O cantor e compositor e Chico Buarque, de 78 anos, receberá nesta segunda-feira, 24, o prêmio Camões, a premiação mais importante da literatura portuguesa, em Sintra, Portugal. Inicialmente, ele receberia o reconhecimento em 2019, mas atrasou por conta da pandemia da Covid-19 e a recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar a documentação necessária. Agora, o artista será um dos mais de 30 agraciados pela condecoração.

Com quatro anos de espera, Buarque, que é apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarou que a recusa do ex-chefe de Estado seria uma nova vitória. “A não assinatura de Bolsonaro no diploma é, para mim, um segundo prêmio Camões”, disse o cantor. O atual governante também deverá estar presente na cerimônia realizada no Palácio Nacional de Queluz.

Com quase 80 anos de vida, o artista brasileiro acumula contribuições culturais em diversas áreas. Por exemplo, a novela “Fazenda Modelo” na sua estreia como escritor, em 1974. Nos anos seguintes publicou livros como “Chapeuzinho Amarelo” (1979), “Estorvo” (1991), “Leite Derramado” (2009) e “Irmão Alemão” (2014). Além de peças de teatro como “Roda Viva” (1968) e “Ópera do Malandro” (1978).

Prêmio Camões

Criado em 1988, o objetivo do prêmio Camões é homenagear os autores que contribuíram para o enriquecimento da literatura e cultura em língua portuguesa. A cada ano um júri de seis membros, incluindo dos brasileiros, escolhe um novo homenageado. Além do reconhecimento, o selecionado ainda recebe € 100 mil (R$ 558 mil em conversão), sendo metade proveniente da Fundação Biblioteca Nacional e a outra metade paga pelo governo português.

A premiação também é uma homenagem ao poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580), um dos maiores escritores da língua portuguesa e figura importante da literatura mundial. Apelidado de “Olho de Vidro”, após perder um dos olhos quando servia como soldado em campanha militares, Camões é reconhecido por ideias humanistas, além do lado literário. A sua principal obra foi a obra épica “Os Luisíadas”.