Cotação de Haddad para Fazenda divide opiniões entre especialistas
08 novembro 2022 às 15h06
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Pedro Moura
O nome de Fernando Haddad, de 59 anos, está cada vez mais próximo do Ministério da Fazenda. Com atuação política no Partido dos Trabalhadores (PT) há décadas, o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado ao governo paulista em 2022 vem sendo cotado para ser um dos ministros de uma das mais importantes pastas do País. Porém, o homem de confiança de Lula divide opiniões entre especialistas: uns dizem que pode faltar experiência de administração ao político, enquanto outros afirmam que cargos de confiança (ministros) são fundamentalmente políticos e que isso não seria um problema.
O economista Luiz Carlos Ongaratto, explica que a cotação de Haddad para o ministério, até o momento, não passa de especulação, sendo um teste para como o mercado irá reagir com a possível nomeação do professor. Vale lembrar que o Haddad é formado em direito pela Universidade de São Paulo, mestre em economia e doutor em filosofia, já tendo ocupado o Ministério da Educação entre os anos de 2005 e 2012.
“O ministério já foi ocupado por pessoas com experiência, como o Palocci, um bom administrador público, apesar do mensalão. Porém, desde Palocci vimos outros nomes técnicos, todos com mais experiência. O Haddad não tem esse perfil, essa experiência. O mercado também não reagiu bem, acredito que não seja a melhor indicação para essa pasta”, afirmou Ongaratto.
Outro lado
Ao contrário de Ongaratto, o também economista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Tiago Camarinha, considera o nome de Haddad apropriado para a pasta, visto que além de entender a situação da economia brasileira e mundial, também possui experiência na conciliação de conflitos econômicos. “É um cidadão que se submete com humildade à avaliação crítica de quem não faz parte dos tais mercados”, explicou o economista ao dizer que os ricos ficam com medo de ficarem atrás dos pobres na fila de prioridades do ministério, fazendo uso do discurso do terrorismo econômico para pressionar o governo.
“É o que está ocorrendo no momento. Tocam o terror para pressionar o governo a colocar um nome que seja amigo dos ricos”, concluiu Tiago. O economista Everton Rosa acredita que a tendência natural de “uma frente ampla” é a de que o novo governo deva mesclar a pasta com visões desenvolvimentistas e liberais.
O Ministério da Economia será “desmembrado” a partir de 2023, mas nenhum nome foi confirmado até agora para ocupar os ministérios do Planejamento ou da Fazenda. No começo do governo de Jair Bolsonaro (PL), as funções do Ministério da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, e do Trabalho foram concentradas no Ministério da Economia.