O jornal inglês Financial Times publicou uma lista de pessoas, tecnologias e negócios para ficar de olho em 2024. As tendências foram catalogadas com base na relevância parra empresas, pessoas e governos.

Se em 2023 a principal corrida foi para construir sistema de Inteligências Artificiais generativa que possam imitar humanos na produção de texto e imagens, 2024 deve trazer será decisivo para testar a aptidão das IA no mercado.

Plataformas com foco no consumidor, como o Google e Bing, por exemplo, já passaram a incorporar IA nos serviços gratuitos, além de disponibilizar novas formas de busca e produção de conteúdos. A incógnita ainda paira sobre os custos das ferramentas pagas e mais avançadas para os usuários e como as empresas e negócios utilizaram em sua produção.

Com a capacidade de aumentar a produção em diversas áreas, os sistemas gratuitos são dotados de menos parâmetros — leia-se também neurônios— para lidar com as demandas.

Por exemplo, de acordo com o Google, o Bard utiliza mais de 500 bilhões de parâmetros para elaborar suas respostas. Enquanto o Bing tem cerca de 170 bilhões. Ferramentas pagas como o ChatGPT-4 pode utilizar trilhões de parâmetros.

Isso é relevante do ponto de vista profissional pois, esses sistemas podem “confundir” perguntas e inventar informações ou produzir resultados erráticos. O ‘hype’ fica, por tanto, em como os trabalhadores vão utilizar essas ferramentas para aumentar a produção.

Tributação e regulamentação de plataformas

Desde o início da investigação sobre comportamento anticompetitivo por parte do Google, as maiores empresas de tecnologia enfrentaram poucas sanções antitruste além de multas financeiras que elas conseguem pagar confortavelmente.

Entretanto, uma decisão de Washington pode mudar o rumo que essas empresas vão tomar a partir desse julgamento histórico.

Com a União Europeia dando os primeiros passos para cumprir o Ato de Mercados Digitais, projetado para quebrar o domínio dos “guardiões” que dominam áreas cruciais da atividade digital, e o Brasil com a regulamentação das Mídia Digitais, o consumidor pode ter mais opções de serviços digitais.

Pessoa para observar, ainda sobre IA

Sam Altman, CEO da OpenAI, fabricante do ChatGPT, ficará ainda mais em evidência depois de sua demissão surpresa e readmissão como chefe-executivo da empresa. A agitação trouxe à tona uma tensão desconfortável no cerne da indústria, à medida que a OpenAI e seus concorrentes correm para desenvolver uma tecnologia que eles admitem também poder causar sérios danos.

Estar de volta ao comando após uma revolta dos funcionários parece uma poderosa salvaguarda para Altman e um sinal verde para seguir em frente. Mas um conselho novo e mais experiente estará procurando maneiras de consagrar a missão de priorizar a segurança da empresa, e o comportamento passado de Altman está sob investigação do conselho. Seu desafio será mostrar um compromisso sério com a segurança, sem diminuir a corrida pela IA.

Qual seria a maior surpresa?

O status da Apple como a empresa mais valiosa do mundo —posição que ela ocupou quase continuamente por mais de uma década— pode chegar ao fim em 2024. A fabricante do iPhone tem sido lenta em usar IA generativa para aprimorar seus serviços, aumentando a pressão sobre ela para revelar mais sobre seus planos em seu evento anual para desenvolvedores, que normalmente ocorre em junho.

Enquanto isso, seu gadget mais importante dos últimos anos, o headset Vision Pro, deve vender apenas em pequenas quantidades quando chegar ao mercado este ano.

Por outro lado, a Microsoft, que vale 9% a menos que a Apple, está surfando na onda da IA generativa, graças à sua parceria precoce com a OpenAI. Se isso se refletir em maiores vendas de software e impulsionar sua plataforma de computação em nuvem Azure, a Microsoft pode ultrapassar e se tornar a líder em valor de mercado da indústria de tecnologia.

Tendência do mercado financeiro

Grupos de investimento privado como a Blackstone, KKR, Apollo Global se destacaram no ano passado e devem seguir em alta. A tentativa é que seus fundos superem a bolsa de valores, mas eles próprios são listados nos principais índices e pilares nas carteiras de acionistas comuns em todo o mundo.

A Blackstone em setembro se tornou o primeiro grupo de investimento privado a ser incluído no índice S&P 500 e seus concorrentes Apollo Global e KKR esperam não ficar muito atrás. A aceitação de grupos de investimento privado nos mercados abertos impulsionou suas ações a máximas históricas.

