Imparcialidade, abertura, diálogo e serenidade. Esses foram os valores que nortearam a conduta da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás (OAB-GO), durante o processo eleitoral no Estado. Isso é o que informou à reportagem o presidente da instituição, Rafael Lara, em entrevista exclusiva concedida ao Jornal Opção sobre como conduziu a postura da Ordem durante esse período, considerando tratar-se, esta, de uma das instituições responsáveis pela fiscalização do processo eleitoral e também por ser, em virtude de sua função social e ativismo historicamente comprovados, formadora de opinião e observadora atenta dos mais diversos aspectos da vida em sociedade.

“Procuramos fazer nossa parte com o máximo de isenção possível, porque não é papel da Ordem ter lados, ter partidos, quaisquer que sejam. Veja, estamos atravessando, não apenas em Goiás mas em todo o País, um momento de extrema polarização em que, de repente, usar uma roupa de uma determinada cor, ouvir determinada música ou ter preferência por determinado jornalista ou artista já são motivos para que a pessoa seja rotulada como sendo de determinado lado. O mesmo acontece com empresas, entidades, instituições. Cientes desse risco, aqui na Ordem nos preparamos para atuar com o máximo de isenção e cuidado”, relata Lara, que afirma ter decidido, a partir disso, manter as portas da OAB-GO abertas aos candidatos.

“Todos os que solicitaram agenda foram muito bem recebidos, ouvidos mas, também, informados de que a Ordem não tem partido e não apoiaria ninguém”, comenta o presidente da instituição, que lamenta o clima de extremismo político para o qual entende que o País está caminhando cada vez mais. “Sou uma pessoa que acredita no diálogo, no exercício da dialética, na capacidade de se extrair algo de positivo e de conhecimento a partir da troca de ideias e posicionamentos. A Ordem não se prestou a dialogar sobre lados quando recebeu candidatos, mas, sim, dar à sociedade o exemplo do que entendo ser a postura de toda a coletividade: uma postura de cordialidade, mais condizente com o estado democrático em que vivemos”, pontua.

Mesmo assim, ainda de acordo com o presidente da instituição, a OAB-GO chegou, em determinado ponto, a receber duras críticas por ter recebido um candidato em especial, como se, ao recebê-lo, estivesse eventualmente demonstrando apoio a ele. “Bom, no meu entender, não recebê-lo é que seria assumir lado, uma vez que recebemos todos, simplesmente todos os 24 candidatos que pediram, sem olhar partido, porque a advocacia é plural e estamos aqui para representar esse multiverso. Fechar a porta para um deles é que seria tomar lados, não? O problema é que, de fato, nesse momento histórico, até mesmo o fato de se manter isento é, paradoxalmente, interpretado como uma tomada de posicionamento político-ideológico, tal o grau de polarização a que chegamos”, analisa Rafael Lara.

Segundo Lara, em todas as visitas recebidas buscou direcionar o tom das conversas com os candidatos para demandas específicas da advocacia. “Tudo transcorreu de forma muito pacífica, desapaixonada e respeitosa, de ambos os lados: o nosso e o dos candidatos. Nos os ouvimos e eles a nós. Acredito que foi produtivo, portanto”.

Ainda segundo Rafael, os colaboradores da Ordem, diretores e membros do Conselho Seccional, das diversas comissões temáticas e do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) foram expressamente orientados a evitar qualquer clima de animosidade mesmo internamente. “É óbvio que mesmo aqui dentro há conselheiros de lados opostos. O que pedi foi para que o respeito e a postura de civilidade e democracia imperassem muito acima de qualquer ideologia político-partidária em nosso dia a dia, durante o processo eleitoral e, também nesse sentido, fui muito bem atendido, tendo recebido integral apoio de todos, que deixaram suas eventuais rivalidades políticas do lado de fora de nossa sede, o que nos possibilitou atravessar o período sem nenhum traço de hostilidade, intolerância ou desarmonia internos”, comemora.

Ao final da entrevista, a pedido de seu presidente, assessoria de imprensa da OAB-GO apresentou à reportagem a lista de todos os candidatos que visitaram a instituição. Foram eles:

Wolmir Amado – PT (governador)
Zé Frederico – MDB (deputado federal)
Cairo Salim – PSD (deputado estadual)
Lincoln Tejota – UB (deputado estadual)
Fabianne Leão – PP (deputada federal)
Elias Vaz – PSB (deputado federal)
Gustavo Mendanha – Patriota (governador)
Bruno Peixoto – UB (deputado estadual)
Virmondes Cruvinel – UB (deputado estadual)
Marconi Perillo – PSDB (senador)
Edson Raiado – Avante (deputado federal)
Thelma Cruz – Republicanos (deputada estadual)
Carolina Pereira – Republicanos (deputada federal)
Coronel Urzeda – Avante (deputado estadual)
Alexandre Baldy – PP (senador)
Edward Madureira – PT (deputado federal)
Fabrício Rosa – PT (deputado estadual)
Virmondes Cruvinel – UB (deputado estadual)
Fernando Sales – SDD (deputado federal)
Geraldo Silva – DC (deputado federal)
Cíntia Dias – PSol (governo)
Francisco Junior – PSD (deputado federal)
Delegado Eduardo Prado – PL (deputado estadual)
Professor Pantaleão – UP (governo)

Pós-eleição

Cristiano Galindo – SDD (deputado estadual)