O Pombo não voou e invalidou o gol do Vinicius Jr.; Casemiro salvou a seleção

28 novembro 2022 às 15h06

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Iúri Rincon Godinho
Especial para o Jornal Opção
Assisto o jogo incomodado. Na estreia do Brasil descobri que o vizinho grita gol primeiro e acaba com a emoção, a surpresa. Vejo pela Globoplay, a imagem chega 30 segundos atrasada. Foguetes espoucam enquanto aqui o Brasil ronda a grande área. Quem vê pela antena vê primeiro. O mundo sequencia o DNA mas não fica livre da antena de TV.
Jogo uma da tarde é o pior dos mundos. De manhã desconcentra o trabalho. E mata a tarde. Meu humor, percebo, não é dos melhores.
Com a arquibancada toda amarela, penso que o brasileiro tem mais grana pra ir à Copa do que o torcedor da Suíça. O locutor viu uma bandeira do Vila Nova, a maior e mais apaixonada torcida goiana. O Vila também parece, assim, mais rico que o Goiás.
Quinze primeiros minutos de um jogo chato. O Brasil respeitando o adversário, quase reverente. Toca daqui, toca dali, volta, repete. Por isso que os Estados Unidos não têm paciência com o soccer e preferem a pancadaria organizada do futebol americano.
Só aos 26 Vini Jr. leva perigo ao gol suíço. Ninguém chuta, ninguém arrisca, ninguém dribla.
A chuva lá fora foi mais emocionante do que o primeiro tempo.

Deve ser a idade: não consigo acompanhar tanto jogador que entra e sai, agora que são permitidas cinco substituições. Só sei que para o Brasil, no início do segundo tempo, nada mudou. A Suíça até se animou. O pombo não voou. Pelo contrário, invalidou o gol do Vinicius Jr., em um raro momento no qual o Brasil se aproveitou do desarranjo da defesa suíça.
Deu pena do desavisado que soltou foguete na rua enquanto o gol era anulado.
Mas o outro valeu. Casemiro é a cara do Brasil. Educado, fala baixinho, pausado, o capitão, o escolhido para a coletiva de imprensa, o que elogia os companheiros e que usa a bunda do adversário para desviar a bola e fazer o gol.
Mas sejamos honestos. O Brasil depende, sim, de Neymar. Sem ele pode até ganhar mas é um time desprovido de cérebro e, a julgar por hoje, de talento.
Ganhar da Suíça só de um? Tem de melhorar muito pra ser campeão.