O discurso assistencialista e com forte apelo nas políticas públicas sociais se tornou um dos pilares exclusivos do pensamento mais à esquerda. O processo histórico dos governos petistas na esfera federal e a repetição desta experiência nos estados e nas cidades, no Brasil pós-Lula, criou esta reserva ideológica. Porém, experiências de gestão mais recentes mostram que a aposta na criação de uma rede de proteção social e até mesmo na prática do assistencialismo está longe de ser exclusividade. E, agora, a tendência é que a predominância destes votos também mude e amplie o leque ideológico, não sendo mais uma reserva petista.

Ao quebrar uma sequência de dois governos petistas de Antônio Gomide e João Gomes em Anápolis, a gestão Roberto Naves (Progressistas) logo deu resposta à dúvida de como seria sua atuação no Social. E foi aí que surgiu a figura que, hoje, lança-se em um projeto político: Vivian Naves (Progressistas).

É que a primeira-dama, hoje candidata a deputada estadual, foi quem assumiu a dianteira na criação de projetos sociais estratégicos para a gestão Roberto Naves. Ao criar o Voluntário de Coração, que organiza ações que já estão no calendário municipal como o Natal de Coração e o Arraiana, Vivian ganhou protagonismo em uma área de extrema importância para os projetos voltados à esquerda: a manutenção e ampliação de uma rede de proteção e apoio social na cidade.

Quando veio a Covid-19, as ações precisaram ser intensificadas e muitos cronistas políticos avaliam que foi justamente o trabalho social desenvolvido pela Prefeitura, com Vivian à frente de cada um deles, é que garantiu uma significativa e histórica vitória de Naves sobre Gomide em 2020.

Vivian Naves tem profunda penetração política e amplo diálogo com setores organizados das comunidades carentes da cidade, principalmente os chamados “residenciais”, conjuntos de moradias populares que sempre deram ampla votação para candidatos petistas mas que, desde 2020, deram sinais de que podem firmar uma nova aliança política.

Vivian traz a legitimidade que outro concorrente a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) também tem. Antônio Gomide foi prefeito na cidade e desenvolveu políticas públicas inclusivas, mas todos veem que a primeira-dama está longe de ser uma estreante que caiu de paraquedas na pauta. Ao contrário: vem desde 2017 intensificando esta agenda e aprofundando a sua experiência neste debate.

Os indícios de 2020 dão conta de que o discurso social não é mais uma exclusividade petista em Anápolis e, com forte concorrência, pode haver a redefinição de uma nova referência para as urnas em outubro próximo.