Por que Ronaldo Caiado tem 60% dos votos válidos e pode ganhar no 1º turno
14 agosto 2022 às 00h00
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As pesquisas de intenção de voto, de vários institutos (Serpes, Paraná, Diagnóstico), indicam que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, pode ser reeleito no primeiro turno. Se a eleição fosse realizada hoje, ele teria de 57% a 60% dos votos válidos. O segundo colocado, Gustavo Mendanha, do Patriota, teria cerca de 29%.
Por que, depois de três anos e oito meses de governo, Ronaldo Caiado mantém a popularidade em alta e, por isso, tende a ganhar no primeiro turno?
Há o óbvio: não há sentimento de mudança por parte da maioria dos eleitores. Mas por que não há este sentimento, num tempo em que o desgaste dos políticos é, no geral, imenso e rápido? Por qual razão Ronaldo Caiado mantém uma imagem sem corrosão pública?
Por vários motivos. Apontemos oito deles.
Primeiro, faz um governo decente, sem escândalos. Além do que a imagem pessoal, de que é incorruptível, persiste. Segundo, sua gestão é vista como eficiente e moderna (educação, saúde, segurança pública, para citar três áreas). Terceiro, seu governo é preocupado com as pessoas, não se mantém distante, num pedestal, da sociedade, dos invivíduos. Quarto, é visto como moderado e aberto ao diálogo. Quinto, em termos políticos, é apontado como agregador. Sexto, cumpre aquilo que trata com os prefeitos. Sétimo, os programas sociais do governo atendem às necessidades básicas dos cidadãos pobres (há o Mães de Goiás, paga-se aluguel para centenas de pessoas pobres, alunos do ensino médios recebem 100 reais por mês. Pode-se assinalar que Ronaldo Caiado é um liberal social, como postulava o sociólogo e diplomata José Guilherme Merquior, um intelectual brilhante que, infelizmente, morreu cedo, aos 49 anos). Oitavo, alguém notou que duas mulheres, Cristiane Schmidt e Fátima Gavioli — secretárias, respectivamente, da Fazenda e da Educação — , são personagens centrais do governo?
A imagem cristalizada de Ronaldo Caiado é que, além de não roubar, não deixa que ninguém roube. Seu governo é cercado por compliance e inclusive empreiteiros sublinham que não há a história de 10% e de “algum por fora”. As obras, sem aditivos fabulosos, prática do passado, saem mais baratas e, mesmo assim, bem-feitas.
A imagem de retidão moral deriva da prática administrativa e política — não de marketing. Tudo indica que a sociedade percebe isto com clareza.
Se a retidão com o dinheiro público é vital para a boa imagem, se o governo não fosse eficiente em três áreas — educação, saúde e segurança pública —, a imagem do governador poderia sofrer alguma corrosão.
A educação pública em Goiás, de acordo com o Ideb, é a melhor do país. Não se trata de uma avaliação feita pelo governo ou por aliados. É uma avaliação nacional, ou seja, por quem pesquisa dados em todo o país e divulga a sua apreciação independente. Prefeitos contam que a evasão escolar é cada vez menor no Estado, porque, realçam, professores e alunos são mais bem-atendidos pela gestão estadual. Eles sublinham que há um sentimento de pertencimento nas unidades educacionais, sobretudo está cristalizada a ideia de que a educação melhorou.
A melhoria da segurança pública pode ser atestada em conversas com comerciantes e com motoristas de Uber e táxi. A polícia é vista como mais firme e presente. Avaliações e comparações nacionais comprovam que os índices de violência caíram em Goiás.
A saúde é outro setor que, afirmam prefeitos e usuários do sistema, melhorou. Antes, havia uma concentração de investimentos na capital, o que reforçava a prática da “ambulancioterapia” (e há prefeituras que ainda mantêm casas de assistência em Goiânia). Prefeitos se especializavam em adquirir ambulâncias para levar pacientes para Goiânia. Hoje, com as policlínicas, o atendimento no interior é mais amplo e de qualidade. Por causa da pandemia da Covid-19, hospitais de várias cidades ganharam UTIs (não existia nenhum leito com UTI na maioria delas). A rapidez e a eficácia com que o governo rearticulou a área de saúde, salvando milhares de vidas, são bem avaliadas pela sociedade. A imagem fixada de Ronaldo Caiado é de um homem público que se preocupa com gente. Salvar vidas é mais importante do que o debate ideológico, por isso ele congregou uma frente de esforços na sociedade que resultou num setor de saúde rápido, eficiente e humano.
Em termos políticos, havia quem esperasse um Ronaldo Caiado radical. Quase quatro anos depois da posse, a impressão que se tem do governador é outra. Trata-se de um político e gestor moderado, de olho nas aspirações reais da sociedade. Do ponto de vista estritamente político, revelou-se um articulador de primeira linha, sobretudo um agregador, da estirpe do mineiro Tancredo Neves. A rigor, muitos esperavam que se tornaria uma espécie de Carlos Lacerda — o que não ocorreu (ressalve-se que, apesar da agressividade política, Lacerda foi governador competente na Guanabara).
