Eleição na França comprova, em partes, falência da política tradicional
26 abril 2017 às 09h44

COMPARTILHAR
Dois partidos mais tradicionais da França, Socialista e Republicano, ficaram fora do 2º turno das eleições presidenciais. Mas o candidato centrista do movimento “Em Marcha!” ainda é representativo do sistema

Havia uma grande expectativa pelo resultado do primeiro turno da eleição presidencial na França, realizada no último domingo (23/04). As pesquisas apontavam um empate quádruplo. Emmanuel Macron (Em Marcha!) saiu vencedor com 23,75% dos votos e enfrentará Marine Le Pen (Frente Nacional), que obteve 21,53%. François Fillon (Os Republicanos) e Jean-Luc Melenchon (A França Insubmissa) ficaram em terceiro e quarto com 19,91% e 19,64%, respectivamente.
O representante do Partido Socialista, do presidente François Hollande, terminou em quinto. Benoît Hamon atraiu apenas 6,35% do eleitorado em um claro sinal da insatisfação popular com o atual governo. Os Socialistas, ao lado dos Republicanos, representam, historicamente, a política tradicional francesa, mas, desta vez, estão fora do pleito final.
[relacionadas artigos=”89486″]
Como mencionado em um recente artigo nesta coluna, a onda antipolítica é um movimento global. Dos EUA de Donald Trump às Filipinas de Rodrigo Duterte, passando pela Espanha, com os recém-criados partidos Podemos e Ciudadanos, e pela Itália, com o Movimento 5 Estrelas cada vez mais forte. Agora, pode ser a vez da França.
Marine Le Pen se apresenta contra o sistema e Emmanuel Macron faz parte dele. Apesar de concorrer à presidência por um partido criado no ano passado, Macron é ex-integrante do Partido Socialista e já serviu como Ministro da Economia. Alguns o chamam de Hollande 2.0. Outros, como Pepe Escobar em sua análise no Asia Times, de Emmanuel Clinton, tendo como adversária Marine Le Trump.
Segundo os principais institutos de pesquisa, Macron é favorito para ganhar no segundo turno. Tido como centrista, deve conseguir angariar votos tanto da centro-direita quanto da centro-esquerda, haja vista que François Fillon e François Hollande já declararam apoio a ele. Se vencer, haverá uma manutenção do status quo.
Já se Le Pen sair vitoriosa — e se, de fato, cumprir suas promessas de campanha –, a França deve sair da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), além de estabelecer uma política migratória rígida, causando, assim, uma reviravolta na comunidade internacional, que agora aguarda com uma expectativa maior ainda o dia 7 de maio, data do segundo turno.