Candidata a deputada federal, Maria Machadão defende mães solo
22 agosto 2022 às 12h22
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Proprietária da Estância MM, Maria Nunes Perdigão, popularmente conhecida como Maria Machadão (Avante), decidiu se candidatar a deputada federal para lutar e representar, principalmente, as mães solo na Câmara dos Deputados, além de defender a legalização da profissão do sexo. Ela acrescenta que as pessoas que a cercam motivaram entrar na disputa. Pretende ainda encarar a “hipocrisia” da sociedade. “Para mostrar a realidade que todo o mundo vê e que ninguém aceita. Essa é a minha decisão”, declarou em entrevista ao Jornal Opção. “Venhamos e convenhamos, somos discriminadas. Nós mulheres em si”, pontua.
A candidata disse ter escolhido o partido por se sentir “mais acolhida”. Antes disso, disse que recebeu o convite de outras duas legendas. O Avante é comandado pelo vereador de Goiânia Thialu Guiotti que, assim como Maria Machadão, busca uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília. A empresária enaltece a gestão de Ronaldo Caiado (União Brasil) e diz que vai apoiá-lo à reeleição a governador.
Determinada a lutar pelas causas humanitárias, a figura folclórica rompeu tabus e afirmou que se surpreendeu com a receptividade, tanto do meio político, quanto da sociedade. “A vida inteira sofri preconceito, como mãe solteira e empresária. O couro está duro para enfrentar qualquer luta e combater todo tipo de preconceito”, defende Maria Machadão.
Ela salientou que busca a carreira política pois se cansou de ouvir histórias de luta e sofrimento das mulheres com quem conviveu. “São 43 anos de convivência, sempre junta de 30, 40 mulheres diariamente. A gente escuta relatos de cada uma, do sofrimento do dia-a-dia, de como vão alimentar seus filhos, sua família, em como mantê-las…então, nada como Maria Machadão para entender esse lado da luta feminina.”
Machadão pontua que uma de suas bandeiras é a defesa da legalização da profissão do sexo. “Sempre quis lutar pelo meu meio. Quero mostrar a Maria Machadão que cresceu em meio às dificuldades. Meu objetivo é representar a atividade em função dessas mulheres que sofrem com preconceito e discriminação. Quero apresentar projeto para oferecer casa de abrigos para mulheres e crianças vítimas de violência doméstica”.
Maria lamenta o preconceito de gênero generalizado contra a mulher. “Não só as mulheres que decidem ir para a profissão do sexo, não. A mulher por si só é discriminada. A mulher apanha, a mulher luta para manter filhos. Tem que ter sujeitar a qualquer coisa para levar o pão de cada dia para casa. Eu quis entrar para mudar isso e conseguir esse espaço. Ela é merecedora de igual para igual”, pontua.
Além de gerenciar a Estância MM, Machadão divide seu tempo cuidando da família. Ela afirma que o ex-governador de Goiás Iris Rezende é sua maior inspiração. “Deixou um grande legado de infraestrutura e várias ações sociais em nosso Estado”. A empresária se enxerga como uma pessoa ‘moderada em tudo que fez’ e que, politicamente, se considera do “Centrão”.
A empresária explica que sua campanha terá pouco recurso financeiro, mas será repleta de criatividade e bom humor. Ela diz que vai conquistar o público através de uma forte presença nas redes sociais e pela influência dos amigos que fez ao longo dos anos de trabalho. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela declarou R$2.750.000 em bens.
Origem
Filha de pastor evangélico, Maria nasceu em Ceres, região do Vale do São Patrício, mas passou parte da infância em Porangatu, no Norte goiano. Em seguida, eles vieram morar em Goiânia. Vivendo em uma ocupação, ela resolveu trabalhar fora para ajudar no sustento da casa. E foi numa madeireira da Capital que recebeu o apelido de “Machadão”. Com a primeira edição da novela “Gabriela” em alta, lá em 1975, não foi difícil para seu chefe nesse estabelecimento passar a chamá-la com o nome peculiar. “A princípio eu não gostava muito, mas depois a coisa foi pegando, outras pessoas também começaram a me chamar de Maria Machadão e eu decidi usar pra valer”, pontua.
Mas os rendimentos no local eram baixos e Maria começou a fazer alguns bicos trabalhando a noite para ajudar a pagar as contas de casa. Os custos para se manter uma família não eram baixos. Durou pouco tempo os trabalhos noturnos. Logo ela foi convidada para tocar uma casa de entretenimento adulto. Quase cinquenta anos se passaram e ela segue firme na empresa e frisa estar preparada para representar os goianos em uma das 17 cadeiras na Câmara dos Deputados.