Candidaturas com identidade religiosa crescem ao menos 22% em Goiás
24 agosto 2022 às 11h49
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Ao menos 22 candidatos goianos às eleições deste ano escolheram ter um nome religioso nas urnas. Entre pastores e missionários, candidatos a deputado federal, estadual e vice-governadora usarão referências cristãs nas eleições. Em 2018, foram 18 os postulantes que optaram por esse tipo de identificação.
O levantamento foi feito pelo Jornal Opção a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cada candidato tem direito a escolher um “prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual o candidato é mais conhecido” com no máximo 30 caracteres para identificá-lo nas urnas.
No total, 1.224 pessoas registraram candidatura na Justiça Eleitoral em Goiás. Dos 22 que colocaram referências cristãs no nome, 11 usaram “pastor” ou “pastora”. Em seguida, estão “irmão” ou “irmã”, “missionário” ou “missionária”, e “pr.” (abreviação de “pastor”), com 3 registros cada. Além disso, uma candidata usou “bispa”.
Até os anos 1980, pelo menos, a Igreja Católica teve considerável incidência na vida política brasileira. Atualmente, a instituição não é sequer a sombra do que já foi na segunda metade dos anos 1970 e nos anos 1980. À medida que a igreja se retirava da tarefa de orientação de voto, os recém-chegados neopentecostais ocupavam o seu lugar nas periferias da grandes cidades, nos grotões do Brasil, no interior. À proporção que a Igreja Católica deixava de prover quadros para a política, os ultraconservadores pentecostais e neopentecostais assumiram a função de indicar e eleger candidatos ligados aos seus próprios quadros.
“Hoje em dia é imprescindível ter uma base religiosa. Em especial nas instituições de confissões neopentecostais, os pastores adquiram poder de convencimento do seus seguidores muito grande. A indicação de votos deles é uma moeda de troca muito importante. Nas eleições municipais, por exemplo, eles exercem influência de bairro. Já nas nacionais, como essa que estamos vivendo, atuam em toda a denominação. Esses pastores acabam sendo uma espécie de cabo eleitoral com bastante potencial em termos políticos”, explica o cientista político Guilherme Carvalho ao Jornal Opção.
Para ele, o crescimento da “nova direita” impulsionou o alcance institucional das lideranças evangélicas no processo político brasileiro. “Há muitos anos que as lideranças evangélicas atuam no cenário político. Porém, com a força e alcance institucional que estão tendo neste momento, nunca antes na história. Grande parte dessa força se deve por compor a estrutura de manutenção o eleitorado da nova direita em ascensão no Brasil”, frisa.