão aproximarmos dos evangélicos. Tanto que a minha vice é uma pastora evangélica da região do Entorno de Brasília. Eu tenho muita aceitação no meio evangélico”. O deputado federal salienta que quanto mais pessoas que defendem Deus, pátria e família, e se interessar por política, é melhor. “Quanto mais pessoas com valores, que defendam Deus, pátria, família e liberdade e estiverem próximos da gente e juntos do nosso presidente, melhor o nosso país será”.
Candidata a deputada federal, a missionária Keila Bieliski (PTB) diz que a sua bandeira é proteger a família e as leis da igreja. “Temos uma visão de manter todos os princípios divinos. Queremos preservar os valores familiares e precisa ter representante dessa área porque as pessoas nascem de um homem e mulher. Independente de religião, a base é a família. Mesmo com orientação sexual diferente, a pessoa tem pai e mãe. Queremos agregar valores”. Apesar disso, ela defende que não é radical. “Eu uso do amor e da paz. Eu não sou radical”, assegura.