Eleição em dois turnos favorece democracia com representação da maioria, explica analista
04 setembro 2022 às 14h08
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As eleições no Brasil ocorrem em dois turnos somente nas disputas pelo cargo de presidente da República, governador e prefeito (com municípios acima de 200 mil eleitores). Entretanto, caso um candidato consiga a maioria dos votos válidos, sem contar brancos e nulos, ele poderá ser eleito com apenas um turno, sem a necessidade de outra etapa. Se isso não for possível, os dois pretendentes mais votados disputam uma outra votação e é eleito quem conseguir a maioria do eleitorado.
Em entrevista para o Jornal Opção, o professor de Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS-UFG), Pedro Santos Mundim, destacou que essa questão acontece por um detalhe muito simples. “No regime democrático, o ideal é que o governo seja da maioria, sendo governado justamente pelos desejos majoritários de um determinado grau de população”, explicou o docente.
Para exemplificar a situação, o ex-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFG (PPGCP) criou uma conjuntura fictícia eleitoral. “Imagine um contexto em que não tivesse dois turnos, com o primeiro candidato alcançando 28%, o segundo batendo 27%, o terceiro atingindo 20% e quarto na casa de 6% dos votos. Seríamos governados pelo primeiro candidato e ele claramente não é o preferível pela maioria. Então, uma das necessidades do sistema de dois turnos seria para fazer com que a eleição seja de um representante que, naquele momento de fato, represente os desejos e vontades da maior parte da população de uma determinada localidade”, exemplificou o cientista político.
Entretanto, o professor também ressaltou que o sistema de dois turnos não é a única forma democrática que existe. “Eventualmente, as regras eleitorais diferentes das nossas não necessariamente minam a democracia. Um exemplo é o modelo norte-americano, por mais que seja presidencialismo, possui a questão dos colégios eleitorais”, explica. Mundim também lembrou que “não existe apenas um sistema político que se conecta com a democracia”, ainda apontando países democráticos que seguem um regime parlamentarista.