Programa goiano leva dignidade menstrual a mulheres encarceradas

23 junho 2023 às 08h07

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A Unidade Prisional Regional Feminina de Israelândia, a 180 quilômetros de Goiânia, recebe nesta sexta-feira, 23, a doação de 1,5 mil unidades de absorventes descartáveis e 120 de toalhas higiênicas. Os absorventes foram arrecadados em campanhas de doação e as toalhas higiênicas produzidas no curso de costura para mulheres em situação de vulnerabilidade social.
O material será entregue pela vereadora Aava Santiago, pela coordenadora da Ouvidoria da Mulher, Maria Clara Dunck e pela psicóloga Eva Rosa. Para a vereadora, é preciso assegurar, em especial, a mulheres em situação de vulnerabilidade social, o acesso a insumos necessários ao período menstrual e, dessa forma, garantir dignidade dessas mulheres.
“Infelizmente, o absorvente ainda é considerado item de segunda importância no Brasil., justamente por ser usado por mulheres e meninas. Dente todas as violações de Direitos Humanos no sistema penitenciário brasileiro, as mulheres privadas de liberdade ainda sofrem com a falta de produtos de higiene, e por vezes, adoecem em razão do problema. A promoção da dignidade menstrual é urgente, em todos os lugares, para todas as meninas e mulheres que precisam”, diz Aava Santiago.
Dignidade Menstrual
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou, em 2022, que mais de 713 mil garotas brasileiras não têm acesso a cuidados como higiene menstrual, isto é, vivem sem banheiro ou chuveiro em casa. Mais de 4 milhões não têm acesso a absorventes, sabonetes e banheiros, nem mesmo nas escolas. Os dados foram divulgados pelo UNFPA, em Brasília, durante o Fórum de Discussão sobre Dignidade Menstrual, evento que contou com a participação da vereadora Aava Santiago.
Em presídios, por sua vez, 25% das presas não têm acesso a um kit de higiene menstrual, conforme indica o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Assim, utilizam tecidos velhos, jornais, papel higiênico e até miolo de pão. Itens que podem gerar infecções e doenças graves.
“Um triste retrato da nossa realidade, seja pela falta de acesso a banheiros, saneamento básico, protetores menstruais ou informação. Já fizemos a entrega de mais de 10 mil absorventes em presídios e em ações junto à população em situação de vulnerabilidade, e vamos continuar”, comenta Maria Clara Dunck, coordenadora da Ouvidoria da Mulher, da Câmara Municipal.