Desde antes de começar a Copa do Mundo, França e Argentina eram destaques nas casas de apostas para faturar o título. Num consenso internacional, as duas seleções só ficavam atrás do Brasil – descanse em paz – no favoritismo. Agora, a confiança entre os hermanos sulamericanos e os atuais campeões está dividida, especialmente pela presença dos líderes das duas gerações.

De um lado, os franceses apostam na força de Mbappé que, aos 23 anos, busca o segundo título mundial consecutivo. Para isso, ele conta com um elenco de destaque que vem executando um trabalho exemplar em todos os setores. No ataque, o jovem destaque do PSG tem a companhia de Giroud, Griezmann e Dembélé, que também não deixam nada a desejar e ajudam a produzir e pressionar, dando ainda mais liberdade ao talento de Mbappé.

Se decidirmos voltar até a linha de defesa, destaque para os irmãos Hernandez – que brigam por vaga entre si – e, é claro, para o goleiro Lloris.

A verdade é que caberia um momento de exaltação para praticamente todos os craques franceses, ou ao menos para os titulares. Essa talvez seja a principal diferença e vantagem por parte da seleção francesa. A Argentina tem Messi. Para mim, já há anos é o maior de todos os tempos. Messi, no entanto, é só um.

É claro que dizer “só um” quando se fala do talento de um gênio, é menosprezar sua capacidade. É justamente por jogar totalmente em função desse talento que a Argentina chegou até aqui. Também é justamente por ter tido um início terrível – com derrota surpreendente e ainda inacreditável para a Arábia Saudita – que o time conseguiu se refazer e se encontrar. Desde então, vimos atuações de destaque para nomes da nova geração argentina.

Assim como Mbappé tem um rol de craques que favorece seu jogo, a Argentina de Messi encontrou valor nos talentos dos jovens Enzo Fernández e Julián Álvarez, de 21 e 22 anos, respectivamente. Resta saber se os jovens craques serão capazes de combater um elenco motivado pela sequência do título mundial. O feito foi conquistado somente pela Itália (em 1934 e 1938) e pelo Brasil (em 1958 e 1962).

O elenco da França é maior e é melhor. São os favoritos ao tricampeonato, em jogo para as duas seleções. No jargão, o que impede de cravar a vitória dos europeus é uma variante do tradicional “o futebol é uma caixinha de surpresas”, mas com um tempero argentino especiel: Messi é uma caixinha de surpresas.