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José PX Silveira Jr.

Parabéns ao Jornal Opção pelo editorial “Reforma de Marconi quer Estado mais útil pra sociedade. Cerebraço é mais inteligente do que bundaço” (edição 2054). O texto é um passeio sobre diferentes visões de governança para chegar ao exemplo mais vigoroso da atualidade, que é a reforma proposta por Marconi Perillo. O governador goiano se antecipou ao que deve ser uma tendência nacional, sobretudo tendo em vista a magra expectativa de mais um governo federal petista. Na área da cultura, que sigo de perto, podemos tecer uma narrativa tanto real quanto fortemente simbólica para outros setores: a saída de Marta Suplicy [ex-ministra da pasta, deixou o cargo no início do mês] fez o Brasil acordar para o fato de que ficamos 12 anos com a gestão cultural no Brasil derrapando na mesma trilha, com idas e vindas, avanços anulados por recuos. Derrapar nem seria tanto o problema, já que o esforço de acertar é sempre bem visto. O problema é que não se sabe que trilha é essa. As atualizações dos ministros Gilberto Gil, os esforços de Juca Ferreira, as reticências de Ana Buarque e o mergulho de Marta Suplicy, convenhamos, nos embrulharam neste 12 anos de “viva a cultura”, cujos principais legados foram antagonismos e vaidades. A paralisia da reformulação dos benefícios fiscais (Lei Rouanet), as prioridades invertidas nos investimentos diretos (Fundo Nacional de Cultura), os editais segmentados e etnocentrados, tudo parece caso de esquizofrenia oficial, em que se aponta para lá e para cá, sem saber onde está o alvo.

O vale-cultura, saudado como a panaceia da década, gorou e ninguém sabe onde está. A criação do Sistema Nacional de Cultura (SNC) forçou os Estados a criarem suas secretarias de Cultura, pois, caso contrário, não estariam aptos aos repasses financeiros. E que repasses foram estes? Estados, como o de Goiás — que transformou sua Agência de Cultura em secretaria em 2012 —, se alinharam, mas não viram avanços nas contrapartidas e agora, como propõe o governador Marconi, é hora de buscar novos caminhos, libertar-se das amarras e expectativas frustrantes para se lançar na “gestão necessária”. Creio que Goiás pode dar exemplos criativos e fascinantes. Podemos fazer aqui “a melhor gestão cultural do Brasil”, como quer Marconi nesta e em outras áreas. É claro que, para que isso aconteça, é preciso mostrar não as ancas, mas os neurônios.

E-mail: [email protected]

“Um Editorial que deve servir para ampla discussão”

Jales Naves

Parabéns ao Jornal Opção pelo Editorial. Como sempre, uma lição, pa­ra leitores e administradores. Ao situar a proposta de reforma administrativa que o governador Marconi Perillo encaminhou à Assembleia Legislativa do Estado nos modelos da moderna gestão pública, de redução de custos para ter mais recursos para investir, o jornal oferece uma nova visão de governantes que ousam e promovem mudanças importantes, que se refletem na vida dos cidadãos. Um Editorial para ser lido e servir para ampla discussão sobre o papel do Estado e sua relação com a economia.

Jales Naves é jornalista.

“Da necessidade surge o necessário”

Abadia Lima 

Editorial muito esclarecedor. Precisamos mesmo analisar com cuidado o que se passa no Brasil, o desmantelamento da política econômica brasileira e o significado do Estado ne­cessário de Marconi Perillo. Uma reforma como a enviada pelo governador à Assembleia pode significar mais um salto rumo ao desenvolvimento econômico de Goiás e de seus mais de 6 milhões de habitantes. É preciso muita coragem e sabedoria para lançar mão de uma profunda reforma, que pode inclusive desagradar a alguns. Mas da necessidade é que surge o necessário. E Marconi sabe disso.

Abadia Lima é jornalista.

“Admiro a coragem política, mas discordo”

Miguel Ivan Lacerda 

Discordo desse modelo de Estado mínimo [referido no editorial do Jornal Opção] como propulsor do desenvolvimento, mas admiro a coragem política de pôr em prática o que se acredita (e bom timing político). Acho que os economistas da inovação, diferentemente do artigo, iriam discordar dessa redução estatal. Concordo em parte com Edmund Phelps, do livro “Mass Flourishing”, que sustenta ser preciso promover “uma cultura protetora e inspiradora da individualidade, imaginação, compreensão e autoexpressão que propulsione a inovação nativa de uma nação” ou Estado. Essa filosofia reducionista do papel do governo, de que apenas por meio de uma total reforma (corte) de suas instituições o dinamismo poderá ser recuperado, simplifica as políticas anticíclicas e podem ter um efeito perverso na prosperidade futura. Mas acredito que o efeito no PIB em Goiás vai ser positivo não por causa da reforma (que eu acho negativa), mas por causa do ajuste cambial, que vai favorecer commodities e por causa do problema da seca em 2015, que vai valorizar os produtos produzidos em Goiás. Entretanto, os efeitos distributivos desse crescimento não serão sentidos pela população, por causa do desmonte das instituições repassadores da política distributiva. Se o problema é fiscal, o impacto de uma redução dos subsídios a grandes empresas do Estado seria melhor — o mesmo serve para o governo federal.

Miguel Ivan Lacerda é economista e ex-secretário nacional de Irrigação do Ministério da Integração Nacional.

“Necessitamos mudar a rota sem perder o leme”

Dolly Soares

Parabéns pelo Editorial. Sei que necessitamos mudar a rota, mas não podemos perder o leme. Tenho medo de propostas de mudanças elaboradas por cabeças brilhantes, poucas mãos e que brotam da noite para o dia. Em plena democracia, o diálogo passou longe. Como diz uma grande amiga, “assistimos a noite escura do silêncio e do desrespeito deixar de ser lenço, para se arvorar em cobertor. Indignação e muitíssima preocupação, pois moramos em um Estado em que valores estamentais querem sacramentar a desigualdade de gêneros e minimizar as lutas por igualdade de gênero, raça e opção sexual”. Acredito que está reengenharia não dará liga , os novos mesmos ainda não tomaram Biotônico Fontoura.

Dolly Soares é diretora financeira do Centro de Valorização da Mulher (Cevam).