A presidente do Brasil é competente e íntegra. Mas, ao contrário do governador de Goiás, não consegue arrancar do papel as principais obras que planeja. Falta-lhe autoridade? Não tem pulso? Falta-lhe firmeza? O mais provável é que esteja sucumbindo ante a força tentacular da burocracia

Dilma Rousseff: a presidente da República é uma política moderna, competente e de rara integridade, mas seus projetos raramente saem do papel. A única coisa que o Programa de Aceleração do Crescimento “acelera” é uma ampla paralisia das ações | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters Dilma Rousseff: a presidente da República é uma política moderna, competente e de rara integridade, mas seus projetos raramente saem do papel. A única coisa que o Programa de Aceleração do Crescimento “acelera” é uma ampla paralisia das ações | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma Rousseff: a presidente da República é uma política moderna, competente e de rara integridade, mas seus projetos raramente saem do papel. A única coisa que o Programa de Aceleração do Crescimento “acelera” é uma ampla paralisia das ações | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A presidente Dilma Rousseff (PT), além de não ser incompetente, é de rara integridade e, no poder, tem sido mais moderada do que contrapõe o discurso ortodoxo de certos liberais. Mas há dois problemas com o seu governo. Primeiro, parece não ter entendido que é preciso lidar com os políticos reais (não há outros) que apoiam o governo, sem subestimá-los e sem menosprezá-los. Em termos estritamente pragmáticos não dá para exigir apoio e tratar com distanciamento. Nesse ponto, o presidente Lula da Silva é mais “político” do que sua sucessora. O segundo aspecto é mais problemático. Empresários, políticos e cidadãos comuns concordam num ponto: as intenções da presidente são as melhores possíveis, mas seu governo peca na execução de projetos cruciais. Dilma Rousseff parece ter sido engolida pela burocracia. Fica-se com a impressão de que é mais fácil fazer obras em Cuba, com dinheiro brasileiro, do que na terra de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

O discurso do governo de Dilma Rousseff é firme, até contundente, mas a ação é flácida. Quando se ouve o discurso da presidente acredita-se que faz o melhor governo, não do Brasil, e sim do mundo. No entanto, quando se sai às ruas, percebe-se que o país, embora não esteja inteiramente parado, vive um processo de relativa estagnação. É possível que, se não existissem os programas sociais e se os sindicatos não estivessem ideológica e politicamente manietados — cevados por vultosos recursos públicos —, o país estaria passando por certa conflagração social.

Na área de segurança pública, a crise parece ser dos Estados, mas, na verdade, o que falta mesmo é uma política nacional que coordene as ações dos governadores. O governo federal, que centraliza os recursos do país em Brasília, tem dinheiro suficiente, até sobrando, para investir, mas os Estados e municípios, vítimas de um pacto federativo que só existe no papel, estão quebrados e não têm como resolver o problema. Fala-se, aqui, sobretudo dos Estados menos poderosos economicamente. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu, há algum tempo, que, mesmo tendo verbas, o governo federal não conseguiu construir os presídios necessários. Sobrou burocracia e faltou capacidade de fazer. O resultado é que, com mais criminosos nas ruas, a violência é crescente e não decorre necessariamente, como não raro pensa a esquerda, de problemas sociais. A violência explode nos Estados, mas deve ser vista como algo organizado e conectado nacionalmente. Deste modo, urge uma política de segurança pública nacional — dura no trato da criminalidade. Um Ministério da Segurança Pública talvez seja muito mais necessário e útil do que muitos dos ministérios criados pelo PT para agasalhar aliados políticos.

