A alta demanda do setor da aviação no Brasil tem feito com que a frota de aeronaves particulares crescesse em todo país, e em Goiás, conhecido como “a terra do agronegócio”. Segundo dados obtidos pelo Jornal Opção junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), apenas em 2023 foram registradas 22 novas aeronaves particulares no estado goiano.

No total, Goiás conta com 1.410 aeronaves privadas. Destas, 473 (33,5%) estão em situação não aeronavegável, conforme a Anac. O número, porém, faz com que “a terra do agro” ocupe o 5º lugar entre os estados com a maior frota de veículos aéreos do país. 

A lista é liderada por São Paulo, com 5.567 aeronaves registradas, seguido por Mato Grosso (1.819), Minas Gerais (1.744) e Paraná (1.604). 

“A aeronave não está apta a voar quando tem algum problema mecânico, técnico ou por problema legal. Essas aeronaves não têm condições de fazer nenhum plano de voo de qualquer tipo e, caso realize um voo irregular, ela será interceptada pela defesa aérea do Brasil. Dependendo da situação, ela pode ser abatida”, explicou o coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Salmen Chaquip Bukzem.

Valor e agro

Salmen afirma que a concentração de veículos aeronavegável em Goiás se dá por alguma motivos, entre eles: a riqueza do estado, devido à força do agronegócio (muitos fazendeiros e grandes empresas têm os próprios aviões e helicópteros), a localização geográfica (no centro do país) e o fato do estado contar o 3º maior polo de manutenção de aeronaves do Brasil.

Em relação ao preço dos veículos goianos, os valores variam de acordo com detalhes, modelo, ano de fabricação e capacidade de passageiros. O modelo MNTE 172N, de 1977, com capacidade para quatro passageiros, por exemplo, custa aproximadamente R$ 1 milhão. Ele é um dos mais “baratos”, de acordo com o pesquisado pela reportagem.

Há, no entanto, modelos que chegam a R$ 10 milhões, como o modelo RV-10, de 2022, com capacidade para quatro pessoas. O valor médio dos veículos observado foi de R$ 2 milhões.

“Goiás está crescendo no cenário [da aviação], a economia vai bem e as cidades do interior comportam o táxi aéreo e a aviação geral. O agro é muito forte, eles possuem muitos aviões”, disse.

Falha humana e acidentes 

Os acidentes aéreos, conforme o especialista e ex-investigador da Força Aérea Brasileira (FAB), são provocados em sua grande maioria por falhas humanas. A exposição a certos riscos, como voar em um clima não apropriado e o excesso de peso então entre os principais fatores da mortalidade aérea.  

“Avião não cai sozinho não, ele tem manutenção adequada e é fiscalizado. Quase todos os acidentes são provocados por falha humana, que é o elo mais frágil do sistema da aviação geral”, concluiu.