Onda de renovação do Congresso decepciona e velha política ganha força
25 agosto 2022 às 17h31
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O número de deputados federais que estão em exercício do mandato e tentarão reeleição é o maior da história, apontam números do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dos 513 deputados federais, 446 vão tentar se manter no cargo na eleição deste ano. O número equivale a 86,9% do total, superando o recorde anterior, de 1998, quando 443 tentaram se reeleger. Ao todo, 10.453 candidatos disputam uma vaga na Câmara.
De acordo com o Diap, dos outros 67 deputados em exercício, 24 vão concorrer ao Senado; 13 ao governo do estado; 5 uma vaga nas Assembleias Legislativas; 5 a vice-governador; 1 a vice-presidente; e 19 não vão concorrer a cargos públicos.
Em Goiás, 13 deputados tentam se reeleger. Delegado Waldir (União Brasil) e João Campos (Republicanos) tentam uma vaga para o Senado, enquanto Major Vitor Hugo (PL) a governador de Goiás. José Mário Schreiner (MDB) foi o único que decidiu não postular para nenhum cargo eletivo neste ano.
Para o cientista político Lehninger Mota, dada às emendas impositivas e a maneira como o Centrão articulou no Congresso Nacional, é pouco provável uma renovação significativa na Câmara Federal. “Os deputados que estão com mandato teve muita verba para enviar aos seus redutos eleitorais. Foi algo nunca visto”, afirmou ao Jornal Opção.
Com discurso de “nova política”, segundo dados da Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, foi justamente a eleição de 2018 que registrou a maior taxa de renovação da casa legislativa na Nova República: 47,37%, com a eleição de 243 parlamentares de primeiro mandato e 251 reeleitos, de um universo de 444 candidatos à reeleição.
Mota acredita que esses políticos vão reforçar a ideia de sucesso parlamentar para atrair a confiança do eleitorado. “Eles vão passar as informações que fizeram um bom trabalho” Além disso, ele frisa que os prefeitos vão ter papel importante nas eleições de 2022.
“Uma coisa que vai voltar a vigorar é a força das prefeituras apoiando os deputados federais. Em 2018, houve uma ruptura entre essas lideranças e os eleitores. Vários mandatários conseguiram serem eleitos sem ter prefeitos os apoiando. A tendência é ao contrário, principalmente pelos trabalhos que fizeram durante a pandemia, o que resgatou o prestígio dessas lideranças junto com a população”, frisou.
Lehninger prevê que a polarização nacional protagonizada entre os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) não vai atingir os resultados dos candidatos regionais. “Os estados ficam distantes nessa polarização de Brasília. Não acredito que o Bolsonaro consiga transferir os votos para os candidatos da chapa majoritária, como fez em 2018. Nesse ano, esse fenômeno ocorrerá de forma bem mais apaziguada. No caso do Lula, de igual forma. Isso mostra que a força dele não consegue repassar da mesma intensidade para os políticos petistas aqui em Goiás”.