No campo econômico, numa tentativa de impulsionar o capitalismo e contribuir para o crescimento da economia, o governo Dilma adotou, por intermédio do BNDES, a chamada “política dos campeões”. A intenção é positiva. O governo do PT, de matiz socialdemocrata — nada a ver com comunismo, ressalte-se —, está incentivando e financiando a chamada “indústria nacional”, projetando a criação de players competitivos, como o grupo JBS-Friboi, nos mercados interno e externos. O BNDES tem mais de 30% das ações do JBS — o que, do ponto de vista do mercado financeiro, é entendido que a empresa é forte, à prova de tempestades locais e internacionais. Entretanto, o mercado privado — sim, os próprios liberais — tem criticado a “política dos campeões”, sugerindo que, no lugar de um banco público, os bancos privados poderiam financiar os empreendimentos. Há uma certa razão nisto. Porque o dinheiro público poderia ser mais bem utilizado no financiamento de obras de infraestrutura, como portos, ferrovias e recuperação e ampliação de rodovias. O investimento em infraestrutura contribuiria para um crescimento mais geral da economia — e não apenas de empresas específicas, como é o caso da JBS e, antes, as de Eike Batista, o player que soçobrou. No caso de uma “empresa campeã” quebrar, como é sempre possível, o governo, via BNDES, terá de assumir os custos. Os contribuintes brasileiros terão de “financiar” a resolução da crise da empresa, ou, pior, “pagar” por uma empresa que, dependendo do quadro crítico, sairá do mercado e deixará apenas o rombo. No caso das empresas campeãs, o lucro é dos indivíduos ou de grupos de investidores, mas as perdas são da sociedade.

No Brasil fala-se tanto na criação de uma política agrícola — mas nada se cria de estrutural e duradouro — que até os produtores rurais já não se importam muito com sua inexistência. Eles continuam plantando e comercializando sua produção, enfrentando as intempéries da natureza e do mercado, e pouco ligando para o que faz o governo. Se dependessem do governo federal para alavancar seus negócios, os produtores estariam “perdidos” ou, como dizem, “rodados”. Além da falta de apoio direto, como financiamentos e seguros semelhantes aos que são feitos nos Estados Unidos e na França, para citar dois países que valorizam a agricultura e a pecuária — o agronegócio —, há o problema grave das rodovias federais, quase sempre malcuidadas, até abandonadas. Se as rodovias fossem estadualizadas, com o necessário repasse de recursos federais, é bem possível que estivessem em melhor estado. Zelar pelo patrimônio público federal num país gigantesco, continental, é quase impossível sem o apoio e a interferência dos governos estaduais.

Mesmo com escasso apoio do governo federal, o agronegócio é, há muito tempo, a âncora verde da economia. Pode se reduzir a compra de ferro, por exemplo, mas não há como diminuir a aquisição de soja e carne. A China está comprando menos ferro brasileiro, mas não deixa de comprar alimentos para 1,3 bilhão de pessoas. Com o processo de desindustrialização — algo grave, ao qual o governo petista não dá a devida importância —, o agronegócio vem “segurando” a balança comercial e, com isto, garantindo certa estabilidade à economia.
No campo ético, não há o que dizer da presidente Dilma Rousseff. Ou melhor, trata-se de uma gestora e política honesta. Até honestíssima. Mas há problemas sérios em seu governo. A Petrobrás, maior empresa do país, passa pela maior crise de sua história. A aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um mau negócio. Mais do que isto, foi estudadamente um mau negócio, porque indivíduos que estavam (alguns estão) na empresa possivelmente ganharam ao adquiri-la. Ao revelar que não sabia dos termos integrais do acordo de aquisição, a presidente sugere que o governo petista sonega informações precisas ao gestor. À falta de sintonia soma-se a ausência e quebra de autoridade. A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é outro elefante branco do governo petista. A Venezuela, divulgada como parceira, caiu fora e deixou o abacaxi para Dilma Rousseff.

Como pode uma presidente que não é incompetente e é íntegra fracassar? Por uma questão de justiça, não se pode falar em fracasso integral — o governo federal acaba de inaugurar uma obra importante para o país, a Ferrovia Norte-Sul —, mas o fato é que a sociedade sabe que o governo de Dilma Rousseff não corresponde às suas demandas. As pesquisas indicam que o brasileiro não está satisfeito com a gestora petista. Na semana passada, uma pesquisa do Pew Research, um dos institutos mais qualificados dos Estados Unidos, mostrou que 72% dos brasileiros não estão satisfeitos com o país. Só 26% afirmaram que estão satisfeitos — um índice baixíssimo. A pesquisa foi feita entre 10 de abril e 30 de abril deste ano, em todo o país.

