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Em audiência na Câmara nesta quarta-feira, 8, o presidente do Inep, Manuel Palácios, informou que 86% das questões do primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 foram elaboradas entre 2019 e 2021, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A bancada ruralista do Congresso havia divulgado uma nota na segunda-feira, 6, em que apontava um viés ideológico em três perguntas e respostas aplicadas aos estudantes. O grupo, alinhado à direita e ao bolsonarismo, pediu que as questões fossem anuladas por seu teor crítico ao agronegócio e a bilionários que investem na corrida espacial.

“Tratamento dado ao agro nas questões do Enem foi vergonhoso”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR). Segundo a bancada ruralista, a prova do Exame mostrou um “patrulhamento ideológico do Estado” contra o setor produtivo.  

“Não vamos aceitar. O Inep tem que se posicionar, anular as questões e dar a pontuação para todos, que os estudantes sejam beneficiados, não queremos atrapalhar os estudantes do Brasil. Mas essa doutrinação ideológica em uma prova tão importante quanto o Enem é vergonhosa. Mostra o caráter ideológico, de ocupação do Estado, e de patrulhamento ideológico do Estado”, apontou Lupion.

Um dia após a prova, o deputado federal goiano Daniel Agrobom (PL) disse ao Jornal Opção que as questões foram desrespeitosas com o agronegócio e exigiu a tomada de medidas por parte do Ministério da Educação (MEC).

Segundo Lupion, outros setores também questionaram o teor ideológico do Enem. “A reação não é só da FPA. Outros setores estão reagindo porque é realmente vexatório uma prova para quatro milhões de estudantes ter textos completamente equivocados, sem comprovação científica, que questionam Embrapa, o ITA, a indústria de aviação e até versículos bíblicos. É uma questão surreal que não aceitamos de jeito nenhum”, afirmou.

Em nota, o MEC disse que as questões do Enem são feitas por professores independentes, que são escolhidos por um edital para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). [Veja nota na íntegra ao final do texto]

Nota do MEC na íntegra:

“As questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora. Os itens selecionados para a edição de 2023 passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI.”

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