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Ao lado de Fernando Pessoa, a poeta, por sua poesia e por ter vivido tão pouco, se tornou uma figura lendária

Florbela Espanca (batizada como Flor Bela Lobo) foi uma grande e sofrida poeta portuguesa. Nascida em dezembro de 1894, morreu com apenas 36 anos, em 1930. Teve três casamentos, o que era raro, na época. Há um poema de sua autoria no qual exprime o que é ser poeta.

Florbela Espanca: poeta portuguesa que viveu apenas 36 anos | Foto: Reprodução

No livro “Florbela Espanca” (Guimarães Editores, 221 páginas), a escritora Agustina Bessa-Luís sublinha que “Florbela não é uma poesia romântica; as suas angústias são problemas lógicos. (…) Em Florbela, encontramos a fantasia desbordante do inconsciente, destinada a debilitar a importância do objeto para obter uma supervalorização do sujeito. (…) Aos 8 anos já escreve versos”. Num verso, ela escreve: “Quem disser que se pode amar alguém/ durante a vida toda é porque mente!”.

Ser poeta

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda gente!