O pleito para escolher o representante goiano no Senado Federal causou uma das maiores surpresas das eleições de 2022, em todo o Brasil. Enquanto era esperado que Marconi Perillo (PSDB) e Delegado Waldir (União Brasil) brigassem pela vaga, Wilder Morais (PL) conseguiu vencer a corrida eleitoral.

Entretanto, com uma grande margem de não-votos nas pesquisas, incluindo indecisos e brancos/nulos, o professor de Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS-UFG), Pedro Santos Mundim, explica que o cenário surpreendente poderia ser previsto.

“Como é corrida ao Senado é majoritária, mas não tem segundo turno, inúmeras pessoas só decidem o voto na reta final. Então, o cenário fica aberto para esse tipo de acontecimento”, comentou Mundim. Ele também destaca que, segundo a pesquisa Serpes, até uma semana antes do pleito, quase 16% dos entrevistados ainda estavam indecisos. “Parece que todos que estavam indecisos foram para o Wilder Morais. Pode ter acontecido algum tipo de movimento na reta final ou ele se aproximou mais da imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL)”, completou.

Outro fator que o docente da UFG apontou foi a ausência de um favorito nato que disparou na frente dos levantamentos, mesmo com a presença de um figurão como ex-governador. “Não teve nenhum candidato despontando como favorito franco. Por exemplo, o Marconi tinha um teto que parecia não passar disso, como realmente aconteceu”, explicou o especialista.

Na análise de Mundim, a demora para escolha de senador que permitiu o cenário, mesmo que surpreenda, deve ser encarada como normal. Por conta de os cargos executivos investirem em campanhas mais vistosas e atrativas para o debate público e imprensa, o eleitor ainda se confunde. Com menor força, as campanhas para parlamentares permitem cenários de maior dúvida e indecisão, garantindo que surpresas sejam comuns.