Brasil-China: acordo libera transações sem dólar
30 março 2023 às 15h38
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O governo brasileiro anunciou ontem, 29, acordo com a China para realizar transações comerciais bilaterais em suas respectivas moedas, sem a necessidade de usar o dólar. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), informou que esse sistema permite a conversão de reais em iuanes e vice-versa, evitando a conversão para o dólar que normalmente ocorre nas transações internacionais.
O objetivo do acordo é reduzir custos, promover ainda mais o comércio bilateral e facilitar os investimentos no Brasil. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, com um comércio bilateral de US$ 150,5 bilhões em 2022, sendo US$ 89,7 bilhões em exportações brasileiras.
Durante a missão das autoridades econômicas do Brasil à China, foram designados dois bancos para tornar essas operações possíveis: o Bank of Communications BBM e o Banco Industrial e Comercial da China. A exclusão da moeda intermediária será opcional para as empresas, e a medida se dá em um cenário de influência crescente da economia chinesa e de internacionalização do iuane.
A China, que disputa a hegemonia econômica com os Estados Unidos e busca reduzir a dependência do dólar, já fechou acordos semelhantes com outros países, como Rússia e Argentina. A missão na China, da qual participam cerca de 250 empresários, fazia parte da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi cancelada no último domingo.
Confira algumas vantagens e desvantagens do acordo:
Vantagens:
Redução da taxa de câmbio
Negociar com a China com moeda própria tende a reduzir as taxas de câmbio, pois não haveria necessidade de converter as moedas em dólar.
Proteção cambial
Tanto o Brasil quanto a China podem se proteger contra flutuações cambiais.
Aumento do comércio
Simplifica as transações comerciais.
Fortalecimento das relações
Permite que os dois países estabeleçam uma maior confiança mútua.
Desvantagens:
Pouca liquidez
O yuan, a moeda chinesa, é relativamente novo no mercado. Portanto, pode haver pouca liquidez e pouca disponibilidade no mercado internacional.
Risco cambial
Quando as moedas são negociadas diretamente, há um risco cambial maior, que pode ser especialmente problemático em tempos de volatilidade econômica.
Poder de negociação
O dólar norte-americano é a moeda de reserva mundial, o que significa que pode ser mais difícil para o Brasil negociar em termos favoráveis com a China sem usar a moeda dos Estados Unidos.
Capacidade de cobertura
A maioria dos instrumentos financeiros disponíveis para cobrir riscos cambiais está em dólares norte-americanos. Assim, a negociação em moedas próprias pode limitar a capacidade de cobertura do Brasil e da China.