Ante as pressões, inclusive de aliados — alguns até “irritados” —, o governador respondeu com uma paciência de Jó, sempre convocando as pessoas para conversas republicanas. Calma e serenamente, Ronaldo Caiado explicava que a mudança no estilo de governar não era marketing — era e é uma prática firme, infensa a pressões. Aos poucos, até os mais recalcitrantes aquiesceram — aceitando que o gestor estadual, quando fala sobre o caráter republicano do governo, não está brincando. Como democrata, ele aceita as pressões, até as inconsequentes, mas, se forem injustas e ferirem o decoro público, não as acata.
O resultado da seriedade na condução da coisa pública, e a capacidade de explicar qual é o projeto real e que não irá mudá-lo, acabou por conquistar tanto a sociedade quanto os políticos. Há quem possa discordar de Ronaldo Caiado, como governador e político, mas não há quem não reconheça sua seriedade pessoal e sua capacidade administrativa. Note-se que até prefeitos do PSDB, sem sofrerem nenhuma pressão política, estão apoiando sua reeleição. É o caso de Valmir Pedro, prefeito de Uruaçu e muito bem avaliado como gestor. Ele disse, de maneira enfática, que o líder do União Brasil é o melhor candidato.
Prefeitos, como o de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (MDB), costumam dizer ao Jornal Opção que, como governador, nos limites do que é republicano, Ronaldo Caiado cumpre aquilo que é acordado com os gestores municipais. Há aliados que chegam a questionar o caráter republicano estabelecido com administradores municipais das oposições. Porém, de acordo com vários prefeitos, o governador não se preocupa com questões político-partidárias ou ideológicas e atende todos os gestores. Ele está mais preocupado com a sociedade, em atender suas demandas, do que se o prefeito “a” ou “b” é do partido “x” ou “y”.
Por que todos os prefeitos do Entorno de Brasília — exceto o de Alexânia — decidiram apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado? Pábio Mossoró é tão enfático quanto peremptório: “Com Ronaldo Caiado no governo, a partir de janeiro de 2019, os prefeitos e moradores da região passaram a falar em ‘pertencimento’. Hoje, nos sentimos ‘incluídos’ em Goiás — somos parte do Estado. Antes se falava na ‘Terra do Nem’ — nem de Goiás nem de Brasília. Com o governador, tudo mudou, por isso praticamente todos os prefeitos estão apoiando seu projeto de continuar no comando do Estado. Com Ronaldo Caiado, aprendemos outra coisa: não é o tipo de governador que aprecia dar tapinhas nas costas, convidar para fazer fotos, mas não resolve os problemas. Pelo contrário, é objetivo e aquilo que diz que vai fazer, que fica acordado, ele faz. Nunca ilude os prefeitos. Não faz promessas vãs. Trata-se de um político que gosta de dizer a verdade. É tremendamente empático, por isso sua sinceridade absoluta não fere, não machuca — só agrada”.
Força de Caiado em 2022 leva a debate sobre ciclo de 2026
A 49 dias das eleições, com todos os candidatos definidos, Ronaldo Caiado é o líder absoluto e, ao contrário de candidatos anteriores, está crescendo na reta final. Como assinala o pesquisador e jornalista Gean Carvalho, do Instituto Fortiori, o quadro não é muito diferente do de 2018. “Significa”, frisa Carvalho, “que os eleitores estão dando um voto de confiança a Ronaldo Caiado, enfatizando que não querem mudança no governo. Noutras palavras, os eleitores estão indicando que, no poder, o governador cumpriu aquilo que prometeu. Agora, com a casa arrumada, poderá fazer muito mais por todos os goianos”.
A saída de Marconi Perillo do páreo para o governo favoreceu Ronaldo Caiado? Pode até ser que sim, mas não em larga escala. Porque o governador estava em ascensão, e sempre em primeiro, mesmo com o tucano no páreo.
O fato de que tucanos ligados a Perillo estejam apoiando a reeleição de Ronaldo Caiado incomoda alguns de seus aliados, mas é um equívoco. Como dizia Tancredo Neves, políticos não podem nem devem rejeitar apoio. Os chegantes, como Valmir Pedro, estão exigindo alguma coisa? Nada. Apostam no líder do União Brasil porque o consideram um político centrado, republicano e capaz de continuar a modernização de Goiás.
Há um aspecto a ser ressaltado — e o Jornal Opção vem registrando-o há algum tempo. Vários políticos estão se colocando no pleito deste ano com o objetivo de se cacifarem para 2026. Noutras palavras, é consensual que, visto como hors-concours, Ronaldo Caiado deve ser reeleito — cumprindo um ciclo de oito anos. Em 2026, daqui a quatro anos, se terá outro ciclo, do qual o governador participará, mas não mais como candidato a governador, e sim, possivelmente, a senador.
Estarão no jogo para o governo, em 2026, Daniel Vilela (que tende a ser governador de abril a dezembro de 2026), Alexandre Baldy, Delegado Waldir (sobretudo se for eleito senador), Vanderlan Cardoso e, entre outros, Marconi Perillo. O acirramento da disputa para senador, muito maior do que para governador, tem a ver mais com o futuro do que com o presente.