Essa perspectiva promissora tem tentado outros gigantes do setor, incluindo CVC Capital, General Atlantic e L Catterton, a seguir o exemplo. CVC provavelmente será o primeiro a se aventurar no próximo ano. Se sua listagem for bem recebida, pode estimular uma onda de IPOs.

Olho aberto

Uma boa parte do dinheiro que tem entrado no mercado financeiro vem na forma do investimento de pessoas em busca de renda na aposentadoria, em vez da fonte tradicional —investidores institucionais em busca de financiamento para aquisições corporativas.

Os reguladores começaram a se preocupar com essa tendência, assim como investidores privados experientes, como JC Flowers. De acordo com o FMI, quase 10% —US$ 850 bilhões (R$ 4,11 trilhões)— dos ativos de seguros de vida dos EUA eram de propriedade ou gerenciados por empresas de investimento privado até o final de 2021. A mudança resultou em um aumento acentuado de ativos ilíquidos detidos por seguradoras e o fundo alertou para os perigos de “contágio” para o setor financeiro em geral e para a economia real.

Combustível

O cartel de petróleo Opep+ passou o ano reduzindo a produção em uma tentativa cada vez mais difícil de aumentar os preços. Após reduzir a produção em 2 milhões de barris por dia em outubro de 2022, equivalente a 2% do consumo global, a Arábia Saudita liderou uma sucessão de cortes em 2023. No total, o grupo agora produzirá quase 6 milhões de barris por dia a menos do que poderia no primeiro trimestre de 2024.

Ao mesmo tempo, a produção crescente dos Estados Unidos fez com que a participação de mercado da Opep+ caísse para apenas 51%, de acordo com a Agência Internacional de Energia, o menor desde a criação do cartel expandido em 2016. E apesar dos cortes, os preços do petróleo ainda estão abaixo de US$ 80 por barril, em comparação com quase US$ 100 em setembro.

Dado que se espera que a produção de países não membros da Opep+ continue aumentando no próximo ano, surge a questão de quanto tempo a Arábia Saudita e seus aliados podem continuar cedendo participação de mercado.

Maior risco

A inflação e as altas taxas de juros aumentaram os custos dos projetos de energia renovável em 2023, dificultando os esforços para afastar o sistema global de energia dos combustíveis fósseis.

Se as taxas permanecerem altas, como alguns economistas acreditam, pode ser mais um ano decepcionante para projetos de energia limpa, justamente quando o mundo precisa que a transição energética ganhe ritmo. A indústria de energia eólica offshore enfrenta desafios particularmente agudos. A líder do setor, Ørsted, foi uma das várias empresas a registrar grandes baixas em sua carteira em 2023.

Guerra

Drones de baixo custo se tornaram um elemento central no campo de batalha na Ucrânia, destacando o papel crescente de novas tecnologias autônomas na guerra moderna. Essa mudança tem implicações profundas para os departamentos de defesa governamentais, que precisam evoluir suas estratégias de aquisição, muitas vezes lentas, de uma dependência de hardware, como tanques e navios, para investimentos em sistemas mais ágeis, como robótica e sensores controlados por IA.

Para esse setor, as grandes fabricantes de armas que dominaram por décadas devem tentar acompanhar os avanços rápidos feitos por concorrentes menores, liderados pela tecnologia. O próximo ano e além testarão sua capacidade de inovação, à medida que os governos buscam cada vez mais além dos fornecedores tradicionais.

Cenário pessimista

O conflito na Ucrânia e a tensão no leste da Ásia impulsionaram os gastos com defesa em todo o mundo: os gastos militares globais totais aumentaram 3,7% em termos reais em 2022, atingindo um novo recorde de US$ 2,24 trilhões (R$ 11 trilhões), de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo. Os gastos militares na Europa tiveram o maior aumento ano a ano em pelo menos 30 anos.

As promessas de orçamentos de defesa mais altos impulsionaram as ações das empresas e impulsionaram os pedidos para novos recordes, mas há o risco de que nem todo o financiamento seja concretizado, à medida que os governos lidam com outras prioridades orçamentárias.

Na Europa, em particular, o conflito na Ucrânia galvanizou os governos a cumprir promessas anteriores de fortalecer o status da região como uma potência militar global coesa.

Apesar de algum progresso, muitos dos mesmos desafios permanecem: formulação de políticas fragmentada; rivalidades nacionais que prejudicam iniciativas conjuntas de aquisição; e decisões de aquisição em favor de equipamentos dos EUA. A indústria ainda não conseguiu convencer os governos de que a defesa não é apenas uma apólice de seguro em tempos de guerra.

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