A escritora francesa Annie Ernaux, de 82 anos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2022. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira, 6, pela Academia Sueca, em Estocolmo. Ao conceder o prêmio, a Academia justificou que a escolha ocorreu “pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal.”

Annie Ernaux é uma das convidadas para Flip, a Feira Literária Internacional de Paraty, deste ano. A feira começa no dia 23 de novembro e tem na programação a realização da mesa da mesa Diamanto Rubro, que deve contar com Ernaux e Veronica Stigger, no dia 26 de novembro.

A francesa é considerada pioneira no estilo da autoficção, literatura que narra histórias autobiográficas ao mesmo tempo em que provoca reflexões sobre o contexto social em que foram escritas. O estilo tem ganhado cada vez mais espaço pelo mundo e ganha o reconhecimento, por meio de Ernaux, com a entrega do prêmio.

Sua estreia na literatura começou em 1974, com “Les Armoires Vides”, mas o reconhecimento internacional só veio em 2008, após a publicação de “Os Anos”. O trabalho lhe rendeu o prêmio Renaudot e também foi reconhecido pela Academia, que apontou o livro como “seu projeto mais ambicioso, que lhe deu uma reputação internacional e uma série de seguidores e discípulos.”

Ernaux também é autora de “O Acontecimento”, que ganhou adaptação para os cinemas. Dirigido pela francesa Audrey Diwan, o filme foi premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza. A obra narra um aborto ilegal feito pela francesa quando era jovem universitária, expondo o sentimento de abandono da personagem que precisa passar por um dos momentos mais difíceis da vida, numa mistura de culpa e libertação.

Annie é a primeira mulher francesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Segundo a agência de notícias Reuters, a escritora disse que vencer era “uma responsabilidade”. Antes dela, apenas 17 mulheres levaram o Nobel de Literatura, desde 1901.

Além de Annie Ernaux, as apostas para o Nobel de 2022 indicavam outros candidatos ao prêmio, como o queniano Ngugi wa Thiong’o, a canadense Anne Carson, o japonês Haruki Murakami, o francês Michel Houellebecq e o anglo-indiano Salman Rushdie. Além desses, já recorrentes nas listas anuais, outros nomes que despontam como novidades nas apostas são o da guadalupense Maryse Condé e da americana Jamaica Kincaid.