A dois meses das eleições, enquanto a base governista caminha para a definição de chapa majoritária e demonstração de força política, a oposição segue embolada e desarticulada. Dentre os cargos sem acordos nas chapas que tentam impedir a reeleição de Ronaldo Caiado (UB) estão faltando definições de vice-governador, senador e seus suplentes. Mesmo as legendas que já realizaram as convenções e registraram as atas na Justiça Eleitoral deixaram em aberto essas vagas. A data limite para homologações é a próxima sexta-feira, 5.

Na disputa ao Governo de Goiás, apenas Caiado anunciou, antecipadamente, o pré-candidato a vice-governador, Daniel Vilela (MDB). Em encontro com prefeitos na noite desta segunda-feira, 1º, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) e pré-candidato ao Senado, Lissauer Vieira (PSD), confirmou que será candidato isolado e manterá o apoio a reeleição do governador Ronaldo Caiado (UB). O chefe do Executivo estadual deve se reunir, na quarta-feira, 3, ou quinta-feira, 4, com os deputados federais Delegado Waldir e Zacharias Calil, que são pré-candidatos a senador pelo União Brasil. O objetivo do encontro é resolver o impasse sobre a vaga para o Senado “de forma democrática” e chegar ao encontro partidário sem arestas a serem aparadas.

Por falta de alianças de peso, desde o início do processo eleitoral em Goiás, o ex-governador Marconi Perillo caminha para se candidatar a deputado federal, desistindo de postular o governo do Estado e a senatoria. Isso decorre da necessidade de Marconi garantir um mandato para a sua sobrevivência política, o que ele poderá conseguir com facilidade para se eleger à Câmara Federal, caminho praticamente seguro para uma liderança como a sua. Para se manter na corrida para o governo, Marconi teria que buscar aliança com um adversário histórico no Estado: o PT.

A inédita articulação em Goiás está na mesa de todos os envolvidos desde o começo da semana passada e criou corpo ao longo dos últimos dias. Na mesa de PT, PSB e PSDB está a seguinte configuração: o ex-governador encabeçaria a chapa majoritária com o PT indicando a vice-governadoria, possivelmente com o nome de Wolmir Amado. Os socialistas indicariam José Eliton ou o advogado Fernando Tibúrcio para o Senado Federal. Contudo, parte da base eleitoral de Marconi – empresários do agronegócio – não avaliza aproximação com o petista Lula em Goiás. Do outro lado, lideranças petistas locais rejeitam veementemente o acordo com o ex-governador.

Se Marconi não conseguir compor com a esquerda e definir pela disputa de um mandato na Câmara Federal, a oposição que restará ao governador Ronaldo Caiado está reduzida ao deputado federal Major Vitor Hugo (PL) e ao ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota). O militar se apega a uma “febre” que não existe mais: a onda bolsonarista de 2018, que encolheu em Goiás, onde as pesquisas mostram empate técnico entre o ex-presidente Lula com o atual chefe do Executivo nacional. Ainda assim, ele divide parte desse eleitorado com os oposicionistas Caiado e Mendanha.

O ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha finaliza o período de pré-campanha isolado. Ele nunca teve passagem política fora do município. Mesmo por lá não cumpriu as promessas que fez nas duas campanhas – e bateu um recorde: não cumpriu uma única –, não teve realizações de peso e, no município que depois de Goiânia tem a maior massa de pobres do Estado, não mostrou a empatia indispensável para implantar programas sociais permanentes, em cinco anos e três meses de gestão.