Rua do Lazer em Goiânia sofre com vandalismo e com comércio desocupado
08 setembro 2023 às 12h18


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Fundada em 1977, a Rua do Lazer, no centro de Goiânia, deixou de ser um local atraente para os comerciantes para se tornar um espaço repleto de pichações, lixo, imóveis desocupados e castigados pelo tempo. O Jornal Opção visitou a rua nesta sexta-feira, 8, que já chegou a contar com grandes lojas e até cinema.
Ao andar pelo local, responsável por abrigar mais de 30 estabelecimentos, o repórter se deparou com pelo menos 14 lojas aparentemente desocupadas, sendo que grande parte tinha placas anunciando o espaço para aluguel. A depredação dos espaços também é visível, fazendo com que a revitalização realizada há quatro anos pelo então prefeito Iris Rezende (MDB) não passasse de uma lembrança.
Os estabelecimentos que ainda residem no local variam de óticas, a uma companhia de teatro, uma loja de aparelhos celulares, uma loja de produtos naturais e duas igrejas. Havia ainda uma varejista de calçados, que desocupou uma das lojas no dia 1º de julho, conforme comunicado estampado na frente do estabelecimento.
“Penso que são muitos fatores [que levaram ao abandono de lojas], como o fenômeno das vendas on-line. O tempo que passamos em pandemia pode, também, contribuir para que o comerciante tenha desanimado. Além disso, a ausência do poder público na manutenção dos espaços públicos e o aumento das pessoas em situação de rua tornam o lugar hostil para quem tem que conviver no centro”, explica a professora doutora em Geografia, Maria Ester de Souza.
Maria afirma que a o alto custo do aluguel das lojas (por volta de R$ mil), aliada a onda de furtos na região central de capital é outro fator que distancia não só os comerciantes, mas também os clientes da Rua do Lazer.
“Moro aqui do lado e poderia ser uma alternativa de lazer e serviços. Entretanto, não há estrutura mínima de iluminação, não há novidades, não há limpeza, coisa que shoppings apresentam todos os dias. Ela [Rua do Lazer] nunca perdeu a visibilidade, apenas ficou de aboleta como modelo de uso pela falta de atenção do poder público. A prefeitura não investe no centro ou em Campinas, investe em áreas nobres. Essas maquiagens duram pouco”, disse.


Mudança foi aos poucos
Trabalhando na região há mais de 30 anos, o vendedor e comprador de ouro, Juvenal da Silva de Luca, de 48 anos, viu a Rua do Lazer mudar aos poucos. Ele diz que o local, antes cheio de vida, era palco de ações culturais, mas que aos poucos foi perdendo o brilho e dando lugar ao vandalismo e à criminalidade.
“Olha um prédio desse aqui abandonado, vem o povo da rua e invade. É um prejuízo muito grande. Veio acontecendo aos pouquinhos. Aqui era para ter muita coisa, mas o pessoal vem abandonando as lojas tudo. Falta interesse público”.
“Tinha, várias lojas de roupas, artesanato. Precisa ter algum evento, uma programação para chamar atenção das pessoas para a Rua do Lazer. Infelizmente, o prefeito deixou de olhar para o centro. Tem apenas uma senhora da prefeitura que cuida aqui. Falta uma força maior”, reforçou a vendedora de uma das óticas do local, Aurinone Felipe.


Furtos incomodam
O vendedor de uma loja de celulares, Erik Santos, de 25 anos, conta que a falta de policiamento na região tem feito com que o número de furtos na Rua do Lazer dispare. Segundo ele, é comum os comércios do local serem alvos de usuários de drogas.
O jovem afirma ainda que a polícia aparece na rua apenas quando é acionada por algum comerciante que foi furtado. Caso contrário, as forças de segurança pública raramente são vistas na região.
“A região está abandonada. A gente vê muitos moradores de rua, noia. A insegurança é muito grande, acho que esse é um dos motivos dos lojistas estarem saindo daqui. A nossa vizinha fechou há uns dois meses, por exemplo. Aqui a sempre fica alguém aqui na porta para evitar sermos furtados”, concluiu.


Em nota, a Prefeitura de Goiânia informou que o projeto de qualificação do Centro de Goiânia está em fase de desenvolvimento e estudo de impacto. A gestão do município afirmou ainda que a Companhia de Urbanização de Goiânia prepara uma ação de limpeza na Rua do Lazer. Veja nota completa:
“Em relação Centro de Goiânia, a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) esclarece que o projeto de qualificação do Centro de Goiânia está em fase de desenvolvimento e estudo de impacto, e observa diversos fatores como: infraestrutura e serviços; regime urbanístico e Legislação; fomento econômico; mobilidade urbana; desenvolvimento, cultura e esporte; valorização do patrimônio histórico-cultural; segurança e fiscalização. A expectativa é que o programa seja lançado ainda neste segundo semestre.
Sobre a limpeza do local, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) prepara uma ação de limpeza, que será realizada nos próximos dias.
Sobre a fiscalização, A Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) informa que realiza ações de fiscalização em toda a capital com o objetivo de coibir o comércio irregular (informal) de mercadorias e produtos e a ocupação do passeio público, conforme determina o Código de Posturas do Município.
As ações de fiscalização tem, inicialmente, o objetivo de orientar desses ambulantes sobre a irregularidade. A apreensão de mercadorias e produtos tem sido realizada somente em casos de desobediência à determinação para suspensão da atividade e desocupação do passeio e vias públicas.
Em relação às pessoas em situação de rua, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) informa Equipes responsáveis pelo acolhimento de pessoas em situação de rua fazem ronda diariamente, durante 24 horas, por todos os setores de Goiânia em que há concentração dessa população; inclusive, no Setor Central.
As equipes prestam assistência nos quesitos alimentação, vestimentas, providência de documentos pessoais, assistência jurídica, quando há necessidade; encaminhamento a vagas de emprego e aos Centros de Acolhimento, desde que a pessoa queira ser encaminhada a esses abrigos.
A Sedhs ressalta que não se pode obrigar o cidadão a sair da situação de rua, já que ele tem, assegurado pela Constituição, direito de ir e vir. O acolhimento em abrigos só é possível quando o cidadão se dispõe a ir, de livre e espontânea vontade. Os abrigos estão prontos para receber as pessoas em situação de rua. A comunidade pode informar a respeito de pessoas em situação de rua por meio do aplicativo Prefeitura 24h, ou do telefone (62) 3524-2690″.