Por Abílio Wolney Aires Neto*

Um Dicionário histórico-biográfico da Cidade de Ana, organizado pelas escritoras Elaine Maria Machado e Natalina Fernandes da Cunha, que ainda na primeira infância se tornaram anapolinas por cidadania para hoje comporem, elas mesmas, a galeria de importantes e reconhecidas escritoras da cidade que homenageia Sant’Ana e sua devota de mesmo nome.

Alguém já disse que:

As biografias são livros que se encontram em algum lugar entre a não ficção e os romances. Em tese, elas descrevem a vida de uma pessoa real de maneira fiel e precisa. Mas, para que a leitura seja interessante, não basta apenas listar os fatos.

As autoras organizaram a gênese dos autores da história literária, intelectual e cultural da manchester goiana, num traçado narrativo que não só informa como cativa o leitor:

É nesse ponto que a biografia se assemelha ao romance. A história pode não ser inventada, mas a perspectiva sob a qual ela é contada contém a visão única e inspirada de quem a escreve.

Uma boa biografia surge com a mesma motivação de um livro de ficção. Ou seja, é uma ideia apaixonada que vêm à mente do escritor e é concretizada em palavras. E, para que um leitor se interesse pela biografia, o escritor deve se interessar pela pessoa que protagoniza essa história.

Essa é a diferença entre a biografia e um livro de história. O que torna a biografia interessante não são apenas os eventos descritos de maneira neutra, mas também os sentimentos e motivações por trás deles.

As organizadoras desdobram com biografias interessantes de mulheres e homens, que no tempo protagonizaram e escreveram os capítulos da história da cidade mais importante do Estado depois da Capital e que são tão ricas e nos dão o prazer de ler, pois “a história do mundo nada mais é que a biografia dos grandes homens” como dizia Carlyle.

Pessoas importantes, cuja vida ou modo de ver foram tão ricos a ponto de despertar em cada um de nós o prazer de pesquisar e conhecer, até porque se destacaram pelas pegadas que deixaram no caminho em momentos específicos no qual aconteceram eventos grandiosos no roteiro da história local dentro no século em que existiram ou ainda estão.

Um trabalho bio-bibliográfico exige muita pesquisa e visitas a instituições de ensino, bibliotecas e museus, além da leitura de artigos, livros a par de entrevistas, que no todo compõem um plano de fundo real com a profundidade das duas pesquisadoras goianas.

Basta lembrar que Elaine Machado ocupa a cadeira 26 da Academia Anapolina de Letras – ANALE e integra a ULA e a União Brasileira de Escritores – Seção Goiás, sendo sócia-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Estado, com participação em diversas ontologias e autora de quase uma dezena de livros importantes.

Já Natalina Fernandes tem marcado a sua trajetória não só como escritora e poetisa, mas como atriz em roteiros de filmes regionais, além de se destacar, dentre os fundadores, como a principal organizadora na criação da Academia Anapolina de Letras -ANALE, onde ocupa a cadeira de número 1 por seu mérito de primeira Presidente da Casa beletrista, sendo hoje Presidente da União Literária Anapolina – ULA e Presidente da AFLAG – Academia Feminina (Estadual) de Letras e Artes de Goiás, na Capital do Estado, onde tem assento na Cadeira 14, cuja patronesse é Goiandira do Couto. É gradurada em Letras e Mestre em Gestão do Patrimônio. A sua obra literária já ultrapassa os 15 livros publicados.

 Com senso de pesquisa, muita paixão, um pouco de suspense e tudo o mais que compõe uma boa narrativa, as autoras escreveram e transcreveram belas biografias de vultos anapolinos no campo das letras como Aydée Jayme, que nos trouxe a Certidão de Nascimento do município em seu livro Anápolis, Sua Vida, Seu Povo, que dá notícia do topônimo Anápolis, tal qual está na edição do jornal “Lavoura & Comércio”: Em 1904, num artigo publicado no jornal “LAVOURA & COMÉRCIO”, de Uberaba, Minas Gerais, o jornalista Moisés Augusto de Santana, usou pela primeira vez, carinhosamente, a palavra Cidade de Ana ANÁPOLIS nome que lhe foi sugerido e a outros ANTENSES, inclusive no Plenário da Câmara na cidade de Goyaz, pelo então Deputado Estadual Abílio Wolney, quando de sua passagem por Santana das Antas, na campanha para Deputado Federal, em 1900.¹

 Cabe a todos os anapolinos natos e por cidadania escreverem o segundo centenário da Cidade de Ana.


¹O nome agradou de tal forma que a Lei n.º 320, de 31 de julho de 1907, assinada pelo Presidente do Estado de Goiás, Miguel da Rocha Lima, rezou em seu único artigo: ‘A Vila de Santana de Antas fica elevada à categoria de cidade, com a denominação de Anápolis, revogadas as disposições em contrário”. (Zoroastro Artiaga, História de Goyaz, Goiânia, 1945). Nota: Exatamente a mesma edição do referido Jornal foi parcialmente transcrita por Aydée Jayme em seu livro Anápolis, Sua Vida, Seu Povo e consta na íntegra no livro A Cidade de Ana – Anápolis deste prefaciador.

*Abilio Wolney Aires Neto é Juiz de Direito, Professor, Autor de 15 livros e graduando em Filosofia e em História. Acadêmico de Jornalismo e Mestre em Direito e Relações Internacionais. Titular da Cadeira 2 da ANALE, Cadeira 23 do IHGG, Cadeira 26 do ICEBE, Cadeira 36 da AGnl. Cadeira 7 da ALETRAS. Cadeira 2 da ADL e Membro da ULA, UBE e Gabinete Litterário Goyano.