Rebelião na Rússia: Lula evita comentar sobre motim de mercenários contra Putin

24 junho 2023 às 10h55

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não responder diretamente às perguntas sobre a situação de crise na Rússia, descrevendo os incidentes como uma “chamada rebelião”.
Durante uma coletiva de imprensa realizada em Paris, jornalistas brasileiros e franceses fizeram três perguntas distintas sobre o motim armado contra o presidente Vladimir Putin. No entanto, Lula reiterou sua decisão de não oferecer, pelo menos no momento, sua opinião a respeito.
“Não tenho as informações necessárias para falar” , disse. “Seria chutar de forma precipitada. Prefiro não falar”, pontuou. Lula também deixou claro que não tinha conhecimento sobre a extensão exata da crise. “Vou conversar com muita gente sobre essa chamada rebelião”, afirmou. Além disso, o presidente também disse que seria “precipitado fazer juízo de valores”.
O presidente expressou lamentação pelo fato de que, atualmente, tanto os russos quanto os ucranianos acreditam que podem alcançar a vitória na guerra, no âmbito militar. “Eu sou contra a guerra. Quero paz. Condenamos invasão. Mas isso não implica que eu vou ficar fomentando a guerra. Por enquanto, eles não querem sentar para discutir, por achar que podem ganhar” , afirmou.
No entanto, segundo Lula, haverá um momento para negociar e interlocutores serão inevitáveis. O presidente deixou evidente que o Brasil aguardará por essa oportunidade e destacou o crescente debate sobre a guerra em diversos fóruns e encontros bilaterais. Lula também deu uma alfinetada no governo de Joe Biden. “Tem muita gente brigando pela paz. Espero que logo os Estados Unidos queiram encontrar a paz. Vai ser mais fácil”, opinou.
Neste sábado, 24, o assessor especial da presidência, Celso Amorim, partirá rumo à Dinamarca para participar de um encontro com potências ocidentais e emergentes, com o objetivo de discutir a situação na Ucrânia e abordar a perspectiva de uma solução diplomática.
Em relação à postura da Europa, mesmo diante de provocações, o presidente brasileiro optou por adotar um tom mais conciliador em relação aos europeus. Anteriormente, ele havia criticado as potências ocidentais por incentivarem a guerra, um comentário que gerou indignação na Europa e gerou uma série de artigos contrários ao presidente brasileiro.
Lula afirmou que não se sente incomodado quando um europeu tem uma opinião diferente da sua. “Eles estão no centro da guerra. Eu estou a 14 mil quilômetros de distância daqui”, afirmou.
O presidente considera compreensivo que os europeus estejam “mais apreensivos” devido ao impacto que o conflito lhes causa. Lula usou a mesma lógica para descrever seu encontro com Emmanuel Macron, presidente da França. “Eu sei o que ele pensa e ele sabe o que eu penso. Ele está perto do campo de batalha”, respondeu.
De acordo com a análise de Lula, “mesmo aqueles que são a favor da guerra desejam a paz”. No entanto, ele ressalta que a conquista da paz só será possível quando ucranianos e russos estiverem dispostos a iniciar um estudo. “Vou esperar”, garantiu.