A estrada de ferro que desenvolveu Goiás e a falta de trens de alta velocidade

23 maio 2021 às 00h00

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É uma pena que o modal ferroviário não tenha adquirido importância no Brasil e que não tenhamos hoje trens com a alta velocidade dos europeus
Os trens de alta velocidade europeus que circulam a Alemanha, na Inglaterra, na França, na Espanha e na Bélgica desenvolvem velocidade cruzeiro de 320 quilômetros por hora. Isso significa que, entre Goiânia e São Paulo, fariam o percurso em apenas três horas.
Volte-se atrás no tempo. A velocidade média dos trens da antiga Estrada de Ferro Goiás, cujo maior desempenho ocorreu nas décadas de 1920, 1930 e 1940, era de apenas 28 quilômetros por hora.
Na época a grafia de Goiás era Goyaz.
Havia muitas baldeações, mas, sem descontar o tempo delas, se gastava, por exemplo, entre Anápolis e São Paulo, cerca de 30 horas.
Não obstante essa velocidade tão baixa, a Estrada de Ferro Goiás, cuja sede era Araguari, Minas Gerais, até ser mudada para Goiânia quando foi dirigida por Mauro Borges Teixeira, contribuiu de modo extraordinário para o progresso goiano. Não transportava só passageiros. Levava carga importante, como o arroz goiano para outros Estados e o café para exportação, via porto de Santos.
Previa-se uma continuidade da Estrada de Ferro Goiás até a antiga capital, a Cidade de Goiás, mas, como a obra era muito lenta, isso nunca acabou ocorrendo.
A região goiana cortada pela Estrada de Ferro tornou-se a mais desenvolvida de Goiás — e Anápolis ganhou grande impulso quando, a partir de 1935, passou a ser servida por ela.
A Estrada de Ferro fixou-se, portanto, como um fator de desenvolvimento econômico muito importante para o Estado. É uma pena que o modal ferroviário não tenha adquirido importância no Brasil e que não tenhamos hoje trens com a alta velocidade dos europeus.