Não se pode, porém, acusar a presidente Dilma Rousseff de perseguição política. Ela tem sido republicana no trato com os governadores de oposição, como o goiano Marconi Perillo, do PSDB. No lugar de republicana talvez seja mais exato usar o termo pragmática. A presidente, até por ser economista, sabe que a economia cresce de maneira integrada, mas, num país continental, às vezes com uma região “puxando” a outra. As áreas nas quais o agronegócio é muito forte, como Goiás, estão crescendo mais do que as regiões onde está ocorrendo desindustrialização. Assim, boicotar Goiás, por mesquinharia política, seria um contrassenso em termos de crescimento econômico. No caso, além de se provar moderna, a presidente deixa evidente que sabe como a economia é conectada. Ela sabe o que é “âncora verde”.

Luzes no Centro-Oeste

Nem tudo são flores em Goiás. Não é em nenhum lugar. Estado com área física de país — maior do que Israel, Portugal e Cuba juntos —, Goiás é um Estado novo e sua infraestrutura ainda está sendo construída. Num mercado jovem, os empresários aos poucos estão constituindo negócios sólidos, resistentes às tempestades circunstanciais. Ao mesmo tempo, empresas de outros Estados e, até, países estão se instalando na região, dinamizando a economia e alocando mais dinheiro e capital nos negócios. O resultado é que Goiás mudou e não pode ser interpretado à luz de picuinhas políticas.

Marconi Perillo: o governador de Goiás percebe o Estado como indutor do crescimento e do desenvolvimento. Ele investe em obras de infraestrutura, mas também em programas para reduzir as desigualdades sociais
Marconi Perillo: o governador de Goiás percebe o Estado como indutor do crescimento e do desenvolvimento. Ele investe em obras de infraestrutura, mas também em programas para reduzir as desigualdades sociais

Fala-se muito da longevidade do governador Marconi Perillo no poder — são quase 12 anos, e, se forem computados os anos de Alcides Rodrigues, são quase 16 anos. Aliados falam em sorte e competência. Adversários dizem que ele gasta muito com a mídia — daí a imagem positiva. O uso abusivo da ideologia às vezes cega os contendores políticos.
Comecemos pela questão da mídia. Primeiro, em termos proporcionais — considerando tempo, circunstâncias —, praticamente todos os governadores gastaram o mesmo. Segundo, um Estado que precisa atrair investimentos, convocar o país e o mundo para olhá-lo, precisa se divulgar. É inescapável. Quem não se comunica, dizia o Chacrinha, se trumbica e, mais, não é visto, não se torna atraente. Se Goiás fosse um Estado isolado, a Mitsubishi não teria se instalado em Catalão. Instalou-se porque um governo do PMDB, de Maguito Vilela (1995-1998), mostrou as potencialidades do Estado e ofereceu o incentivo fiscal adequado. A Perdigão, agora Brasil Foods, não chegou sozinha ao Sudoeste de Goiás. A Hyundayi poderia ter se instalado em outra unidade da Federação, menos em Goiás, onde havia certa dificuldade para se levar seu produto (automóveis) para outros Estados. O governador Marconi Perillo batalhou, viajou várias vezes, articulou com o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade (cujas iniciais formam o nome de sua empresa, Caoa) e com os sul-coreanos e a montadora da Hyundai está instalada em Anápolis. A Hyundai é importante por si, porque é um símbolo de que a economia goiana comporta uma multinacional de alta qualidade. Mas também é relevante por outro motivo. Empreendimento de tal dimensão atrai outros negócios de grande, médio e pequeno portes. Ao se instalar em Anápolis, à margem da BR-153, a grande loja Havan, aquela que provoca polêmica por ter como símbolo a estátua da Liberdade, possivelmente levou em consideração o fato de que a Hyundai e laboratórios farmacêuticos, como Pfizer e Neoquímica, estão assentados no município. Criou-se em Goiás uma economia “referencial”.

Às vezes fica-se com a impressão de que, em termos de economia, o mercado “corre” sozinho. Não é bem assim. Tanto que, nas crises, o mercado vai atrás do Estado para solucioná-las. Os empresários pensam nos próprios negócios, mas o Estado “pensa” na sociedade — não é mero representante de uma classe social. Em Goiás não é diferente. Se fossem esperar que Goiás se desenvolvesse apenas pela vontade do empresariado local, nacional e internacional, os governantes teriam hoje uma arrecadação irrisória. Felizmente, o Estado teve e tem governantes que pensaram e pensam de maneira mais ampla e cosmopolita. Em 1984, acatando uma ideia do empresário João Alves de Queiroz, dono da Arisco (e hoje principal acionista do grupo Hypermarcas), e do economista Flávio Peixoto, o então governador Iris Rezende criou o incentivo fiscal Fomentar. Foi decisivo.

