Em Goiás, menos de 80% dos quilombolas em territórios tradicionais são alfabetizados
19 julho 2024 às 12h57
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Em Goiás, o Censo Demográfico 2022 mostra que 94,5% das pessoas com 15 anos ou mais sabem ler e escrever. Entretanto, apenas 86,0% dos quilombolas na mesma faixa etária disseram que são alfabetizados. A taxa de alfabetização é mais alta fora das áreas quilombolas, com 87,4%, enquanto dentro dessas áreas a taxa é de 78,5%.
Analisando por gênero e idade, vê-se que as mulheres quilombolas de 20 a 24 anos têm a maior taxa de alfabetização do estado, que é de 98,79%. Por outro lado, as mulheres com 65 anos ou mais têm a menor taxa, de 32,30%.
Mais de 2,6 mil residências com pelo menos um morador quilombola não têm acesso à rede de água em Goiás
A pesquisa também avaliou as características das casas que têm pelo menos um morador quilombola. Dos 12.401 domicílios no estado com essas características, 98,4% são casas unifamiliares, 1,1% são casas em vilas ou condomínios, 0,3% são apartamentos e 0,2% são em cômodos ou cortiços.
Além disso, 73,8% desses lares têm acesso à rede de água e usam essa rede como principal fonte de abastecimento.
Entre os 588 lares que têm acesso à rede de água, mas usam outras fontes, 297 utilizam poço profundo ou artesiano, 134 usam poço raso, freático ou cacimba, 87 usam fontes, nascentes ou minas, e 57 utilizam rios, açudes, córregos, lagos e igarapés. É importante notar que 2.657 residências com pelo menos um morador quilombola não têm conexão com a rede de água.
O Censo também examinou a coleta e o destino do lixo nas casas com pelo menos um morador quilombola. Em 2022, 75,6% dessas casas tinham o lixo coletado por um serviço de limpeza; 19,6% queimavam o lixo no local; 3,60% usavam caçambas de limpeza, e os outros enterravam o lixo na propriedade, em terrenos baldios, encostas ou áreas públicas.
Foi também verificado que 23,0% dos domicílios analisados tinham esgotamento sanitário através da rede geral, rede pluvial ou fossa conectada à rede; 18,7% usavam fossa séptica ou fossa filtro não conectada à rede, e 52,6% utilizavam fossa rudimentar ou buraco. Os demais usavam valas, rios, lagos, córregos, entre outras formas de esgotamento. No estado, 567 (ou 4,6%) das casas com pelo menos um morador quilombola não tinham banheiro ou sanitário.
Pela primeira vez, o Censo Demográfico 2022 investigou o pertencimento étnico quilombola dos moradores em áreas quilombolas, contando 1.330.186 quilombolas em 25 estados. Essas novas estatísticas fornecem um panorama detalhado da distribuição desse grupo no país, com dados sobre os domicílios permanentes com pelo menos um morador quilombola e aqueles situados em áreas quilombolas oficialmente delimitadas.
Nesta publicação, o IBGE apresenta, pela primeira vez, dados sobre a alfabetização e as características dos lares quilombolas, informações importantes para entender a realidade desse grupo e promover seus direitos de cidadania. Os dados cobrem os seguintes níveis geográficos: Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Municípios, Amazônia Legal, Amazônia Legal por Unidades da Federação, Territórios Quilombolas oficialmente delimitados e Territórios Quilombolas por Unidades da Federação.
Além disso, serão divulgadas informações sobre as Localidades Quilombolas, com um mapeamento inédito dessas áreas no país, apresentando dados geoespaciais vetoriais que permitem explorar essas informações em diferentes níveis geográficos usando Sistemas de Informações Geográficas.
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