Candidata a deputada federal, Silvye defende política de proteção às mulheres vítimas de violência
12 agosto 2022 às 12h24
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A jornalista Silvye Alves é candidata a deputada federal pelo União Brasil (UB). Ao Jornal Opção, ela disse estar animada com a pré-campanha. A profissional de comunicação, que atuou como apresentadora da Record TV por 11 anos (sete no Cidade Alerta) e soma 24 de televisão, no total, lembra que filiou-se ao partido do candidato à reeleição ao Governo de Goiás, Ronaldo Caiado, a convite da primeira-dama, Gracinha Caiado. No começo de junho, já na sigla, ela pediu demissão para se dedicar a pré-campanha. Ela reforça que terá como bandeiras o resgate de mulheres vítimas de violência doméstica, além de trabalhar por leis mais rígidas em defesa delas.
O UB aposta que ela vai ser uma das grandes puxadoras de voto da eleição deste ano. A jovem é carismática e popular. Sobre isso, ela declarou que a ideia “assusta”. “Por ser novata no meio político, eu não entendia bem o que seria era esse negócio de puxar voto. Assusta porque as pessoas depositam muita confiança em você. Eu deveria estar concentrando todas as minhas energias na hora de quando começar a campanha e agora preciso pensar ainda no partido inteiro para poder ajuda-lo. Estou entrando de forma humilde, mas confiante. Acredito que a gente pode puxar uma pessoa”.
Segundo ela, a disputa não estava nos planos, inicialmente. Ela já pretendia deixar a TV em julho para se dedicar à criação de uma Organização Não-Governamental (ONG) para trabalhar com o resgate de mulheres vítimas de agressão, a fim de lhes garantir independência e dignidade. Contudo, ao buscar parceiros políticos para o projeto viu as dificuldades e o interesse somente para promoção política no período eleitoral.
Naquele momento, Silvye decidiu que poderia fazer mais se candidatando. “O único partido que me fez convite formal foi o União Brasil e veio em um momento que tentei desenvolver uma ONG. É muito difícil desenvolver um projeto social sendo uma pessoa honesta. Parece que para os vagabundos é muito mais fácil fazer uma coisa, por isso é uma burocracia aos honestos. O que sabe fazer as artimanhas consegue até fazer desvio de dinheiro público. Entrei na política para ajudar a resolver os problemas das pessoas”, afirmou.
Conhecida há muitos anos no meio jornalístico, ela pontua que realiza a transição de imagem para o meio político de forma gradativa. “Essa maneira que estou fazendo as pessoas também estão. Tem lugares que eu vou que as pessoas não sabem que sou pré-candidata. Elas não são obrigadas a saber de tudo. Estou tentando mostrar a essas pessoas a minha figura, indo a vários locais e conversando”.
A política frisa que não apresenta dificuldades, no entanto, para se adaptar psicologicamente para o período eleitoral. “Essa transição emocional não tive dificuldades. Não tenho aquela coisa do luxo: ‘preciso ser apresentadora de TV’. Sou uma pessoa que tenho objetivo. A partir do momento que meu ciclo encerrou, eu não sofro compulsivamente. Quando comecei outro ciclo, estou totalmente focada e feliz nesse”.
Além disso, revela que viu muitos momentos ruins durante seus anos de TV, mas tudo mudou após a agressão que sofreu. A jornalista foi agredida pelo ex-namorado em meados de 2021. À época, ela postou um desabafo nas redes sociais. Assim, a pré-candidata reforça que terá como bandeiras o resgate de mulheres, além de trabalhar por leis mais rígidas em defesa delas.
“Vou apresentar projetos para endurecer leis que combatem a violência doméstica. Quero que a lei de ameaça seja algo mais sério. O ameaçador precisa ficar preso e fazer curso de ressocialização e aprender a respeitar uma mulher, além dos filhos”. Ela reconhece que o governador Caiado desenvolveu meios para combater a violência doméstica. “O Governo de Goiás realizou um aparato para proteger o público, que foi por meio da polícia, mas ela sozinha não é suficiente. A polícia protege na hora da denúncia e consegue evitar. Temos que trazer para o lado social de proteção da vítima”.
A jornalista defende apoio para as famílias vítimas de violência doméstica. ““Meu objetivo é o de resgatar a mulher vítima de violência doméstica. Me refiro em retirar a mulher do lar de agressão. E também retirar os filhos desse ambiente hostil. Meu propósito é o de não colocar essas pessoas em abrigos. É dar dignidade para essas pessoas. Dar a elas condições de terem uma casa própria. Dinheiro nós temos para isso. Área pública de monte que podem ser usadas para construir imóveis a essas famílias”. Como uma das forma de solução, ela defende emprego e educação para essas famílias. “Além disso, é preciso dar emprego para essas mulheres. Há necessidade também de qualifica-las. As crianças precisam estudar em tempo integral. É uma conjuntura que envolve educação, segurança, combate ao feminicídio”, defende.
Combate à violência política de gênero
A questão da violência política de gênero teve destaque na abordagem da jornalista. “Estou batendo num lema: precisa de uma bancada de mulheres fortes e não uma bancada forte de mulheres. Não que essas pessoas que estão sendo agredidas no meio político não sejam fortes, só que acho que precisamos levar ao conhecimento público tudo o que acontece. Não sermos mulheres do mi mi mi. As pessoas não gostam de ‘mi mi mi’. As pessoas gostam de força. As pessoas não gostam de ver fragilidade”.
Ela explicou que percebeu isso quando começou a sentir os sintomas da Síndrome do Pânico, após as agressões sofridas. “Comecei a perceber isso quando desenvolvi a Síndrome do Pânico que eu chorava muito, quando questionavam sobre a violência que sofri. Percebi que comecei a ser desrespeitada por causa disso. Tive que criar uma força sobre o meu pior sofrimento. As pessoas não querem ver choro. A sensação que tenho é que devemos chorar no travesseiro da gente na hora de dormir”. Apesar disso, ela diz combater esse tipo de violência. “Temos que falar sobre essa violência que tenta silenciar essas mulheres”.
Silvye declarou que deve votar em uma candidata mulher para presidente no primeiro turno. Segundo ela, o nome mais cotado é o de Soraya Thronicke (UB). “No segundo turno vou ver o que faça da minha vida. Defendo direitos iguais. Eu não gosto de falar que sou feminista. A maior feminista que tenho como referência é minha avó, Maria Alves de Carvalho. Era uma mulher que lutava pelos direitos das outras, foi vereadora de Trindade. Ela chegou a pegar dinheiro dela para ajudar as pessoas. Usava o próprio carro para levar pacientes ao hospital. Venho de uma família solidária”, comemora.
Meio machista
Apesar do meio político ser predominantemente machista, Silvye acredita que os projetos voltados ao público feminino devem ser apresentados com diálogo e articulações, porém sem “grito”. “Na minha visão, mulher precisa ser empoderada, trabalhar. Vejo que muitas mulheres usam a bandeira do feminismo, mas na prática não é nada disso. Ter que ser com bons projetos e com eles vão ter argumentos para discutir no Plenário. Eu vou trabalhar para isso. Acredito que serei respeitada no ambiente”.
Outra pauta que ela pretende levar ao Congresso, caso seja eleita, é o de defesa da comunidade LGBTQIA+. “Eu faço questão de defender essa causa. Busco voluntários técnicos que possam me ajudar a desenvolver projetos nesse sentido. Eu acho que as mulheres têm mais sensibilidade para tratar as situações”, finaliza.