Em seguida, com o governador Marconi Perillo, Goiás deu um salto qualitativo. Às vezes economistas e políticos dizem: “O grande governador é o Produzir”. Não é. O incentivo fiscal por si não basta. É preciso ter vontade e disputar os negócios — nacional e internacionalmente. Empresários costumam dizer que “Marconi não dorme no ponto” e está sempre disposto a conversar sobre negócios que contribuam para o crescimento e para o desenvolvimento do Estado. O tucano-chefe é visto no mercado como um gestor arrojado e que sabe fazer as coisas acontecerem. Não é o Jornal Opção que está dizendo isto. Basta perguntar a respeito ao pessoal da Hyundai, da Mitsubishi, da Suzuki, do laboratório Teuto-Pfizer, da Votorantim, da Brasil Foods. Os empresários são unânimes em dizer que Marconi entende o funcionamento da economia, o que significa, na prática, cadeias produtivas, as conexões negociais. Líderes empresariais locais — como Helenir Queiroz, da Associação Comercial e Industrial de Goiás (Acieg), Pedro Alves de Oliveira, da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), José Evaristo dos Santos, da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Osvaldo Antônio Pagnussat Zilli, da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag), e Luiz Medeiros, da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia) — sempre dizem que o governador é “antenado” com as coisas do mundo contemporâneo. Líderes da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), como Ricardo Yano, e da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), como José Mário Schreiner, afirmam que se trata de um gestor que modernizou as relações com os empresários e produtores rurais. Todos asseguram que Marconi está sempre presente, com posições firmes e compromissadas, nas demandas do Estado. Na discussão sobre as mudanças nas regras do ICMS — o governo federal articula(va) uma reforma tributária positiva para si e nefanda para os Estados emergentes —, Marconi, sua equipe e os parlamentares de sua base estiveram sempre ao lado do empresariado. Aliás, não só presente, como pressionando e defendendo a economia e empreendimentos de Goiás. Alguns deputados das oposições não perceberam a dimensão do problema, que tem a ver com a vida de todos os goianos, e nada tem a ver com ideologias partidárias. Os empresários por certo perceberam quem defende e quem, na prática, não defende Goiás.

Recentemente, empresários chineses estiveram em Goiás examinando terrenos na região do Médio-Norte e do Norte de Goiás. Eles pretendem plantar soja e levá-la in natura para a China. O governo de Goiás pontuou, por intermédio do governador Marconi e de seu secretário da Agricultura, o competente e atento Antônio Flávio de Lima, que é mais adequado industrializar a soja no Estado. Isto se chama agregar valor, contribuir para o crescimento e desenvolvimento local. É uma visão moderna e precisa da economia.

Portanto, não é apenas o incentivo fiscal em si que contribui para a expansão da economia goiana. É o indivíduo, no caso Marconi, que faz a diferença. Voltemos, então, à questão da mídia. Um produto ruim pode ter uma mídia excelente, mas não se firma no mercado. Assim é um político. A oposição, se quiser desconstruir o tucano-chefe, deve começar por fazer uma análise verdadeira do que ele é. Uma análise falsa, para fins politiqueiros, acaba por servir de vitamina do crescimento… para o próprio Marconi.
Há alguns dias, o governador Marconi inaugurou a iluminação da BR-153 entre Aparecida de Goiânia e o condomínio Aldeia do Vale, em Goiânia. É um longo trecho, no qual ocorrem muitos acidentes, porque a rodovia passa dentro das cidades, cortando vários bairros. O governo federal — como diria um político mexicano, tão próximo de Deus e tão longe dos cidadãos comuns — não moveu uma palha, mas Marconi, atendendo à sociedade, iluminou a rodovia, diga-se, federal.

A iluminação da rodovia federal pode ser uma metáfora para sugerir que, em Goiás, as luzes do Iluminismo — que apostava no desenvolvimento global das sociedades, dos homens — estão presentes. Por isso, a sociedade — os empresários são apenas a parte mais visível — diz que Marconi é o gestor que faz e não é burocrata.

