Sem acordo com a Prefeitura, administrativos da educação de Goiânia mantêm greve
12 março 2024 às 12h08
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Os administrativos da educação municipal seguem em greve. Foi realizada uma assembleia na manhã desta terça-feira, 12, e os servidores municipais decidiram apresentar uma contraproposta ao Prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Ela será apresentada na próxima quarta-feira, 13, na Câmara Municipal. A proposta será a seguinte: reajuste no auxílio locomoção de R$500, chegando ao valor total de R$1000 reais, cumprimento das progressões que já deveriam ter sido pagas, e acordo na justiça com a prefeitura para assim que possível seja apresentado um novo plano de carreira para os administrativos.
A vereadora Aava Santiago (PSDB) esteve na manifestação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e destacou que os administrativos são os profissionais que recebem o menor salário da Prefeitura de Goiânia. No contracheque dos servidores, o valor corresponde a menos de um salário mínimo.
“É importante que o cidadão, o pai e a mãe que tem a criança matriculada, que eles entendam que não é porque a categoria está exigindo muito ou está reclamando de barriga cheia. O aumento no auxílio locomoção pode ser removido a qualquer momento por qualquer gestor. Ele pode durar dois meses ou pode durar dois anos. Não tem segurança nenhuma e não incide na aposentadoria. O plano de carreira é uma estrutura do salário que nenhum gestor pode mexer”, explicou Aava.
Na audiência do dia 4 de março, a Prefeitura justificou o não cumprimento do acordo dizendo que os administrativos foram colocados no fim da lista de todas as categorias, que inclusive já foram atendidas. “Agora, véspera de eleição, alegam não ter mais dinheiro porque tudo foi usado nos outros planos”, explicou o Sindicato, que elencou os seguintes pontos:
– Não se deixa um serviço essencial para último da fila;
– Tivemos greve em 2022, 2023 e 2024 pelo mesmo motivo: quantos planos de carreira foram efetivados depois das nossas greves?
– Façam o trabalho de vocês, que foram eleitos para isso, para que possamos continuar a fazer o nosso;
– Aprendam a distribuir o dinheiro público de forma democrática e visando garantir os direitos sociais básicos regidos pela Constituição Federal e se virem para corrigir isso já!
Procurada pelo Jornal Opção, a Prefeitura de Goiânia ainda não se posicionou.
Entenda as reivindicações
A reivindicação dos servidores administrativos é para que haja equiparação no auxílio locomoção com o dos professores, além do envio do Novo Plano de Carreira e pagamento do data-base, que está atrasado desde 2022. Até o momento, a Prefeitura apenas aumentou o auxílio locomoção de R$ 330 para R$ 500, mas não pagou todo o data-base e também não enviou o Plano de Carreira.
“A categoria aceitou suspender a greve porque o Paço se comprometeu a mandar o plano de carreira até o dia 15 de fevereiro. A nossa indignação é porque a Prefeitura não apenas descumpriu o acordo, como disse que não mandaria o plano e não vai mandar”, completou Aava.
A presidente do Sintego, Bia de Lima (PT), explicou que a Prefeitura de Goiânia justificou dizendo que não tem condições financeiras de atender às reivindicações dos grevistas. “É um problema que eu adoraria resolver, mas o problema é que nós não temos condições. Não tem plano de carreira nesse momento”, disse o Secretário de Finanças Vinícius Alves à Bia.
A presidente do Sindicato questionou então qual seria a proposta da pasta para por fim a greve. “Você pode levar para a categoria os 300 reais”, disse Vinícius. Ela explicou então que essa proposta a categoria já recusou. Enquanto a Prefeitura de Goiânia não enviar o Plano de Carreira, a greve não terá fim.
“No nosso grupo coletivo, a gente tem a opinião de manter a greve até o fim. A gente precisa do plano de carreira. O auxílio locomoção não atende às nossas necessidades, e, durante as férias a gente não recebe nada. A gente tem direito a uma licença premium de três meses e durante esse tempo também a gente não recebe auxílio”, disse Relva Maria, auxiliar administrativa de secretaria.
Ela explicou que o data-base também não foi pago retroativo. “Eles aprovaram em dezembro e pagaram apenas o valor de dezembro. Mas a questão do plano de carreira, a Prefeitura chega a tratar a gente como se fosse idiota mesmo. Porque eles falaram que no dia 15 haveria uma proposta, o prefeito vai à imprensa, faz coletiva e diz que vai pagar. Posteriormente, descumpre o acordo e disse que não foi feito nenhum tipo de acordo, que não existe proposta e existe uma ata assinada num tribunal. Parece às vezes que está numa distopia, porque a gente tem certeza, tem documentos, mas as autoridades afirmam que não”, explicou Relva.
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