Geert Wilders é o candidato do populismo nas eleições holandesas. Entenda este fenômeno global

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Enquanto os Estados Unidos estão entre os países com a maior número de obesos do mundo, a Holanda é o único membro da União Europeia cuja taxa de obesidade não deve subir nos próximos 15 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa diferença fica clara ao compararmos Donald Trump e Geert Wilders. Fora isso, ambos são extremamente parecidos – e as semelhanças vão muito além do topete.

Eleições gerais acontecem hoje na Holanda e Wilders concorre ao cargo de primeiro-ministro como líder do Partido para a Liberdade (PVV). Durante a campanha, ele adotou um discurso contrário aos imigrantes e à União Europeia. Em outras palavras, o “Trump magro” quer “devolver a Holanda para os holandeses”, tornando-a “grande novamente”.

Wilders se encaixa perfeitamente na concepção de descrença em políticos tradicionais, isto é, o antipolítico. Além de Trump, Marine Le Pen, na França, e Rodrigo Duterte, nas Filipinas, são exemplos desse fenômeno mundial. Duterte chegou a xingar o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e fazer gestos obscenos a ele em público. O povo gosta disso – o índice de popularidade do presidente filipino é altíssimo.

Na Espanha, os dois principais partidos, PP e PSOE, estão perdendo espaço para os novatos Ciudadanos, de direita, e Podemos, de esquerda. Este último foi fundado em 2014 e, hoje, já é o segundo mais popular do país. Na Itália, o Movimento 5 Estrelas (M5S) elegeu prefeitas em Roma e Turim, mas mesmo assim se recusa a ser chamado de partido político.

A definição do M5S, de se posicionar contra o sistema vigente, é a que melhor se adequa a este momento, deixando claro que a análise não deve se limitar à dicotomia esquerda-direita, não importando, assim, a posição no espectro político. Afinal de contas, o que vale, agora, é ser antissistema.

Em relação ao Brasil, notou-se algo nesse sentido nos pleitos municipais do ano passado. As eleições de Alexandre Kalil e João Dória em Belo Horizonte e São Paulo, respectivamente, não deixam mentir. Contudo, o alto número de abstenções e votos nulos ou brancos tenha sido talvez ainda mais significativo.

De volta à Holanda, a tendência é que Wilders não vença, uma vez que a monarquia parlamentarista fragmentada do país europeu deve forçar uma coalização partidária a fim de que se tenha maioria para governar. E praticamente todos os outros partidos na disputa já disseram que não se aliarão ao PVV.

A Holanda, que aluga suas cadeias para outros países devido à pouca quantidade de detentos, cresce a um ritmo de 1,6% ao ano e possui uma taxa de desemprego de 6%, números considerados bons. Dessa forma, o atual primeiro-ministro, Mark Rutte, aparece como favorito, mas ainda há espaço para surpresas, como o jovem ambientalista Jesse Klaver, de 30 anos, além, obviamente, do próprio Wilders. A única certeza é a de que, independentemente de quem se eleja, as ideias populistas ganharam espaço e já são vencedoras.