Admite-se que Marconi é um político profissional, na acepção do sociólogo Max Weber. Ele é político por vocação. Um homem público. Mas não é só isto. Na verdade, tornou-se, não um gerente — palavra às vezes limitadora —, e sim um gestor de visão. No lugar de apenas fazer política, no sentido tradicional — no Brasil costuma-se fazer promessas, sem pensar que é preciso cumpri-las —, Marconi optou por gerir o Estado. O resultado é que, com uma gestão que tem o que mostrar — rodovias recuperadas, escolas reformadas, Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo 2) e centros de recuperação de dependentes químicos (credeqs) em construção, autódromo reformulado (elogiado por pilotos e jornalistas do ramo) —, os ganhos políticos vieram juntos. Se lidera as pesquisas de intenção de voto, isto deve, em larga medida, à sua capacidade administrativa. “Marconi tem o que mostrar” — é o que se diz. Note-se o caso de Anápolis. O prefeito João Gomes é do PT, mas admite que Marconi foi o governador que mais investiu no município. O governador investiu quase 1 bilhão de reais na cidade de Antônio Gomide, o jovem pré-candidato do PT a governador de Goiás.

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O raciocínio acima pode sugerir que Marconi pensa tão-somente em crescimento econômico. Mas isto não procede. Na verdade, o governador é um apóstolo da ideia de que crescimento sem desenvolvimento não é positivo para a sociedade. Há programa social em Goiás que é compensatório. As pessoas recebem apoio para garantir a sobrevivência diária. Mas há também programas que são inclusivos e que têm porta de saída. É o caso da Bolsa Universitária. Mais de 150 mil estudantes receberam o benefício, desde sua criação. Milhares estão no mercado de trabalho, inteiramente independentes. A Secretaria da Educação de Goiás também premia o mérito e os melhores alunos ganham uma bolsa-poupança. A Secretaria de Ciência e Tecnologia faz um trabalho forte para qualificar os goianos — com a Bolsa Futuro.

O economista francês Thomas Piketty, no polêmico “O Capital no Século XXI” — um best seller mundial —, afirma que a desigualdade social está aumentando e não diminuindo no mundo. Se chamado a examinar o caso de Goiás, ainda que seja uma questão aparentemente menor — porque o estudioso, cotado para Prêmio Nobel de Economia deste ano, estuda a desigualdade de renda globalizada —, Piketty certamente dirá que, aqui, há uma ação do Estado para promover o crescimento da economia, mas também uma política de integração social. Marconi, ainda que seja avesso ao debate ideológico, é um gestor e político desenvolvimentista, assim como seu ex-secretário de Planejamento, Giuseppe Vecci.

Para Marconi, o Estado deve ser indutor do crescimento, mas também propulsor do desenvolvimento. Por sua larga experiência, o tucano-chefe sabe que, se não houver intervenção do Estado, pode ocorrer crescimento, mas sem desenvolvimento. Por isso, interfere, sem sacrificar o crescimento, para garantir o desenvolvimento.

Qual é o segredo de Marconi? Primeiro, uma vontade indômita. Poucos acordam tão cedo e dormem tão tarde… e sempre trabalhando, dialogando com a sociedade. Segundo, o governador consegue arrancar do papel aquilo que os burocratas, assim como certos intelectuais, insistem em deixar lá. Muitas vezes os indivíduos se comprazem com a ideia de que vão fazer alguma coisa para mudar o mundo. Mas o discurso da mudança às vezes apenas esconde o desejo de não mudar. Marconi erigiu um sistema eficiente de cobrança, com uma autoridade inquestionável e inquebrantável, que consegue arrancar as ideias do papel, levá-las à prática e concluir as obras em tempo hábil. Outro detalhe: são obras de ampla utilidade pública — o que não exclui o lazer (como o autódromo e o centro de excelência para prática esportiva).

Pode-se dizer que Marconi tem sorte? Sim, tem. Mas sorte sem vontade e capacidade de fazer as coisas não adianta. O jovem tucano acredita em planejamento, em trabalho orgânico, em agregar valores e pessoas. É por isso que, aos poucos, vai construindo o futuro no presente. Exagero? Não. Realidade. Realismo. A oposição só vai decifrá-lo no dia em que avaliar com correção e retidão intelectual os seus méritos. Se não fizer isto, vai continuar perdendo eleições.