Fazenda usada para exploração sexual de mulheres é reocupada por famílias do MST
24 julho 2023 às 08h56
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Conhecida por ter sido usada para a exploração sexual de mulheres, a Fazenda São Lukas, em Hidrolândia (GO), começou a ser reocupada nesta segunda-feira, 24, por 600 famílias lideradas por mulheres sem terra. O objetivo é implantar projeto agro-ecológico de produção de alimentos sem agrotóxicos no local, dando continuidade a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra iniciada no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
A ação, além de denunciar a violência contra as mulheres, também tem como objetivo colocar a reforma agrária na pauta de discussão da sociedade e do Estado brasileiro, como uma alternativa de combate à fome, ao desemprego e à desigualdade social. Em Goiás, por exemplo, cerca de 3 mil famílias ligadas ao Movimento Sem Terra (MST) esperam pela criação de novos assentamentos.
A expectativa é que a assinatura do termo de transferência de domínio do terreno seja a primeira de uma série de outras ações para implementar a reforma agrária em Goiás, beneficiando, assim, as pessoas que não tem onde morar. O termo de transferência de domínio do imóvel rural foi feito pela União, sendo assinado no dia 23 de junho de 2023 pelos responsáveis da Superintendência do Patrimônio da União em Goiás (SPU-GO) e Superintendência Regional do Incra em Goiás.
Exploração sexual
A área ocupada pelas mulheres do MST integra o patrimônio da União desde 2016. Mas, antes, a propriedade pertencia a um grupo criminoso, condenado, em 2009, pelos crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas. O grupo criminoso era composto, segundo a Polícia Federal (PF), por 18 pessoas que utilizavam o local para dezenas de mulheres, sendo que grande parte eram adolescentes. As vítimas eram traficadas para a Suíça e submetidas à exploração sexual no país estrangeiro.
O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade. Segundo a investigação da PF na época, a própria fazenda foi adquirida com dinheiro oriundo do tráfico humano. Membros da quadrilha chegaram a estar na lista de Difusão Vermelha da Interpol para foragidos internacionais.