Publicar livros virou moda entre políticos brasileiros. Mas nem todo título merece espaço na estante, alguns são tão rasos, autoindulgentes ou mal escritos que não servem nem como peso de papel. A seguir, listamos obras de figuras políticas recentes que decepcionaram em conteúdo, estilo ou relevância.

Esses títulos mostram que nem todo político é escritor, e nem todo livro é feito para ser lido. Em muitos casos, são tentativas de justificar erros, reforçar narrativas ou manter relevância. O resultado? Obras que envelhecem mal, acumulam poeira e não resistem à leitura crítica.

Se você procura ideias, honestidade e profundidade, talvez seja melhor buscar autores que não estejam em campanha.

1. “Projeto Nacional: O Dever da Esperança” – Ciro Gomes

Ciro Gomes tentou condensar seu plano de governo em um livro lançado em 2020. A promessa era de uma reflexão profunda sobre os problemas do Brasil. O resultado? Um texto excessivamente técnico, com pouca empatia e muita autoconfiança. Para quem esperava uma obra acessível e inspiradora, o livro soa como um PowerPoint estendido, sem alma, sem ritmo, e com ideias que já circulavam em suas entrevistas.

“Projeto Nacional: O Dever da Esperança” – Ciro Gomes

2. “Revolução Laura” – Manuela D’Ávila

Manuela D’Ávila, ex-deputada federal e candidata à vice-presidência em 2018, escreveu este livro misturando maternidade e política. Embora o tema seja relevante, o texto é marcado por sentimentalismo excessivo e pouca profundidade analítica. A obra tenta ser feminista e militante, mas acaba sendo mais um diário pessoal do que uma reflexão política estruturada.

“Revolução Laura” – Manuela D’Ávila

3. “A Verdade Vencerá” – Lula

Embora seja uma entrevista e não um livro tradicional, esta obra de 2018 tenta apresentar a versão de Lula sobre sua prisão e os bastidores da Lava Jato. O problema? É panfletária, repetitiva e pouco aberta ao contraditório. Para quem busca entender os erros e acertos do ex-presidente, o livro oferece mais defesa do que reflexão.

“A Verdade Vencerá” – Lula

4. “Elementos de Direito Constitucional” – Michel Temer

Apesar de Michel Temer possuir sólida formação jurídica, esta obra acadêmica revela-se datada e pouco conectada com os dilemas políticos enfrentados por seu autor. A ironia de sua inclusão reside no contraste entre o conteúdo técnico do livro e a condução de seu governo, marcada por crises e controvérsias. Fora do escopo estritamente jurídico, o texto carece da profundidade e da franqueza que se espera de uma figura pública relevante, funcionando mais como uma tentativa de validação intelectual do que como reflexão crítica sobre o poder.

“Elementos de Direito Constitucional” – Michel Temer

5. “Contra o Sistema da Corrupção” – Sergio Moro

A obra se apresenta como uma autobiografia e relato da Operação Lava Jato, mas é frequentemente interpretada como um exercício de autojustificação. Em vez de oferecer uma análise equilibrada, o livro adota uma narrativa unilateral que se desgasta frente às críticas jornalísticas e jurídicas. O texto parece mais voltado à manutenção da imagem pública do autor e à preparação de terreno para futuras ambições políticas, do que ao esclarecimento honesto dos fatos.

“Contra o Sistema da Corrupção” – Sergio Moro

6. “A política econômica brasileira no período 2019-2022” – Paulo Guedes e Adolfo Sachsida

Vendido como um balanço técnico das ações econômicas do governo Bolsonaro, o livro se apoia em gráficos, jargões e justificativas que pouco dialogam com o cotidiano da população. A narrativa tenta pintar um retrato de sucesso, mas ignora os efeitos sociais das medidas adotadas. Em vez de uma análise plural, o texto funciona como um memorial de gestão, onde os autores se colocam como protagonistas virtuosos de uma história que muitos ainda contestam.

“A política econômica brasileira no período 2019-2022” – Paulo Guedes e Adolfo Sachsida

7. “Sem Atalho” – João Amoêdo

Amoêdo narra sua trajetória até a política com foco na meritocracia e no empreendedorismo. O texto, porém, parece mais um currículo estendido do que uma reflexão sobre o Brasil. A visão liberal é apresentada sem nuances, e o tom de autocelebração cansa rápido.

“Sem Atalho” – João Amoêdo

Bônus. Tchau, querida: o diário do impeachment, de Eduardo Cunha – Eduardo Cunha

O livro é amplamente criticado por sua abordagem parcial e autojustificativa, na qual o autor tenta se posicionar como protagonista virtuoso do processo que derrubou a presidente Dilma Rousseff. A narrativa carece de profundidade analítica e se concentra em relatos pessoais que ignoram os impactos institucionais e sociais do impeachment, além de minimizar as acusações de corrupção que pesam contra ele. O estilo é considerado pouco envolvente, e a obra soa mais como uma tentativa de reabilitação política do que como uma contribuição séria ao debate histórico.

Tchau, querida: o diário do impeachment, de Eduardo Cunha – Eduardo Cunha

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