Juscelino Kubitschek era um presidente que amava a cultura. Caso raro

16 agosto 2020 às 00h00

COMPARTILHAR
Quando o maestro e compositor Villa-Lobos foi internado, JK, ao ser avisado pelo diplomata Paschoal Carlos Magno, correu para o hospital

Há alguns anos, tive a oportunidade de entrevistar o embaixador Paschoal Carlos Magno (1906-1980), que era grande articulador cultural, principalmente do teatro. Ele deu o nome de “Paulo Francis” a Franz Paul Trannin da Matta Heilborn. Antes de ser jornalista, Paulo Francis foi ator e, depois, crítico de teatro.
Já idoso, Paschoal Carlos Magno estava em Goiânia e conversei com ele no antigo Hotel Bandeirante. Ele contou-me que morava no bairro carioca de Santa Tereza. Certa manhã foi avisado bem cedo de que o maestro Heitor Villa-Lobos havia passado mal e fora hospitalizado.

Paschoal apanhou o bonde, transporte muito usado no Rio na época, e desceu em frente ao Palácio do Catete. Forçou a barra, rompendo dificuldades dos assessores, e chegou ao gabinete presidencial para falar com o presidente Juscelino Kubitschek, a quem informou sobre a internação de Villa-Lobos.
Juscelino Kubitschek chamou um assessor e determinou que os despachos e audiências programados para a manhã fossem transferidos para a tarde. Pediu ao embaixador que o acompanhasse e foi ao hospital onde estava Villa-Lobos. JK tinha muito amor à cultura (seu chefe de imprensa era o escritor Autran Dourado). Fato semelhante certamente não aconteceria hoje.